sábado, 29 de maio de 2010

desabafo.

tem toda uma conseqüência de fatos gritando aqui dentro. o trabalho agora é descobrir o que é tudo isso misturado. a perda do amor é como um TCC. você tem todo um projeto planejado dentro da sua cabeça. introdução, objetivo, método, pesquisa de campo e conclusão. no meu TCC ainda encontro referências bicliográficas das mais variadas. é um projeto complexo, principalmente a conclusão do todo. concluir algo que não se quer é bem delicado.
teria a vida uma pós-graduação, mestrado e doutorado? me sinto doutora. não da vida toda. mas do amor. tenho a impressão de que minha proposta teórica e prática é das melhores. mas ninguém entende. ninguém parece ter interesse em ler a respeito. sinto um zero como nota final. e então eu penso se não sei nada sobre o tema ou se o mundo que não tem interesse no assunto.
o amor não parece ser primordial aí fora. e os leigos não parecem querer saber sobre um assunto que não fazem questão de usar.
e eu lembro de Clarice, morrendo de amores por aí. e de tantos outros, indo embora tão cedo, com certificados enterrados. junto deles.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

med(o.e)idas.

o coração grita no peito que a medida é errada. a razão passa por cima, dizendo que a decisão é certa.
nessas horas o que eu mais precisava é de um mediador dessa relação doentia que acontece aqui dentro. media logo esse conflito e entra num acordo. a sensação que tudo isso me causa é de uma possível explosão. - você vai explodir a qualquer momento, eu penso.

enlouquecer de amor é possível. curto circuito que de curto nada tem. é o circuito mais longo da minha vida que me faz quase entrar em parafuso.
que tipo de sentimento é esse que se destrói? desconheço. e compreendo. ou tento. porque compreender é qualquer tranquilizante pra alma. pra dor. e, se não compreendo, finjo que tudo faz sentido. porque é assim que tem que ser.

amar sozinha é a coisa mais difícil do mundo. principalmente quando é amor de verdade. e um pouco pior que amar sozinha é achar que o amor é recíproco quando não é. a porrada é certeira e derruba qualquer resquício de felicidade. eu não sou feliz. agora. eu só achava que era. eu só me enganei. eu só fui enganada. amar sozinha é impotência pura, como qualquer coisa que vem do amor. o amor tem como sinônimo isso: impotência. essa falta de controle que sempre foi tão difícil pra mim, existe. e quando eu aprendi que não controlo nada e resolvi entrar na montanha russa que essa vida é, caí de cara no chão.

como lidar com o ponto final antes de você? você deixando de fazer parte da minha história? meu coração grita desesperadamente -É IMPOSSÍVEL! IMPOSSÍVEL! e cada vez que se debate aqui dentro eu perco o ar. são mais de três batidas por segundo e eu simplesmente acho que vou morrer. e eu merecia morrer um pouco, é isso que eu penso. eu merecia esse momento de paz. sem gritos, sem desespero, sem você. pisar no meu próprio coração, pra amassar essa dor e colocar a razão no lugar, pedindo dois cérebros de uma vez só. é isso que preciso. dois cerebelos, dois lóbulos frontais. mais mil neurônios pra poder queimar sem ter seqüela alguma.

mas eu esqueço que sempre fica a seqüela. a seqüela de perder você pra sempre. a seqüela de um amor jogado fora.
parte do meu coração.
necrosado.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

gaveta.

O que de fato é o amor?
Eu não sei dizer. Mesmo. Eu só sei sentir. E, no amor...

No amor você espera que a pessoa que você ama te dê parte daquilo que você precisa.

O que eu preciso?
Eu preciso de carinho. Preciso de segurança. Sei que ninguém pode me dar 100% de segurança. Afinal, quando temos 100% de alguma coisa, que não nossa? Tudo o que vem de fora tem sua parcela de incertezas. Mas o que eu preciso é a segurança de um sentimento vindo de você. Eu preciso saber que você tem um pingo de certeza aí dentro de que é comigo que você quer ficar. E que nada nem ninguém vai mudar o que você sente aí dentro. Eu preciso de mãos dadas. E de olhos nos olhos. Eu preciso de um alô. Da sua preocupação comigo. Da sua saudade de mim. Real. Não preciso de tantas palavras. As palavras são perdidas pela brisa do dia-a-dia. Mas os gestos, mínimos que sejam, ficam guardados aqui dentro do meu coração.

Tem uma gaveta inteira que eu reservei só pra você. E ela continua vazia. Um ano e meio de gaveta vazia. Você colocou e tirou todas as coisas. Não deixou nenhuma lembrança significante de um sentimento real. E eu permaneci com ela aqui, guardada pra você, ocupando mil outros espaços pra novas gavetas. É a tal esperança que a gente tem de que a pessoa que a gente mais ama vai voltar.

Eu me acostumei a ficar sem você durante todo esse tempo. E a gaveta emperrou aqui no peito. Não abria, não fazia barulho... e eu esqueci. Fui inventando novas formas de viver sem esperar qualquer nova possibilidade. Me contentando momentaneamente com as novas possibilidades de gavetas. Mas nenhuma se encaixou ao certo no meu peito. O molde sempre era outro. E meu coração, duro, não dava nenhuma abertura diferente. O molde tinha que ser igual ao seu. E de igual, a gente sabe que nada existe. E era você. Sempre foi sua essa gaveta.

Mas o que eu não quero enxergar, ou talvez não quisesse - porque sinto que vejo tudo meio claro demais, hoje - é que quem não se encaixa nisso tudo é você. Cada vez que volta, vem em um formato diferente. E, como eu disse, meu coração, duro, só aceita o primeiro formato teu. Compreende? Então você se achega, tenta entrar aqui dentro, machuca tudo por aqui, desiste e vai embora. Se recompõe, chega num novo formato, e tudo se repete.

Você não sabe que cada tentativa de encaixe machuca toda a lateral do espaço que guardei pra você. E que, diferente de você, nada aqui se recompõe, nada aqui se transforma. Fica marcado. E cada vez mais duro, pra tentar não doer da próxima vez.

Você é mole e flexível. E, se alguém acha que você não tem um molde bom, você resolve se adaptar. E se adapta a tudo, menos ao meu molde, menos ao meu coração.

O que é amor? Não sei dizer o que é, mas sei dizer o que, de fato, não é. E essas tentativas todas, infelizmente não são nem resquícios do amor de verdade. Nem resquícios de uma possibilidade de eu conseguir uma gaveta aí dentro de você, pra mim. Porque, quando a gente ama, não sei por qual motivo ao certo, a gente tenta de todas as formas um encaixe. E, se na minha gaveta não dá pra entrar, você vai lá e abre uma pra eu tentar.

Mas não há abertura. Não há tentativas entregues, inteiras.
Só há desistências consecutivas.

E, eu não sei o que é amor... mas isso... isso não é.