segunda-feira, 26 de abril de 2010

- Alô?

ele me liga como um grito de socorro. desespero talvez.
- será que ela foi embora mesmo?
é um movimento quase que obssessivo. essa coisa de querer ouvir a voz já me passou pela cabeça. uma necessidade de saber se a pessoa do outro lado da linha ta viva e bem. sei lá, eu sempre sinto pelo tom da voz. mas eu me segurei. sempre pensei no desgaste que seria pra ele, no tu tu tu de toda vez que eu desligasse sem falar. e no meu desgaste de ouvir e sentir cada vez mais saudade.
pra mim sempre teve que ser perto. essa coisa de manter distância do que se ama não existe aqui dentro. eu gosto, eu quero. ponto. qual é a função de manter o amor longe de mim? sempre soube muito bem o que quis. pelo menos no quesito sentimento, sempre fui muito bem resolvida.
e daí eu lembro da intensidade minha diante das coisas todas. nos 304 "andrés" que escrevi pro menino da carteira ao lado, na 3ª série. e da minha cara de pau, falando que tinha alguém que gostava dele, morena, cabelinho channel e tênis preto. e eu era a única da sala assim.
eu tenho esse jeito peculiar de não sentir medo quando eu me apaixono. nem quando eu caio de cara no chão. nenhum sofrimento me fez ter medo de continuar. de seguir em frente.

e, então, "ver" ele lá do outro lado da linha, respirando mais fundo toda vez que eu falo "alô"... me entristece. porque eu fiquei o tempo todo esperando ele chegar. eu fiquei aqui, intacta, esperando... com borboletas no estômago e faltas de ar.
e agora quem sente a falta de ar é ele. e nem é uma falta de ar boa. sabe?
um comportamento perturbador. pesado.

eu fui embora, meu amor. tu tu tu...