segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

toc (ar) toc.

ele faz questão de encostar em mim, e eu acho graça. num mundo onde as pessoas têm medo da proximidade, encontrar alguém adepto ao toque é incomum. costumeiramente ele encosta as mãos na minha pele. braços, mãos, ombros, rosto. eu sinto os lábios dele nas minhas bochehas e quase que subitamente fico rosada.

aqui funciona assim.

a minha cara de pau aparece nas horas menos propícias, e no momento certeiro me falta oxigenação nas veias e o sangue sobe imediatamente pro rosto. só sei, então, sorrir.

ele tem os cílios enormes, os cabelos bagunçados e um sorriso com mais de setenta e dois dentes. todos eles branquinhos e tão corretos. ele pensa pra falar e fala pouco o que pensa. fica sem jeito perto do incontrolável e mantém a postura tão centrada e tão misteriosa.

eu não sei ler seu mistério. fico analisando passo-a-passo, sempre em vão. ele tem um jeito de se esconder tão descaradamente sutil que me intriga. passaria horas olhando para aquele rosto a la príncipe encantado, sem me cansar de cada pedaço desse mistério inteiro.

ele me causa uma paixão momentânea e me pega desprevinida, sem planejamentos e reações. me faz imaginar como ele espera que eu retribua cada toque.

e, sem que eu espere, ele toca meu mais íntimo: minha alma.

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