quarta-feira, 2 de novembro de 2011

ciclo.

a gente sente. desiste. re-acende o sentimento. reprime. sofre calado. dá alguns gritos pra aliviar toda a pressão que o corpo sente. somatiza. sara as dores. esquece. lembra. dói de novo. deprime. surta. some. sente saudade. volta. finge. explode. chora. passa. sorri. anima. relembra. entristece. adoece. não dorme. pira. pega o celular. lê as mensagens. escreve uma. não manda. guarda. abstrai. bebe. encontra o celular. e as mensagens. sufoca. o pulmão. o sentimento. atua. interpreta. cansa. dorme. acorda.

e parece não ter fim.
daqui. dali.

sábado, 17 de setembro de 2011

desconexo.

ela olha pro mundo esperando a resposta pra uma pergunta que nem ela sabe qual é.
o mundo ignora.
não há tempo a se perder com alguém que precisa entender tudo o tempo todo.
se algo não dá certo, o mundo vira as costas e tenta em outra esquina.
ela não. ela quer saber o que exatamente não deu certo. o que precisa mudar.
o mundo acha que não precisa mudar nada.
ela acha que precisa mudar tudo. nela.
ela muda.
não adianta.
o mundo permanece igual.
virando as costas.
calado.
ela, sozinha.
sem respostas.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

quereres.

eu queria dizer que acho tudo isso um bocado errado. errado o que eu fiz. errado o que você faz. errado esse sentimento todo que me é indecifrácvel e eu não sei verbalizar, tampouco lidar. queria dizer que a gente não escolhe o momento de chegar e de partir. quer dizer, escolhe. com a cabeça mesmo, dá pra escolher. mas eu também queria dizer que eu sou só coração. full time. e que eu sofro todos os milésimos de segundos por ser assim. e você nem faz ideia quanto.
queria dizer que eu estou absolutamente cansada de sentir a mesma coisa exatamente todos os dias e todas as vezes. e ouvir o mesmo discurso de todas as pessoas. e ter que aceitar da mesma forma e não poder jogar tudo pro alto e sair correndo no meio da rua esperando ser atropelada pelo primeiro carro que for só pra parar de sentir dor.
queria dizer que eu tenho um medo absurdo de falar as coisas que eu penso e que sinto com medo de amanhã não sentir mais. eu também oscilo o tempo todo e isso você já deve saber. mas que, mesmo com esse medo horroroso que me maltrata, eu te amaria com todo o meu amor no dia de hoje. sem saber como seria o dia de amanhã pra mim e pra você. queria dizer tudo isso desse jeito torto mesmo e sem vírgulas só pra não perder a coragem de falar tudo isso agora.
queria que você me visse como eu sou e não como você acha que eu devo ser. ou então como você tem tanta certeza que eu seja. queria ser mais humana um pouco. pro mundo mesmo, esse mundo de amor onde todo mundo parece me achar intocável. esse medo do toque e do receio de querer me fazer feliz e não conseguir. se é que alguém quer. se é que você quer.
eu queria saber exatamente o que você quer ou acha que quer ou não faz ideia do que quer. mas eu só queria ouvir desse lado o tamanho do tudo ou do nada. pra poder ter um pouco de chão pra pisar.
eu queria dizer também que você precisa aprender a ser um pouco mais centrado e pensar nas coisas que são ditas por mim. sem levar como ofensa ou como frieza. queria que você também enxergasse a impossibilidade de um laço além do nosso hoje. impossibilidade porque há excessos em ambos os lados, a falta de ar e a ligação inexplicável que evapora qualquer vínculo de amizade e só. pelo menos por ora. e que isso vem muito mais do seu jeito de agir comigo, por algum motivo só seu que inclusive eu não sei.
queria dizer que eu não sei ficar brava com você e ao mesmo tempo tenho tido uma facilidade de querer te odiar a todo instante. querer. queria que você não me causasse mais isso, mas não parece possível.
queria voltar lá atrás e fazer as coisas diferentes e ser menos cega e ser menos burra e ser menos insistente.
queria poder dizer que acredito no amor como acreditava antes, mas não seria sincera. queria nem estar escrevendo isso, mas precisava.
precisava também dizer que te amo de alguma forma estranha que não sei como nem quando nem porquê. mas que agora me parece sincero.
só queria.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

...

nunca mais.
li um texto da Ju ontem sobre isso. o arrepio que dá quando você ouve essas duas palavras e, então, percebe que não estão tão distantes.

eu não sei amar. sou um poço de excessos, transbordando sentimentos e palavras e atitudes. esperando que quem eu amo recepcione tudo isso, esse aglomerado de informações, e me acolha. reaja positivamente. aceite, diga que também me ama e que ta tudo bem. felizes para sempre. mas, não. eu sou pesada. peso uma tonelada pros outros. eu e meu amor. chego com ele nos braços, com uma leveza que é só minha. e, quando entrego nas mãos do Outro, ele cai. esmagado. sufocando. asfixiado.

e vai embora. sai correndo, apavorado e não me explica porquê. e, desolada, pego a tonelada no chão, leve novamente em minhas mãos, cabeça baixa. e vou embora pro meu lugar comum. o 'nunca mais'.

nunca mais amor.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

o erro.

escolhas.
são sempre elas que me atordoam. e é sempre o 'não-saber' a hora de ficar e ir embora. cessar todas as expectativas, o que é real, o que é fantasia. a projeção. ou as várias.
olhar pros lados e não ter quem abraçar. faz tempo.
permanecer interpretando a calmaria. reprimir o desejo de explodir e falar todas as verdades que me parecem tão claras. entender que só são claras pra mim.
aceitar novamente o silêncio. aquele que eu sempre tive pena de usar. pelo sofrimento que causa. mas ninguém tem pena. não de mim. e todos se calam e esperam que eu entenda e parecem não se importar.
esse esteriótipo de um mantra, um poço de calmaria... o esteriótipo que eu mesma criei de mim. defesa, sabe como? receio. falta de paz.
e a escolha, mais uma vez, errada.
auto-flagelação simbólica.
e decidir ir, querendo ficar.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

velho/novo.

Tinha esquecido como era.

As borboletas, pensamentos novos, expectativas, alguns curtos planos. Algumas frustrações.
O aperto no peito que quer gritar. E então, a repressão. Tentar manter o equilíbrio pra não enlouquecer. E esperar. Sempre esperar. Tentar pensar menos, focar no concreto. Cortar as asas e deixar de voar.

Sentimentos novos são sempre súbitos. Intensos. Agudos mesmo. E entrar em contato com eles é sempre um pouco angustiante. Ou muito. Codificá-los, traduzi-los, organizá-los. Medir. Dosar. Decidir pra onde ir. Como ir e porque, finalmente, ir.

D.E.C.I.D.I.R = Racionalizar o que é puramente emoção.

Desaprendi como deve ser.

domingo, 24 de julho de 2011

notícias.

depois de alguns meses, volto.
com alguns daqueles fios soltos, conectados por ora.
outros permanecem desconectados, a procura de qualquer brecha de conexão. não precisa ser a mais potente. só precisa ser cabível.

passei alguns meses um tanto perdida dentro de mim. procurando novos caminhos, insistindo em alguns já conhecidos, levando alguns tombos e pedindo ajuda pra levantar. a amitriptilina me ajudou consideravelmente. inclusive a descobrir que não preciso dela pra voltar a caminhar. eu tenho potencial de sobra pra isso.
enxerguei com novos olhos. um transplante de córnea simbólico. fi-nal-men-te eu percebi o que já não era mais. e o que eu insistia tanto ser. o medo do novo terreno, das armadilhas e dos possíveis tombos. o ponto é que eu aprendi a tombar. e aprendi que não se pode evitar. é necessário.

não mudei. cresci. e paulatinamente, permaneço crescendo. resistindo a algumas mudanças que SEI serem necessárias. mas não estou preparada. permaneço impulsionada por desejos maiores do que minha razão. permaneço tentando quando o mundo diz que NÃO. permaneço acreditando na verdade mais cabível pros momentos meus. plugando os cabos em conexões ruins, causando curtos aqui dentro. conectando fios em instantes únicos.

eu permaneço aqui.
caminhando.
um pouco diferente.
mas com a mesma essência.

domingo, 1 de maio de 2011

caminhão - dela:

vira e mexe lembro do texto mais tocante - pra mim - que a Tati Bernardi já escreveu:



O mundo vê um passinho pra trás. Mas em algum lugar do cosmos, ouve-se um caminhão da Granero frear. Um barulho imenso, desengonçado, batem atrás, cercas arrancadas, quase cai no fim do mundo, móveis baratos despedaçados pela cidade.
O tempo todo me dizendo menos. Menos. Pra aguentar, por favor. Pra ter alguma coisa, qualquer coisa. Duas semanas. Um mês. Menos. Menos dor, menos amor, menos ódio, menos vontade de fazer cortar. De sangrar pra fora pra poder ser menos. Por favor.
Sorria como a moça da mesa ao lado, coloque um montinho de cabelo atrás da orelha, alongue um pouco o pescoço. Seu olhar está perdido porque pra poder estar naquela mesa ela foi matando pouco a pouco sua ferocidade. Mas ela toma chá e sorri. E você? Você mais uma vez vai voltar cheia de razão e sozinha. Cheia de tudo que não esquenta o pé. Cheia das facas enfincadas em volta do coração. Mas pensando “ainda falta o centro, ainda posso dar mais uma chance”.
O tempo todo maquiando o caminhão, para que pareça uma minivan ou qualquer coisa tão desengonçada e apressada quanto, mas mais cabível. Que possa estar na estrada que todo mundo está parado, o eterno trânsito de chegar nesse lugar que a gente acha que é o único porque estão todos lá.
E no meu ouvido, o tempo todo soprando. Esqueça isso, você não cabe, você não combina, a estrada não é feita pra você, você só pesa nela, só atrapalha, só é feio e odiado. É isso, não se desvira caminhão. Se é e pronto. Solitário demais, terrível demais. Mas pro outro lado, está vazio. Tem espaço pra você. A dor de virar um carro família, um carro esporte, um carro compacto. Não aguento mais, não aguento mais querer me refilar, não aguento mais querer mudar a química do meu cérebro, não aguento mais pedir perdão. Não, caminhão, tantos anos tentando, não, você não pode, não consegue, é assim. Do outro lado, uma estrada imensa. O caminho claro, bonito e sem buracos, dos que desistem.
Isso, mais uma vez, mas dessa sem voltar. Você não sabe amar, caminhão. Não pode. Não é feito pra você. Dê meia volta, por favor, sem atropelar, sem matar, sem cair, sem levar ninguém. Na tristeza dura de quem tem tanto tamanho mas não tem força pra suportar. De quem tem tanto tamanho e não consegue por medo em ninguém. De quem precisa tanto de abraço mas é grande demais pra sentir os braços em volta. De quem poderia estraçalhar os carros família mas só sente o peso insuportável de ser minúsculo perto deles.
Claustrofobia, pânico, insuportável. E então, o som, mais uma vez, puxar o freio, largar a mão, dar meia volta. Tchau, meu amor. Olhe quantos carros pequenos. Não queira mais saber dessa grossura destrambelhada que só leva mudanças porque ir embora parece um lugar com mais ar. Se você não pode ver meu coração de carruagem, ou sei lá que carro poético poderíamos imaginar agora, eu também não quero mais ser nenhuma outra coisa.
De todo mundo que eu vi de costas, partindo, foi a vez que mais doeu. Talvez porque um pouco antes, quando eu ainda amava sua nuca e sua eterna mochila nas costas como amei poucas coisas na vida, você se virou, apontou o dedo pra mim, e gritou, com pouco ou nenhum carinho: você é um caminhão! Caminhão! Caminhão!
E eu sei, e eu tentei mais do que nunca, e eu quis mais do que nunca. E eu achei que os caminhões também pudessem ter donos e direções e medalinhas. Você também me usou pra levar sua mudança e voltar vazia das suas coisas é a coisa mais triste que já aconteceu na minha vida.

in-vencível.

nem sempre o resultado de uma escolha é positivo. a gente percebe os desejos todos e então crê que aquilo é certo e escolhe arriscar ou esquivar.

são poucas as vezes que esquivo. normalmente eu me arrisco independente da consequência em mim. o fato é que quando eu sei que a única a sofrer sou eu, consigo enfrentar todos os obstáculos e medos e fantasmas que me perseguem. e então eu dou a cara a bater.

o único problema é que desconto toda a frustração em mim mesma. como se eu merecesse mesmo a derrota. é inconsciente. isso, infelizmente, eu não escolho.

há uma intrínseca e demasiada compreensão do ser humano dentro de mim que não me deixa gritar. acabo oferecendo o ombro pro mundo e perdendo os meus dois braços pra me dar um pouco de abraço.

a gente se abraça o tempo todo. é conforto.

e eu costumo perdê-lo.


eu devia acreditar um pouco mais na minha pele e no meu osso.

e entender o quão humana eu também sou.

domingo, 24 de abril de 2011

e quem disse que ser feliz de novo não assusta?

a felicidade é demasiada assustadora.

domingo, 10 de abril de 2011

eu resolvi abrir as portas pro mundo e o mundo fecha as portas pra mim. é tudo questão do tempo certo, dizem. talvez seja mesmo. quando eu resolvi abrir as portas pro mundo, já era tarde demais. esse mundo diferente de tudo que eu posso ser. é uma luta diária pela sobrevivência sentimental. eu não sei ser diferente do que sou e sempre fui muito clara em relação a isso. eu não quero fazer parte de um jogo regrado de mistérios, egocentrismos, orgulhos bestas taxados como amor próprio. se a falta de amor próprio é ser transparente o suficiente pra colocar as cartas na mesa, sou desprovida de. o ponto é que quando se respeita a si próprio, quando você se entrega, se re-entrega, se disponibiliza, se redime, se expõe por completo ao amor ou a qualquer sentimento semelhante a, você se respeita. e se mostra auto-suficiente para enfrentar qualquer tipo de dor e de sofrimento. e é muito melhor ser assim e usufruir dessa simplicidade toda, do que se esconder dentro do próprio ego. sem interpretar os sinais do outro como fraqueza e sim como respeito próprio, como sinceridade. sem dupla face. se o mundo prefere fechar as portas pra pessoas assim, viro as costas e procuro um outro lugar pra ser com. em essência.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

São Paulo, 4/7/97,

Esta não será uma carta de amor. Digamos que ela seja uma carta-desabafo. Cafona? Exatamente. Cartas ridículas lotam os anais das obras afetivas, aquelas que um dia nos montam de vergonha. Mas eu posso, afinal de contas. Eu, aliás, posso qualquer coisa. Há muito tempo venho me permitindo não mais me preocupar com certos códigos externos de conduta. Como fazer, o que não fazer, pra que fazer. Tudo o que não fiz foi porque não quis, detesto que me ditem regras. Sou geniosa. Sob consulta, diriam: não ligue pra ele, não diga que sofre com esta distância. Só que não suporto o gosto de sapo. Não engulo, sequer aproximo a boca. Não gosto de quem não me trata bem. Sapos, como a maioria dos répteis e razoável parte das pessoas, são gelatinosos, escorregadios; previsíveis em suas estratégias de pulinhos desordenados. Aqueles consultores, os que não tenho, diriam-me na certa: carta-desabafo? Jamais! Nada melhor que o desprezo! Gente, eu matava quem inventou esta pérola da babaquice humana. Se desprezo funciona, para mim, é para eu deixar de gostar de quem se utiliza dele. Não me ligando. Somente para isso. No mais, no máximo, o desprezo me serve como imediato desencanto. Você agiu de propósito? Uma tática Proposta Indecente? Se foi, tsi, péssima solução. Eu, por minha vez, tranqüila - estou calma como... o que é supercalmo?... como uma monja gorda, eremita, no mais alto cume do Tibete -, devo dizer pra você uma coisa: estava tão certa de que uma paixão não deve ser jamais sublimada, já que assim torna-se cancro, que me encontrava disposta a também realizar este mesmo sentimento. Com certeza e força. Com toda a beleza e liberdade. Porque não haverá, nunca, algo que consiga ser maior que a liberdade. Eu fiz tudo pra ser livre, e o meu amor haveria de ser poupado da dor, uma vez que sabe-me livre. Conheceu-me livre. Amou-me por eu ser livre. Mas Santo Expedito agiu rápido, obrigada, Senhor. A graça alcançada? Minha paixão diluiu, mais nenhum telefonema, que não os que sempre me trouxeram amor verdadeiro, duradouro e inigualável. Não há desculpas de "estou ocupadíssimo"; um homem que me tem amor jamais está ocupado demais para falar-me oi.
Carta-desabafo?! Foda-se.


As Pessoas dos Livros - Young

domingo, 20 de fevereiro de 2011

fadada a.

é como o tombo. o auge de um. o ápice da dor do cóccix batendo no concreto.
a idéia firme de algo entorta.
tem o objetivo de uma vida por trás de exatos comportamentos. é subjetividade. a minha requer esforços específicos pro alcance perfeito. ou quase. é questão de acreditar. se deposita uma quantidade extrema de energia no foco e segue-se a reta.
cada um tem um punhado a doar. depende da estrutura que se tem.
o que não se espera é a rasteira. o osso trincado. o tiro no pé.
e então, a desistência.
não é fraqueza, entende? é cansaço.
mil nervos atrofiados se contorcendo de dor. o músculo pede pra parar. e o coração é músculo.
incansáveis definições para um pedaço do músculo que pede arrego.
chega de doer. e de buscar. e de pulsar. e de cansar.
o coração também tem digitais. únicas em seus formatos. maneiras. pulsões.
o problema todo então é ser ensinado a querer um encaixe digital e só conseguir um amor tecnológico. existe um sutil desaforo em se comparar tamanha distinção.
exausta então de construir fantasias nem de longe similares a realidade humana, escolho a cadeira de rodas. me remete menos esforço, nenhum encaixe social e uma dolorosa conclusão:
incapacidade de.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

associação livre:

não sei bem qual palavra usar.
necessidade é um tanto forte. pelo menos do meu ponto de vista.
é chegado um momento que vem do lado de dentro da gente. deixa de ser social. acho. se é que existe essa divisão em algum momento na vida. a real das coisas é que nada de fato é separado depois que se junta. simbolicamente falando. quando a gente agrega X no Y, não tem mais como voltar a ser consoantes separadas. entende como?
o ponto é que: é chegado um momento em que o corpo, e principalmente a mente, cobram um plus da vida. e normalmente a procura é longa e o plus nunca é alcançado. e, quando é, não parece suficiente. os desprazeres e prazeres da vida que Freud tanto questionou, justificou, finalizou nas mil teorias da sexualidade humana chegam a causar uma náusea do caralho em mim.
tem os mil questionamentos sobre a vida que geram o senhor mal-estar que deu nome a uma das obras do famoso psicanalista.
o ser humano nunca está de fato feliz.
a gente busca mil felicidades distintas ao longo da vida e no final das contas não nos resta nada. qual o objetivo da vida, então? a plenitude nunca é alcançada e isso já é um fato. mais fato ainda quando ciente de que se busca o preenchimento das suas falhas no Outro e nada se tem.
a gente tem essa mania filha da puta de achar que o Outro completa e só assim é possível a felicidade. e, quando preenchidos, definitivamente alguma coisa está errada. essa consciência das coisas é tão torturante e eu tenho cada vez mais certeza de que a ignorância é a chave pra real felicidade.
e então, consciente de toda essa auto sabotagem humana, eu tento fugir disso tudo, das padronizações humanas impostas seiláporquem. e continuo vazia. sem saber se de fato a palavra é necessidade ou condicionamento.
é só um desabafo.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

...

"É. Eu achava que, quanto mais escrevesse, quanto mais livros eu fosse capaz de publicar, mais as pessoas me conheceriam. Leriam todas aquelas palavras e diriam: nossa, essa mulher é tão sincera, a sua literatura é tão verdadeira, que eu nunca poderei ser desonesta com ela. Sinceramente achava que, escrevendo, eu poderia conseguir não mais me decepcionar com as pessoas. Porque a decepção, a trivial decepção, tornou-se a vilã detonadora de todas as minhas intrincadas reações patológicas. Não que meus livros sejam fofinhos, deliciosos, puros, happy-ends, do tipo que você imagina o autor sorridente, como um Saint-Exupéry repleto de boas intenções. Não, bem longe disso, eles são reais, e a realidade é dura. Acreditava, porém, piamente, juro, que, se as pessoas vissem esse real através das minhas palavras, não poderiam jamais mentir pra mim. Ou de novo pra mim. Não por qualquer tipo de constrangimento, mas por terem aprendido como é bonito falar a verdade."

As Pessoas dos Livros - Fernanda Young

ela - eu:

"Exagero, não? É, ela é dessa maneira, contaminada pela dramaticidade. Leu e releu a biografia de todos os seus escritores prediletos. Não aceita relações que não sejam eternas, paixões que não sejam profundas, dilemas que não sejam fatais. Casos platônicos devem durar, no mínimo, 40 anos. Só resta a Romeu, morrer, perante a arrebatadora amada, perfeita até na sua impossibilidade."


As Pessoas dos Livros - Fernanda Young

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

a gente tem duas escolhas sempre: entrar em contato ou sair pela tangente.
são sempre essas duas, independente do tema, da felicidade ou da dor.
cada ser humano age de uma maneira singular e específica, por mais que pareça de fato igual. nunca é. nunca são. porque o motivo da ação é distinto. eu tenho a minha subjetividade e é ela que me faz responder conforme preciso ou quero.
precisar e querer.
o problema é sempre esse. distinguir cada momento é sempre tão complexo e nem sempre o autoconhecimento justifica. eu nunca sei quando é necessidade ou quando é desejo. afinal, se eu necessito, é porque em algum momento da minha vida desejei. e, se desejo, em algum momento eu vou necessitar.
paralelo e perpendicular. ando lado a lado ou escolho o toque, o cruzamento? o que me satisfaz mais? o contato ou o caminho? o que cada um me proporcionará?
Niezsctche filosofa sobre niilismos. em um deles - não me lembro qual agora -, ele traz a complexidade humana frente a vida. questiona as escolhas individuais e coletivas, objetivando de maneira clara o resultado do viver dentro de todos nós. se eu pudesse renascer e reviver minha vida, faria tudo exatamente igual? se não, esclarecedora é a infelicidade de. se sim, visível a plenitude é. entretanto, como optar?
escolhas. a gente sempre tem duas. independente de ser ou estar.
o que te faz mais feliz?

sábado, 5 de fevereiro de 2011

de dentro.

o mundo me empurra oportunidades.
cospe todas na minha cara, me incapacitando de boicotá-las.
eu sempre tive a mania de forjar uma cegueira das hipóteses e fatos, como uma forma de me isentar de qualquer responsabilidade sobre o certo.
tenho uma loucura lúcida de desgostar de certezas. e, ao mesmo tempo, anseio diariamente um colo pra deitar. um colo que não se esquive toda vez que eu pedir pra ficar.
quando as certezas me encontram, corro desesperadamente à direção contrária. é uma fobia incontrolável por saber que existe algo e/ou alguém no mundo que queira se encaixar no meu.
afinal de contas, o encaixe comumente é talhado por mim. a gente se acomoda ou então se condiciona muitas vezes a se manter em uma posição nem sempre satisfatória, mas oportuna. e existe um ganho, por mais distante que aparente ser.
e quando todas as certezas se tornam incertas, retiro do âmago um encantamento incomum - comum pra/em mim. passo então a almejar imensuravelmente o que nem de longe é igual. é como uma prova de liderança. de mim pra mim mesma. uma necessidade de provar ao próprio 'eu' a capacidade de transformar o talvez e o não novamente em sim. um narcisismo transformado em desrespeito egóico. algo do tipo.
sempre denominado como alguma forma de amor. pro Outro.
e que, de alguma forma não deixa de ser. me entrego a luta de te ter.
bonito, se não fosse deveras doloroso.

sábado, 29 de janeiro de 2011

nothing at all.

não sei o que esperar.
digo, de mim mesma.

eu tenho uma ansiedade de amor tão imensa e uma disponibilidade do meu 'eu' quase plena.
quase.
tem um pedaço aqui dentro que grita frases desconexas e específicas sobre o sentir. o sentimento, ao mesmo tempo que carente é corajoso o suficiente pra não se encantar com qualquer expectativa do lado de lá.
eu não sei distinguir ao certo se é o cérebro ou o coração que pulsa ardendo quando pensa em uma oportunidade incompleta. tampouco sei justificar o vazio que identifico com facilidade.
eu só compreendo e externo.

ao mesmo tempo que, quando consciente de que o abraço me proporcionará borboletas, o meu cérebro - ou novamente meu coração - pula desesperadamente em direção ao inseguro. independe de qualquer concretude de chão, de base. a minha alma se coloca na frente do carro sem ao menos questionar o funcionamento do freio.
e normalmente é atropelada. machucada. espancada.

toda alma tem plena consciência da flexibilidade do mundo para as escolhas. a minha sempre tem e sempre escolhe a impulsividade. na hora errada. talvez certa. pra mim.

inconseqüentemente, decide se aproximar do ponto de queda mais oportuno.
sem poder esperar absolutamente nada.
nenhuma falta de ar.
do lado de lá.