terça-feira, 25 de novembro de 2014

angústia.

muita coisa vai se perdendo pelo caminho.
parece inevitável.
eu sinto falta de uma paz que eu carregava lá na frente. um sentimento daqueles que a falta de ar remetia ao amor. e um mundo cor de rosa, onde qualquer tragédia evaporava num piscar de olhos: dos seus.
me lembro que o mundo só fazia sentido mesmo, quando você chegava. eu me sentia dentro de um espaço que bastava. o mundo era inteiro ali, e o barulho de fora representava a minha surdez. a surdez de alguém a que só interessava um tom de voz: o seu.

e os toques... é, esses toques de duas mãos que, ao encostarem em mim, traziam o amor pelos dedos. eu sentia a energia transpassando pela ponta de cada um deles, diretamente para a minha pele.

eu sinto falta daquela certeza.

e daquela  crença absoluta de que era pra sempre.

o problema dos contos de fadas são os finais. a gente deseja o infinito e, então, o futuro te derruba com incertezas e a finitude descarada, fazendo caretas.
hoje, incertezas. existe um medo dentro de mim que imediatamente me arma e me esquiva frente a quaisquer ameaças: a falta dos toques, ausência de olhares, silêncio. o não.

é essa distância do conto que eu criei me perde de você.

e longe de ser princesa, me ergo em feridas daquilo que se perdeu pelo caminho.
inevitavelmente.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

princesa.

quando eu te conheci (e não demorou muito pra eu te amar), prometi pra mim mesma que te amaria pelo resto da minha vida. (in)felizmente eu funciono dessa maneira. não sei ser mais ou menos. coisa de signo, talvez. ou de Bruna mesmo. sempre fui "oito ou oitenta", tudo ou nada.

não poderia ser diferente com você.

e eu tenho um jeito de amar que, sinceramente, não sei se é certo ou errado. e, na verdade, não acredito muito nesse discurso cheio de esteriótipos. cada um tem sua maneira de enxergar as coisas, e consequentemente de viver a sua maneira. respeito.

o ponto é que: o meu amor tem que ser pleno. e ele carrega, consigo, as coisas - do meu ponto de vista - essenciais pra que ele permaneça numa constante e, assim, dure "pelo resto da minha vida".
lembro do discurso do pastor do casamento que fomos, e um momento específico em que segurei o choro. foi quando ele dizia das três coisas essenciais dentro de uma relação. e era exatamente o mesmo pensamento que o meu.

eu tenho 27 anos (quase 28), mas acho que sonho de amor não tem idade. eu abri mão há muito tempo do meu conto de fadas. deixei de lado a ideia do sapatinho de cristal depois de levar tanta porrada do amor. mas, dentro de mim, aquela garotinha que espera ser tratada como uma princesa (contemporânea), ainda grita. e eu ainda espero o respeito. ainda espero o buquê de flores numa segunda-feira sem graça. eu ainda espero surpresas bobas sem datas especiais.

eu não quero um beijo do príncipe encantado pra acordar de um sono profundo. eu quero não precisar lembrar que eu mereço ser tratada com muito amor. porque eu sou tudo isso sim. eu sou muito, perto desse mundo de pessoas sem valores. e eu simplesmente não quero ter que diariamente reiterar o óbvio.

você chegou sorrateiro e roubou completamente o meu coração. e isso não é segredo mais pra ninguém. mas, assim como roubou, tem ultimamente amassado com prazer cada pedaço dele, me deixando sangrar toda vez que me trata como o resto.

tem uma cerca elétrica tomando conta de todo o contorno do meu coração.
esperando o momento de eletrocutar novas e futuras tentativas de agressão.

você tem jogado o "resto da minha vida" numa lata de lixo.
e, quando o caminhão passar, não terá devolução.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

bandeira branca.

meus últimos dias foram demasiadamente difíceis. pra se sincera, os últimos quatro meses. você não faz ideia a tortura que é ficar em casa, esperando novas oportunidades. e, enquanto isso, sua cabeça te sabotar e desmoronar pouco a pouco os seus sonhos.

às vezes eu desejo que o o ano retroceda. pra apagar 2014 em sua grande parte. lembro do ano passado e meu coração sente um aperto de saudade. foi quando tudo parecia estar dando certo. eu estava completamente feliz.

eu te conheci.

mas, retomando o pensamento, e concluindo pela impossibilidade do retrocesso, lamento meus últimos 20 dias, aproximadamente. nunca achei que viveria um turbilhão como vivi. e descobri que a gente só sabe o que vai sentir, exatamente quando passa pelo o que eu passei.

e então, eu procuro a calmaria em você. nos seus olhares, nos seus abraços, nos seus carinhos, nos seus beijos... no seu amor. é dessa calmaria que eu preciso. poder confiar todo o meu corpo somente a você. porque, entenda, é só a você (e aos meus pais, claro) que eu confio a minha vida. porque, veja, meu coração é seu. e, sem ele, eu não vivo. nada mais funciona. e eu só preciso que você segure ele com todo cuidado e não deixe ele cair.

ainda estou buscando essa calmaria. porque, apesar do turbilhão ter passado, o meu corpo inteiro ainda não entendeu isso. então ele tem brigado grosseiramente comigo. me atacando as costas, a cabeça, o estômago... e eu não queria mais ataque.

queria pensar no nosso futuro. no "eu aceito", que a gente tanto fala. no tapete até a beira da praia, os nossos pés completamente descalços, as poucas cadeiras com pessoas nos observando, as almofadas gigantes, com velas para iluminar o começo da noite. e nossa casa. nossos cachorros. nossos pés entrelaçados. e a certeza de que fizemos a escolha certa. absolutamente.

enquanto isso, suas mãos nos meus cabelos, sua respiração na minha nuca, seus olhares ligeiros enquanto finge que dorme. e a vontade de nunca mais sair do seu lado na cama.
me traz calmaria, meu amor.

eu amo nossos detalhes.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

deve ser o frio...

... mas, lembro ter ouvido uma vez na Televisão, um pensamento que dizia: "bem aventurados os corações flexíveis, pois eles nunca se partirão".

desde então, sempre relembro essa frase. principalmente quando estou longe de você. achei que seria mais fácil agora. parecia tudo tão certo. essa sua decisão de pôr um fim na nossa história, decisão aceita por mim. nossa conversa pareceu tão esclarecedora, que eu tive a certeza de que ficaria bem.

doce ilusão.

queria ter a facilidade que você tem de encontrar outras pessoas e viver tranquilamente sua vida. cheguei por um momento a associar à idade. mas, depois lembrei que sempre morri de amor(es). nunca consegui - como você - na mesma semana "estar a disposição" de qualquer outra pessoa que fosse. deve ser bom. leve. tranquilo.

eu sempre me sinto pesada. como se eu carregasse nos ombros uma bigorna, que sempre me puxa pra baixo. eu sinto tanto a sua falta.

e estou aqui, diariamente, aguardando por dias melhores.
como os seus.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

30.08.2013 - 24.07.2014: e o infinito.

desligamos há pouco. conversamos como nunca antes. pelo menos não me lembro de qualquer conversa parecida.
sinto um pouco de enjoo, mas acredito que seja normal. tem aquele momento da digestão do luto, que requer algum tempo. vindo de mim, um bom tempo.

divagaria dias contigo ao telefone, não só sobre nós, mas sobre a vida. penso, no entanto, ter falado tudo o que podia antes de ouvir os dois barulhinhos e o silêncio do outro lado da linha.

relendo meus textos do blog, consequentemente relembro as minhas histórias de amor. sempre escrevi pra mim mesma, e poucas vezes divulguei meus textos para os protagonistas das estórias. e, apesar da intensidade das minhas palavras serem bastante similares, os amores nem de longe são.

de todos os amores até hoje vividos, foi contigo que eu mais aprendi. e com quem mais fui "eu". das outras vezes, vesti armaduras fortes, impenetráveis, e criei personagens pra manter o que eu acreditava ser recíproco. ilusão.
foi com a sua reciprocidade, e com o seu amor mais puro, de um garoto que sempre só quis viver, que eu pude ser eu mesma e enfrentar, paulatinamente, todos os meus fantasmas. testei diariamente as minhas inseguranças de um abandono aterrorizante. e me entreguei com uma veracidade e com a maior sinceridade do mundo. me despi, e não só literalmente. despi minha alma. você me ensinou a nunca ter medo de viver, e sempre combater os tabus do mundo quando se tem desejo e amor.

todo mundo sempre me achou "maluca" de dar a cara pra bater, ao enfrentar os outros (principalmente sua família). e eu descobri que, pelo nosso amor, eu enfrentaria o mundo ao seu lado.
meus lados. mostrei todos. alguns não agradaram, e aprendi que também posso desagradar. que não preciso alcançar a inalcançável perfeição.
aprendi a perdoar. deixar de lado o orgulho pra lutar pelo que acredito. e lutei. errando, acertando, sofrendo, sorrindo. lutei até o final.

nossos dias, juntos, foram lindos. separados, atordoantes.
nesses últimos meses, você foi a minha alegria. e também a minha angústia. mas SEMPRE, o meu amor.

obrigada pelas possibilidades. por você entregar quase onze meses da sua juventude a mim. por compartilhar o seu amor e por me deixar te amar. mesmo que com ressalvas e algumas boas defesas.

se eu pudesse voltar no dia 30 de agosto de 2013, faria exatamente a mesma escolha: você.

eu te amo. muito. e isso o tempo não apaga.
...
já sinto a sua falta.

com carinho,
Baby.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

das piores dores do mundo.

talvez um dos casais mais improváveis até pro Papai do Céu. nós dois somos a combinação perfeita dos signos, e isso é um tanto irônico. a gente se encontrou de uma maneira tão improvável, e tudo parecia tão certo. foi com você que eu me senti uma menina de 15 anos se apaixonando pela primeira vez. e foi com você que eu burlei quaisquer regras e éticas, por amor. me lembro como se fosse ontem cada ida à escada de emergência e cada beijo intenso no muro ao lado do Fórum. você me fazia perder o ar e eu ouvia seu coração bater tão forte que receava um ataque cardíaco fulminante.

eu sempre fui viciada em intensidade, e você foi a maior delas, em toda a minha vida. 

eu derrubei cada barreira de cada dedo apontado, atirando julgamentos de uma diferença de idade que nunca teve a menor importância pra nós dois. e eu tinha, no mundo criado na minha cabeça, a absoluta certeza que de todos os homens do mundo, você seria o único a me convencer a entrar na Igreja e repetir o discurso maluco de um padre. 

foi você que eu escolhi pra mostrar pro mundo que amor independe de qualquer coisa. e consegui, vitoriosamente, que as pessoas enxergassem o nosso amor. 
eu tenho dentro de mim duas caixinhas com o seu nome, separadas para guardar o bom e o ruim. e apesar de tudo, a caixinha "ruim" nunca transbordou. mesmo sendo menor, nunca sequer encheu. 

foi você que eu escolhi pra oferecer meu coração, a minha vida, tudo o que é meu. pra acordar pensando e pra dormir pedindo o melhor que o mundo puder oferecer. foi por você que eu perdi o sono e até a fome. e pra quem eu resolvi voltar, por não conseguir imaginar a minha vida sem. 

como cão e gato, a gente late e se arranha, relutando pra deixar um entrar definitivamente na vida do outro. e eu não sei ao certo porquê. defesa, talvez. medo de se perder no mundo um do outro, e não conseguir nunca mais sair. 
acontece que eu me vejo completamente perdida sem você. como alguém que enxergou a vida inteira e, por um incidente da vida, perdeu a visão. 

você foi embora com 50% do meu coração, voltou, e está indo embora com o restante.
eu, com 100% do meu coração nas suas mãos, permaneço em by pass. 


das piores dores do mundo,
seu adeus. 

segunda-feira, 14 de julho de 2014

da maneira mais simples:

era uma vez um casal.
o acaso colocou ambos exatamente no mesmo caminho.
ela, desiludida com o amor. ele, iniciando a prática do sentimento.
alguns anos separando, a priori, duas vidas.

se aproximaram. graças a ela. de alguma forma, ela já sabia. os olhares sutis (mas nem tanto) dele, instigavam. ela queria saber mais. dele. deles, juntos. abriu a porta, ele entrou. e a porta já estava trancada.

acontece que nada é tão fácil quanto parece, e a maneira diferente de ambos enxergarem a vida, prejudicou. ela tão tranquila e tão certa do que queria: ele. ele nada certo do que ela queria: ele. e, no decorrer dos meses, sentimentos de amor e ódio, oscilando como num transtorno bipolar.
no final, mágoa.

e então, eles se separaram. da pior maneira possível. machucaram-se, como puderam. e o vazio. ah, aquele vazio! pior do que a descrição dos textos de Lispector.
como ficar longe de um amor indescritível?

impossível, naquele momento.
resgataram-se. perdão, carinho, beijos e amor.
promessas de mudanças.
nulas.

pessoas tentando invadir o amor fechado a sete chaves.
e ela, apesar de tudo, com a absoluta certeza de que é ele e só. não há ninguém que possa invadir o terreno que ela cercou pra ele ficar. mas ele não entende. simplesmente não compreende. e insiste em achar que ela prefere os outros a ele. e que esse amor que ela demonstra diariamente, não é o suficiente.

e ela, então, começa a compreender que talvez, pra ele, esse amor que é tão único hoje em dia, em um mundo onde as pessoas se descartam e se desrespeitam, talvez não seja realmente tão valoroso pra ele, como ela gostaria que fosse.

e o que ela não queria que tivesse qualquer final, talvez tenha.
e ela aguarda o capítulo dois:

domingo, 6 de julho de 2014

associação livre.9.

difícil não esperar nada quando se tem amor na jogada. parece que cada célula do seu corpo resolve pedir oxigênio exatamente ao mesmo tempo. e então todo corpo foge do controle. desorganiza.

é normal sentir medo de sofrer de novo? me disseram que é. eu me disse que é.

quando a gente "perde" alguém pra outra pessoa, o mundo desaba. você se questiona o que fez de errado. por que não conseguiu fazer o outro feliz. se autodestrói aos poucos. em um primeiro momento.
no segundo seguinte, odeia. por fim, aceita.

e daí, a pessoa volta. e o amor está ali. aparentemente intacto.
só que o resto do corpo começa novamente a exigir oxigênio pra todas as células. dessa vez, insegurança. medo. esquiva. boicote.

tenho a mania de reagir conforme a ação do outro. ou então de acordo com a interpretação que dou à ação do outro. autodefesa emocional. peco às vezes. natural. peço desculpas. espero que aceite.

faz uma semana e três dias. o que somos exatamente? namorados (como agimos), solteiros (como ambos os status do facebook), enamorados (como quando nos beijamos), amantes (como quando transamos)?

frieza. da dificuldade que tenho em lidar com isso.
não faz sentido pra mim.
como amar alguém dentro de um iglu?

prefiro o quentinho de uma fogueira.
só precisava de ajuda.

ajuda?

domingo, 29 de junho de 2014

fragmento:

Aí você faz lá as suas merdas, e deixa a garota por qual você lutou pra ter, ir embora. Olha ao seu redor. O que faz sentido? Uma tequila e duas vodkas? Ou então dois cigarros e uma taça de vinho? Caralho. Vai mesmo deixar a mulher da tua vida passar assim de bandeja? Não vai fazer nada para que ela fique? Ela está indo embora, e não volta. Ela não vai voltar. Me diz, o que faz sentido quando você acorda? Não me diga que são os passarinhos cantando na janela do seu quarto. Vai dizer que você não se sentia feliz ao ver o sorriso dela pela manhã? Vai dizer que o sorriso dela não era o mais bonito que você já viu na vida? Porra. Acorda. Tem muito marmanjo por aí, querendo a garota que te ama. E você aí, deixando ela passar, deixando ela ir embora, deixando ela tomar outro rumo. Pra quem você vai ligar às 00hs e dizer, “faz um pedido?” Pra quem? Pra pizzaria é que não é. Quem vai te fazer feliz? Essas garotas “Corrimão de quartel” que você encontra nessas baladas que você vai? Ou uma loira bem gostosa que fica sempre sentada em frente um bar, procurando um otário pra pagar a conta? Te garanto que feliz ela não vai te fazer, porque a tua felicidade era outra coisa. Tinha outro nome. Outro sorriso. Outro cheiro. A tua felicidade, era tua. (...) E sabe o que você vai dizer depois disso? "Perdi a mulher da minha vida” É, você perdeu.


- Projota

dez meses, menos um.

um comprimido de relaxante muscular pra conseguir dormir na noite que antecede o encontro.
...
27.06.14, 15hs00, estação Carandiru.
comprei um maço de cigarros pra tentar matar asfixiadas todas as borboletas que sentisse no estômago. de longe, boné preto, rayban, camiseta estampada e bermuda branca. ele.
e um iglu entre nós dois.

ele, roendo a unha. eu, apertando os dedos.

depois de apontar o lugar exato, estiquei a canga, tentando encontrar uma posição confortável pra me proteger da bomba que seria jogada bem em cima da minha cabeça. ele, ainda de pé, relutando sentar, como uma garoto levado que fizera algo errado e que, após assumir os erros, sairia correndo pra longe dali.

aos poucos, desarmado, se aproximou. primeiro de costas, depois de lado. paulatinamente, foi olhando pro meu rosto. durão, descreveu os fatos, com a minha ajuda. um tapa simbólico na minha cara. mas, agora, com luva de pelica.
eu já sabia.

relutei para não sentir nada. impossível. afinal, "são nove meses, não nove dias", já dizia ele. oscilei entre querer ir embora, e ficar pra sempre.
andamos.
brincamos.
nos olhamos.
nos provocamos.
e nos beijamos.
...
ele disse que nunca conseguiríamos ser novos conhecidos. mas a verdade é que, naquele exato momento, parecíamos novos apaixonados. como naqueles filmes em que os dois já sabem que se amam, mas ainda não revelaram um ao outro.
e, ali, eu já sabia que, mesmo receando ficar, eu já tinha ficado.

pedi calma. ele aparentou não querer. não disse nada. não insisti.
"amor", "baby", esfihas, músicas, despedida.
...
eu queria ter o poder de apagar as coisas ruins do passado. como naquele filme que indiquei pra ele.
ou então comprar uma máquina do tempo. pra desacelerar a cronologia.

existe um amor dentro de mim, imensurável. ainda.
talvez um pouco mais racional. como se tivessem sobrado exatos dois balões dos onze que a Clarice segurava.
esses dois me mantém viva. e os outros nove, defendida.
mas o amor ainda está aqui.
e eu preciso viver cada centímetro dele, mesmo que isso exija tempo.

aquele que sustenta a calma.
aquela que sustenta a confiança.
essa que sustenta o meu amor.

(não me deixa ir embora nunca mais?)

domingo, 22 de junho de 2014

associação livre8.

1. não sei ao certo porquê.
sexto sentido de mulher sempre funciona, me diziam. levava isso como clichê social.
hoje entendo um tanto diferente.

2. resiliência. sempre gostei dessa palavra. ouvia nas dinâmicas de grupo, quando pediam para que cada um se definisse em uma palavra. a maioria usava essa palavra, enquanto eu usava "calma".
ser resiliente é tão difícil nos tempos de hoje, que quando se definem assim, pouco acredito no Outro. mesmo assim, espero um tanto ansiosa a conduta resiliente de todos. sempre me frustro.

3. eu acredito que todo mundo peca em relacionamentos. defendo a tese de que ninguém erra sozinho. pelo menos quase sempre é assim. considero relevante o perdão. mas somente quando a sinceridade o antecede. como perdoar a mentira? ambos são, assim, imediatamente anulados.

4. ele voltou. depois de tantos tapas na cara consecutivos, já balançando a bandeira da derrota, com tantas lembranças jogadas impulsivamente no lixo, ele resolve voltar. resgatei as sobras de forças aqui dentro do meu peito, misturei com algumas doses de razão e, finalmente, tomei a decisão mais centrada dos últimos tempos: esperar, refletir, sugerir. pra, então, falar.

5. pedi sinceridade. é a única coisa que realmente me faz acreditar em possibilidades. daí o "acreditar em perdão". ele acredita que não sei. e quem não sabe é ele. as provas estão intactas dentro da minha memória fotográfica. lembro das falas, dos risos, registrados em fotos e áudios desse maldito aplicativo. da descrição da melhor amiga, sobre tudo o que foi. das discussões da minha dor entre ela e a namorada. e eu não posso gritar. tenho que engolir seco, como areia e vidro, e aguardar ansiosamente que reste, a ele, a simplicidade e o respeito por mim. e que assuma. eu erro, tu erras, ele erra. nós erramos, vós errais, eles erram.

6. só assim as coisas seriam mais fáceis. e sairiam, então, do ponto morto.

7. tenho uma carteira, uma calça do avesso, algumas blusas, dois edredons e um celular. jogados na cama. estou sentada há exatamente três horas e minhas costas doem. penso no dia de estudo perdido, quando na verdade nada está perdido. ou pelo menos não deveria. lembro do moletom vermelho pelo qual me apaixonei no shopping, pra não ter que lembrar do vazio do coração.

8. é. eu realmente gosto da ideia de a culpa ser das estrelas.

domingo, 8 de junho de 2014

saudade.

já pensei em te escrever uma carta. só pra dizer tudo o que eu quero, desde o dia do fim. te contar a verdade oculta, que não me deixa comer como antigamente. te perguntar o porquê das coisas, pra não ter que dormir diariamente pensando em tudo o que foi. e no que poderia ter sido.

hoje fiz o caminho pra tua casa. e doeu.

por alguns segundos pensei que, se eu estivesse sozinha no carro, teria prosseguido na Avenida Santa Inês, ao invés de ter ido pro outro lado. só pra tocar tua campainha e dizer que não fui embora à toa. olhar nos teus olhos e dizer que, apesar de tudo, é você que eu ainda amo. e que não foi justo o que você fez com a gente.

eu sinto dor todos os dias quando acordo, e espero todos os dias uma notícia sua. são só duas semanas e eu me sinto um ano viúva.
lembro dos nossos planos, tão distantes e ingênuos, mas suficientes pra nós dois.

é de você que ainda lembro, todos os dias, quando acordo.

talvez eu ainda te escreva uma carta.
pra, depois, saborear um banquete.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

décimo dia.

e é nas quartas-feiras que sinto mais tua falta.

nem sei ao certo o porquê. afinal, nada de especial acontecia às quartas-feiras, não é mesmo? a não ser nas últimas semanas, quando planejávamos nossos encontros na cafeteria, às quintas, exatamente às 18hs00.  talvez por ser, então, o dia que precede às quintas, eu sinta tanto a tua falta.

e é do meio da semana pra frente que meu coração se esmaga. ele vai se encolhendo no lado esquerdo do peito, tentando se esconder pra abstrair qualquer ausência sua que possa ocasionar grandes dores aos finais de semana. esses sim, tão esperados.

o sábado principalmente. meu corpo começava a gritar logo cedo, ansiando às 18hs00 dos ponteiros, para eu pegar a chave e correr até você. encontrei caminhos mais fáceis pra chegar no pico desse seu bairro tão sinistro. e chegava, depois de quase uma hora de viagem, tão feliz. era nesse dia que eu grudava meu corpo no teu e esquecia todos os meu problemas, até às 04hs00 da manhã. e quando colocava os pés pra fora da sua garagem, descobria que existia um mundo lá fora.

o domingo... um dia triste. nostalgia da noite anterior, e a certeza de só te encontrar quatro dias depois. o medo das brigas tão constantes por causa da distância tão dolorosa. e então o recomeço de uma semana demasiada extensa.

já se passaram dez dias. só 50% do meu coração bate. dolorido. meu cérebro tem funcionado a 320 volts, tentando compreender diariamente o porquê do nosso fim. o motivo subjacente, aquele que ninguém enxerga. tampouco eu.

minhas epifanias não me servem de consolo. e ao acompanhar o seu imediatismo, meu peito grita.
minha alma ecoa, numa constante, o famoso "e se..." que tanto incomoda a todos. porque, SE nossas decisões tivessem sido diferentes, poderíamos. seríamos ainda "nós".
...
quinta-feira. sol. olhos molhados. olheiras bem marcadas. asas quebradas. balões estourados.
...
e mais um dia sem você.

terça-feira, 3 de junho de 2014

análise de fim de jogo.

foram oito meses e exatos vinte e seis dias. chegados ao fim.
abraços, beijos, cafunés, mãos dadas, cócegas, leveza e muito amor. acabou. é o que fica.

ele demandava meu mundo ao lado dele. vinte cinco horas, porque as vinte e quatro horas do dia eram poucas. ele tinha medo de um abandono que eu relutava em praticar. ele acreditava que eu encontraria homens mais barbudos e melhores e completos. ele se considerava parcial.

eu tinha infinitas defesas. receava o fim, o desinteresse e as novidades de um futuro próximo. preferia, então, vestir a persona que sempre funcionou muito bem: mulher bem resolvida, independente, ativa e completa. afastava. demonstrei tardiamente a menina-mulher permeada por inseguranças. quase as mesmas que as dele. acreditava que ele encontraria meninas perversas, cheias de vida e com pouco a oferecer intelectualmente, e muito a oferecer sexualmente.

lacunas. quando não se consegue preenchê-las dentro de um relacionamento, não vinga. impossibilitada de preencher as horas diárias e maçantes de uma distância aparentemente pequena, e absurdamente infinita, somada às inseguranças de um garoto confuso, ele precisou. era buscando em outras, afinal, que a autoafirmação de um "macho alfa" preencheria tais inseguranças. ao mesmo tempo que perder esse nosso amor continuava a torturá-lo.

mas é que a vida, grande pregadora de peças, colocou em campo quem facilitasse o fim de jogo. aquela que, futuramente,será uma real decepção na vida dele. a quem ele idolatra e se espelha. essa que ele ama, sem de fato ser amado. o grande coringa. mascarado.

ela trouxe à tona as práticas desleais de um garoto inseguro. práticas descritivamente detalhadas por uma cúmplice relatora.

e o ponto final. the end. "perdeu, playboy".

vomitadas as angústias, analisados os comportamentos, após tentativas falhas de um final minimamente saudável, resolvi ir embora sem olhar pra trás. pra ele, deixei palavras sinceras de alguém que não queria ir embora, mas precisou. a gente sabe exatamente o momento de ir embora, mesmo sem querer partir.

pra mim, ele deixou decepção. e lembranças de oito meses e exatos vinte seis dias de altos e baixos. mas de uma vivência insubstituível.

pra ele, eu desejo autoconhecimento, permissividade para entrar em contato com a dor. e tolerância às futuras frustrações que virão pela frente. sobre ela.

pra ela, eu desejo discernimento sobre o sentido de amizade, esse mesmo que ela tanto prega, com apelidos peculiares e overdose de retratos. sinceridade nas relações, aparentemente abaladas pelos conflitos intrafamiliares, desde sempre tão difíceis. e paz.

a mim, restou calmaria. o autoconhecimento e consciência das minhas responsabilidades dentro de uma relação tão instável quanto bonita. e o meu paulatino trabalho em interromper um sentimento real e intenso que vivi e JAMAIS abriria mão.

niilismo: se eu voltasse no tempo, faria o mesmo. com ele.

(obrigada, psicologia.)

segunda-feira, 12 de maio de 2014

associação livre.7.

Queria ir embora com a facilidade que as pessoas têm de abandonar.

Pegar uma mochila, um amontoado de roupas não escolhidas previamente,  dois pares de havaianas,  os poucos trocados que ainda me restam, e fugir.

Sem olhar pra trás,  tampouco me importar com a dor de terceiros. É exatamente assim que funciona,  não é?

Abrir o mundo pra alguém entrar, levar algumas metralhadas e morrer exposta. Sangrando.

Sozinha.

[Nota mental: evitar a nudez da alma.]

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

associação livre.6

o tempo passa. quem dirá os corpos.

hoje ela acordou triste.
ontem ele foi dormir com raiva.

ele percebeu.
ela perguntou.

nenhum dos dois falou.

ele não gosta do passado.
ela não lida com o presente.

ambos almejam um futuro. juntos.

ela ofende com palavras.
ele fere com atitudes.

os dois se machucam.

mulhermeninagarotohomemtransformam-seemumcasalquesódesejamor.

lágrimas.

domingo, 5 de janeiro de 2014

acostum.ar.

eu olho pro lado e já não te encontro mais.
o relógio completa às 15hs00 e da minha sala, só vejo os prédios e suas janelas que dão pra avenida principal do bairro.
esse bairro tão distante do seu.

as horas passam e você não passa. não mais. tento, então, não sentar mais de frente para a porta, pra não criar qualquer expectativa.
tenho caixas de elásticos lacradas e não pretendo usá-las. meus ventiladores quebraram e meu computador mal cobre 1/4 do meu rosto.
e não faz a menor diferença. meu rosto descoberto não precisa esconder os olhares discretos que miravam o corredor estreito.

os 50 metros se tornaram 28 quilômetros. esporádicos. intermináveis. e os sorrisos constantes parecem árduos.
aquele meu desejo de criança, de voar como um passarinho, ou segurar milhares de balões só pra sair um pouco do chão, tornou-se uma constante. porque, se eu voasse, chegaria mais fácil até você.

de aniversário, então, peço asas.
e, no aguardo, meus sonhos diariamente te encontram.

(te amo)