domingo, 30 de agosto de 2009

sempre ela:

"Estou sentindo uma clareza tão grande que me anula como pessoa atual e comum: é uma lucidez vazia, como explicar? assim como um cálculo matemático perfeito do qual, no entanto, não se precise. Estou por assim dizer vendo claramente o vazio. E nem entendo aquilo que entendo: pois estou infinitamente maior que eu mesma, e não me alcanço. Além do que: que faço dessa lucidez? Sei também que esta minha lucidez pode-se tornar o inferno humano - já me aconteceu antes. Pois sei que - em termos de nossa diária e permanente acomodação resignada à irrealidade - essa clareza de realidade é um risco. Apagai, pois, minha flama, Deus, porque ela não me serve para viver os dias. Ajudai-me a de novo consistir dos modos possíveis. Eu consisto, eu consisto, amém."

Clarice Lispector

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

sinceramente...

sendo sincera comigo mesma, a real é que eu ainda não te esqueci. ponto. cansei de mentir pra mim mesma e fingir que é como se as coisas nunca tivessem acontecido. porque, quando a música toca, é de você que eu lembro. quando eu olho pro céu e vejo as estrelas, é você que eu vejo. quando eu sonho, é sempre com você no meio. e eu sempre aperto o botãozinho do meu celular, pra tela acender e eu ver se tem uma mensagem ou um telefonema seu. vejo crepúsculo e lembro de você lembrando de mim. eu, bella. você, edward. não vou mais me enganar. não faz sentido.
a única diferença disso tudo, é que agora eu já me conformei que eu e você nunca seremos nós. e essa é a parte que continua a doer, mas não tanto como antes. eu tive que racionalizar. questão de necessidade mesmo. eu tive que entender que o ‘nós’, nessa história, fica de fora. que existe sim um 'nós', momentâneo. mas é isso. é do momento. e, se eu quiser ter você mesmo, tem que ser apenas por alguns minutos. em alguns lugares. específicos. e só. eu já sei de tudo isso. já assimilei pensamentos com fatos. e virou tudo real.
a fantasia já acabou. aparece em alguns momentos, naqueles meus momentos em que acho que tudo é possível. em que acho que você vai aparecer aqui na porta de casa, pedir pra eu descer, falar que eu sou o amor da sua vida e que é comigo que você quer ficar. sem medos. sem receios. sem nada.
mas isso acontece normalmente em sonhos. dormindo. acordada. quando eu olho pro nada e me perco ali mesmo. nos pensamentos. e depois eu volto a colocar meus dois pés no chão, pra não cair, e realizo. não é nada disso. é só fantasia.
mas eu ainda te quero. isso eu não vou mais negar. eu ainda sinto você por perto. e ainda quero estar perto. ainda gosto de saber de você. e penso o tempo todo. e me arrepio quando penso e você me liga. ou manda mensagem. porque eu ainda sinto nós dois no mesmo lugar. e sei que a nossa ligação é mais forte do que qualquer uma que já tive. eu ainda penso em te encontrar do nada. em te abraçar e não te soltar nunca mais. em dar beijinhos nos olhos. em pedir pra você sorrir pra mim. e fazer cafuné. e eu me irrito quando todo mundo te vê, menos eu. ou quando estamos no mesmo lugar e não nos vemos. e eu bodeio e você bodeia. sem um saber do outro. é o mesmo movimento, o tempo inteiro.
eu ainda gostaria que as coisas fossem diferentes. sempre penso nisso. nessas horas eu queria ter o tal do controle sobre todas as coisas, sabe? mas eu não tenho. eu só tenho o desejo. e o direito de ficar parada. observando. e esperando.
eu ainda te conheço inteiro. e ainda sei como você vai agir em tais momentos. em outros eu não sei. mas morro de vontade de saber. eu ainda falo de você. todo mundo já cansou, então falo menos. mas, quando não é pros outros, falo pra mim mesma, aqui dentro. ou então pro meu caderno. ou pro blog. ou digito uma mensagem e não mando. só pra matar a vontade de escrever algo e fingir que você leu. e é a mesma música que toca quando você liga. e o mesmo susto que eu tomo toda vez que toca. e a mesma espera no dia seguinte, pra que toque de novo.
o movimento é o mesmo. só a maturidade do sentimento que é outra. a aceitação do “não” concreto. e de todos os obstáculos que eu finjo não saber, mas sei quais são. e as respostas que você não sabe me dar, e eu insisto em pedir.
é tudo igual.
eu e você.
não nós.
e o querer. intacto.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

agora:

preciso de um abraço. bem demorado. quente.
dele.

frio.

ando sem palavras. e isso me assusta um pouco. eu vivo delas. como se me completassem mesmo. e agora elas resolvem sumir.
me sinto – ainda – vazia. o movimento não muda. pulo de um vazio para o outro. como se não houvesse algum lugar cheio pra eu ficar. quieta. ouvindo barulhos. pessoas. sons. vozes. pra preencher esse meu silêncio.
o silêncio que me incomoda. é isso. antes eu falava. um turbilhão de pensamentos me rondava. noites afora. e, agora, só o silêncio. não sei mais o que falar. só repetições. nada realmente novo. e, então, pra não ficar quieta, eu repito. procurando um possível preenchimento do vazio. que não acontece.
não entendo mais o que é tudo isso. bom ou ruim? não sei. a falta de definição me angustia. é necessária. AGORA.
penso - pois preciso pensar - que é um momento mais maduro. aquele momento em que se tem consciência da realidade, mas ela ainda não se encaixa no molde do coração. e daí você corta as rebarbas e redefine o formato, pra ver se encaixa sem machucar.
deve ser isso. não tem outra explicação. sinto falta de quando explodia sentimentos aqui dentro e eu ainda via um caminho cor-de-rosa.
agora vejo os dias como estão. nublados.
me sinto dura por dentro.


e não gosto.

domingo, 23 de agosto de 2009

momento.

uma romântica, como eu, me passou essa música. não canso de ouvir. resolvi postar.

Romanticos
Rita Ribeiro
Composição: Vander Lee

Românticos são poucos
Românticos são loucos desvairados
Que querem ser o outro
Que pensam que o outro é o paraíso

Românticos são lindos
Românticos são limpos e pirados
Que choram com baladas
Que amam sem vergonha e sem juízo
São tipos populares que vivem pelos bares
E mesmo certos vão pedir perdão
E passam a noite em claro
Conhecem o gosto raro
De amar sem medo de outra desilusão

(Romântico é uma espécie em extinção)

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

id.entificando.

é uma daquelas sensações em que se sabe que não se está sozinha e, mesmo assim, parece que não há braços e abraços pra te acolher.
ninguém sabe o que te dizer. e, se sabe, não diz. e, se diz, você não ouve. porque não é aquilo exatamente que você gostaria de ouvir. é a negação.
é o não querer aceitar aquela resposta. como se houvesse outra possibilidade. sem realmente haver. e é a consciência disso tudo. lutando do outro lado.
mas, entre racional x emocional, aqui dentro? a luta definitivamente é em vão. e todo mundo já sabe quem vence. sempre.
mas, o que se pode fazer?
é a saudade. é a vontade. é o desejo. todos juntos. e misturados. o que se faz com eles todos?
pra quem falar, pela 50a. vez sobre isso? ninguém entende mais. nem eu. muito menos lá fora. nunca esqueço que lá fora é tudo mais "fácil" e tem o botão de OFF. esse maldito botão que me assombra todos os dias.
e minha mãe dizendo que me entrego demais e que isso sufoca. e eu sem entender o porquê de tudo isso.
a vida deveria ser fácil. e na verdade é. só não parece. e é isso que não entendo.
"nós" deveria ser fácil. e daí se der errado? e daí se um de nós quebrar a cara? e daí se não tiver "nós" amanhã?
eu quero o hoje. TE quero hoje. amanhã eu já nem sei. nem você sabe.
ninguém aguenta mais ouvir isso. ninguém quer ouvir isso. e daí a falta de braços e abraços.
e daí o vazio.
aquele vazio que eu tinha certeza que tinha ido embora. como uma boa enganadora de si mesma. e só tava latente.
anestesiado por um monte de sintomas físicos e remédios antiflamatórios e analgésicos.
louco pra gritar.
...
pois gritou.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

consciência.

ele já sabe. sabe que, quando eu precisar de um abraço, ele não vai estar aqui pra me dar. não porque não queira. porque não tem forças suficientes pra abrir os braços, enquanto o resto do seu corpo se fecha.
ele já sabe. sabe que, quando eu pedir carinho, ele não vai poder me dar. não porque não queira. porque ele não consegue resgatar o carinho de dentro.
ele já sabe. sabe que, quando eu quiser olho no olho, ele não vai poder me dar. não porque não queira. porque ele não consegue abrir os olhos sem se mostrar inteiro. e tem medo de aparecer.
ele já sabe. sabe que, quando eu quiser batimentos mais fortes, arritmias por mim, ele não vai poder me dar. não porque não queira. porque ele tem medo de fazer bater e ter uma parada cardíaca.
ele já sabe. sabe que, quando eu quiser amor numa terça-feira chuvosa, ele não vai poder me dar. não porque não queira. porque ele tem medo da chuva molhar o que ele luta em proteger.
ele já sabe. sabe que não consegue. sabe que é maior do que ele mesmo. sabe que pulsa forte demais.
eu sei que ele sabe. soube agora. soube sempre.
eu já sei. sei que ele não consegue. sei da metade. vejo o todo.
mas o todo não é meu. só metade. meio coração.
pra um bocado de sentimento.
hoje sei.
e me machuca.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

prazer, amor.

lá fora tudo parece mais fácil. para os românticos. como eu. fácil porque ninguém parece se importar com nada mais. as pessoas têm se tornado “descartáveis”. e é essa a palavra que Bauman usa quando discute sobre a fragilidade dos laços humanos. “amor líquido” o nome do livro. título triste. eu acho, pelo menos.
e, então, se o amor parece difícil de se construir, é descartado. e, então, se aquela pessoa não é perfeita, como você achava que era, é descartada. e, então, se você acha que existe alguém melhor do que a pessoa que está ao seu lado, a descarta. e, então, se seu amigo cometeu um erro, como todos os seres humanos cometem – inclusive você -, é descartado.
tudo muito fácil. lá fora.
e tudo parece muito difícil. aqui dentro. porque não acontece assim para os românticos. como eu. descartar o amor é impossível. qualquer formato dele. eu digo pros meus amigos: vocês vão jogando fora o amor e eu vou recolhendo atrás. pego tudo. guardo num potinho. cuido dos machucados. conserto os quebrados. admiro os que estão bem. e daí, quando eu vejo alguém descrente, abro o potinho, pego um lá de dentro e entrego pra pessoa. presente. mas a pessoa vai lá, usa, abusa, desiste e joga fora. de novo. e eu recolho. mais uma vez.
parece fácil lá fora. para os românticos. como eu. mas, na verdade, é bem difícil. porque, lá fora, está todo mundo sozinho. tudo está sempre vazio. e as pessoas não percebem. e, se percebem, não aceitam. é muito mais fácil a descrença no amor. pra elas. descartar antes de ser descartado. desacreditar, antes que seja “tarde” demais.
é muito fácil aqui dentro. para os românticos. como eu.
eu não estou sozinha. tenho potes e potes de amor comigo.
me fazendo companhia.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

in. pulso.

continuo impulsiva.
não acho que terapia alguma vá mudar esse meu lado. talvez porque, assim como gosto que coisas inesperadas aconteçam comigo, gosto de fazer coisas inusitadas. não pensar muito nas conseqüências e simplesmente fazer. de imediato. assim como a Clarice diz, às vezes acerto por intuição, às vezes erro por completo.
nessas últimas vezes, confesso que tenho errado bastante. minha intuição tem falhado. ou as coisas não têm acompanhado o ritmo do meu corpo, ou eu não tenho acompanhado o movimento das coisas.
todos os ganhos concretos me parecem demasiado distantes. não sei se se distanciam pela impulsividade - essa vontade de viver que pulsa o tempo todo. ou se se afastam por circunstâncias da vida.
"não sei" talvez porque tenha medo. medo de descobrir que a culpa é minha. que a distância foi causada por mim. por mais que, do outro lado, eu já me culpe o tempo inteiro. mas é uma punição consciente. pra tentar achar uma explicação que me alivie, eu me culpo. por mais irônico que pareça. isso realmente me alivia. só pelo fato de saber o porquê de tudo.
mas eu sei que são suposições.
e, da verdade mesmo, dela eu fujo. não quero saber. e se a culpa for realmente minha? não quero que se distanciem de mim pela minha vontade de viver. nem quero deixar de lado essa vontade.
não quero me perder de mim.
nem perder.
outra vez.

domingo, 16 de agosto de 2009

aquilo que não se vê.

abre a porta do seu mundo. e me deixa entrar. como se não houvesse fechaduras. e como se no mundo só houvesse ‘sim’. me olha nos olhos e não fala nada. só me olha e me vê. inteira. descobre todos os meus segredos sem que eu queira. me invade. toda. como se você quisesse me possuir. e, então, me possui. e finge que somos um corpo e uma alma. só. e depois diz que é louco por mim.
não me promete nada, por favor. as promessas geram expectativas e as expectativas se tornam cobranças. e aí tudo fica chato.
me pega de surpresa. isso. eu adoro surpresas. o inesperado me devora toda. e eu adoro cada segundo seguinte que se segue de surpresas e novidades.
não diz que não vai me deixar. porque eu acredito. toda vez é assim. quando eu me apaixono tudo parece a mais pura verdade. e eu não quero me decepcionar. então só me diz que você é meu HOJE. e eu sou sua. pra sempre. sem que você saiba, mas já sabendo. aquela coisa engraçada, sabe?
passa as mãos nos meus cabelos e desliza pro meu rosto. eu adoro quando fazem isso. me sinto bonita. vai entender... só sei que me sinto. bonita e segura. mas faz tudo isso olhando nos meus olhos. sem falar nada.
agora me beija. com delicadeza. como se cada segundo fosse uma eternidade e como se o tempo fosse só nosso. e, então, vai mudando o ritmo e a intensidade. e me devora e me aperta em você. toda. no seu corpo. como se você não fosse me largar nunca mais.
e diz então, de novo, que é louco por mim.
e me ama. e eu te amo.
sem querer, querendo.
sem saber, sabendo.
pra sempre.

sábado, 15 de agosto de 2009

cansada.

sabe por que eu escrevo?
porque têm coisas que eu simplesmente não consigo falar. entala aqui na minha garganta. medo. insegurança. comodismo. não sei.
só sei que, escrevendo, parece que o mais difícil se torna mais fácil. uma facilidade que escorre pelos dedos e se tornam palavras. e palavras são bonitas. ou pelo menos deveriam ser.
o mais difícil de falar é sobre as nossas dificuldades. nossas angústias. e escrever parece mais fácil porque se sabe que a folha de papel e a caneta não vão te julgar. só vão "ouvir".
hoje eu acordei cheia de "dificuldades". de todas as formas. tamanhos. cores. cheiros. e, pra ser franca comigo mesma, eu preciso dizer que não estou sabendo lidar com nenhuma delas. acho que é porque eu estou de saco cheio de dificuldades aqui dentro. o tal de dispositivo "foda-se" não está funcionando hoje. nem funcionou ontem. e não sei se amanhã já terei consertado.
eu me importo, sim. não adianta. me importo com as coisas fáceis que se tornam difíceis por conseqüências naturais, ou não. por culpa minha, ou dos outros.
eu queria poder escorrer entre os dedos e transformar em palavras a solução de todas as tais dificuldades, que surgem sem eu chamar.
hoje eu precisava encontrar a minha "paz". agarrar com toda força, me enfiar debaixo do edredon e esquecer que existe vida além da minha. alma.
não quero mais falar.

.

mais uma vez.
sempre igual.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

desejo latente.

Queria um abraço bem apertado. De alguém que sentisse borboletas no estômago por mim. De alguém que me olhasse com os olhos brilhando e que, por alguns instantes, se perdesse e se transportasse pra perto de mim. Que nem a Pitty diz. Que me equalizasse numa seqüência que só a gente soubesse. Que tivesse meu manual de instruções.
Queria alguém que só aceitasse a condição de me ter só pra ele, como o Marcelo Camelo. E que gostasse tanto de mim, que preferisse esconder - mas só por alguns instantes -, que nem o Lulu. Alguém que, caso desse alguma bobeira e discutíssemos, me procurasse em outras pessoas e não conseguisse, igual o NxZero. E que sempre lembrasse do meu jeito, assim como o Chimarruts. E que apertasse o 12, que é o meu andar, pra continuar uma conversa que ainda não terminamos, sem ser a Cássia Eller.
Eu queria uma pessoa assim. Várias melodias e letras e músicas misturadas, transformadas em alguém só pra mim.
...
E a única coisa que ouço over and over again é: eu estava aqui o tempo todo, só “você” não viu...

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

para-lelo.

Que eu vivo num mundo completamente paralelo do mundo real, eu já sabia. O que eu não sabia era que isso é ruim. Pros outros, não pra mim. Eu criei esse mundo paralelo que nem a Ally McBeal criou o dela, no seriado. Já assistiram? Pois assistam. Ela criou um mundo paralelo dela porque cansou de frustrações. Ela cansou de ter que se entregar a amores pela metade. Cansou de ter que tentar algo que sabe que não vai conseguir.
Eu sou assim também, ponto.
Pra mim, as nuvens são algodão doce. Morro de vontade de dar o maior pulo do mundo e pegar um pedaço pra experimentar. Juro. Ou então, abrir a janelinha do avião e esticar o braço pra ver se alcanço. Pra mim, eu vou um dia conseguir alcançar o céu. E, tudo lá de cima será visto da mesma cor: azul. Pra mim, existe uma história bonita e com final feliz, daqueles: “e viveram felizes para sempre”. E existe alguém que vai me amar igual, sem mais nem menos. Pra mim, o dinheiro nem compra a coisa mais importante do mundo. Aliás, nesse meu mundo paralelo, nem existe dinheiro. Não faz sentido o dinheiro lá. Não sei porque, mas não faz. Pra mim, as pessoas deveriam andar com coraçãozinhos nos olhos, toda vez que estivessem apaixonadas. Ia ser bonito.
E daí, quando eu saio desse mundo paralelo, porque, INFELIZMENTE, eu sou obrigada a pisar um pouco no chão, vem um monte de gente pra mim, falar que ser racional é mais legal. Que ser emocional é para os fracos. E eu não entendo nada. Dos outros. Onde existe beleza e felicidade na racionalidade? Eu não sei. Talvez seja mais fácil. Mais cômodo. Mais eficaz pra viver em “paz”. Isso eu concordo. Mas quem disse que ser fácil é bom? Quem disse que comodismo é tendência?
Eu visto máscaras pra tentar me mostrar um pouco igual. Porque eu cansei de ouvir que não vai dar certo, sabe? Eu cansei de pessoas falando que eu tenho que ser emocionalmente mais adulta e me abrir pras possibilidades que eu não vejo como tais. Daí eu finjo tal maturidade. Pra viver na minha paz. Pra poder continuar entrando, toda vez que acho justo, no meu mundinho paralelo. E pra não deixar de acreditar que realmente as nuvens são doces. Assim como todo resto desse meu mundo.

sintonia.

parte-se do pressuposto de que as coisas nem sempre se mostram da forma como realmente são. talvez por um movimento intencional, ou não. e, como resultado, o inesperado. espera-se por algo que não se sabe. mais uma vez. e, ao saber, a surpresa. compreensível?
não sei. mas, real.
parte-se, agora, do pressuposto de que as coisas deveriam parecer ser o que são. por um movimento intencional, ou não. como resultado, o inesperado. espera-se por algo que não se sabe. mais uma vez. e, ao saber, a surpresa.
compreensível?
não sei. mas, irreal.
qual sua escolha, pequena criança?
qual?

terça-feira, 11 de agosto de 2009

21:55.

de agora em diante, a cada dia e a cada noite, eu me permito.
a todas as possibilidades.
amém.
Acordo pensando. Muitas coisas querem ser pensadas aqui dentro. Gritam, pedem atenção. E eu finjo que não ouço. Prefiro assim. Acordada, parece tudo fácil. Finjo que tenho aquele botão de OFF que a Ju tanto fala que as pessoas parecem ter. Menos nós. E a gente implora, às vezes, pra ter um botão desses que funcione. Mas não adianta. Não existe. Nascemos sem qualquer tipo de dipositivo, que apague qualquer tipo de sentimentos, sensações e emoções que ousam gritar o tempo todo: to aqui! To aqui! E então eu resolvo fingir. Pra mim mesma. Me enganando, só pra falar que eu sou a mais desencanada e a mais "total cool fashion". E quando eu fecho os olhos, não é porque to pensando e lembrando e imaginando tudo. É porque eu to cansada e quero descansar. E quando eu olho pro nada, não é porque eu to num mundo paralelo, onde tudo parece possível. É porque ta chato lá fora. E quando eu sinto dor no peito, não é dor de saudade. É sintoma de doença. Prefiro pensar assim agora. Prefiro que seja assim. Criei um dispositivo imaginário, algo simbolicamente artificial, pra fingir que eu sou que nem todas as pessoas que descartam qualquer possibilidade de felicidade e de sentimento. Resolvi fingir que sou assim. Pra mim mesma. E pros outros. Quem sabe não dá certo?
Mas é que hoje, diferente dos últimos dias, eu resolvi acordar pensando. Porque dormi pensando. E sonhei lembrando, querendo, pedindo. Porque os sonhos eu não controlo. Nos sonhos eu sou Bruna mesmo. Inteira. Aberta. Não dá pra fingir. E o dispositivo quebra. Simplesmente para de funcionar. E o maxilar acorda doendo. Porque é tanta vontade de ser aquilo e de viver aquilo tudo, que eu mordo e aperto, como se, caso eu fizer mais força e morder com mais intensidade, eu vou acordar e vai ser tudo lindo. Mas eu acordo e nem é tudo lindo e simples. A complexidade toda vem à tona.
E eu puxo a minha máscara da negação, coloco no rosto, aperto o dispositivo imaginário e finjo que não me importo. Só pra ser igual a todo mundo. Só pra fingir ser superficial.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

vai.

eu vou explicar como deve ser. SIMPLES. ponto.
a gente complica tudo. sempre. a todo instante. é simples. segue seus instintos. faz e acontece. não pensa. só faz. cada vez que a gente pensa, aparece uma pergunta. e daí tem aquilo que a Clarice fala: que a cada resposta de uma pergunta, surgem outras milhares de perguntas. nada tem uma resposta final. nada.
então não pergunta. só faz. se entrega e tenta. pra que ter medo? pra que pensar em todas as possibilidades do ‘sim’ e do ‘não’? são muitas as possibilidades. o tempo inteiro. rondando. boicotando o desejo. a vontade. o querer. só faz. chega perto e faz. e daí se der errado? senta, chora, levanta a cabeça e faz diferente. ou, se der vontade, faz igual. outra e outra e outra vez. chorar faz mal? não faz. e, se fizer? não é pra sempre. depois tem o riso. o choro só antecede um sorriso e um riso. depois volta tudo a ser como antes. ou diferente.
se joga. se dá. mete as caras. não espera. não esperE. nada. ou espere. pouco. e, se esperar muito, alguém te fala depois que nem é tudo isso. não reflete muito. não mede as conseqüências. a vida é cheia delas. o tempo inteiro. parado ou em movimento. então se mexe. agita. não para. conhece. re-conhece.
a vida é simples. ta aí, semi-pronta e semi-entregue. nas nossas mãos. e daí vem a nossa cabeça e todos os pensamentos e estraga tudo. o instante todo. a simplicidade que é viver, respirando. e aproveitar cada oportunidade. na nossa frente. pra gente SER.

instantes.

Quando a noite chega, pra mim, tudo parece provável. O dia seguinte parece uma caixinha de surpresas, esperando ser aberta. E daí eu não sei se abro ou não. Vem aquele receio todo de não encontrar nada. Ou encontrar tudo. Receio. Medo. Tudo misturado. Mas, principalmente, vontade.
Se eu pudesse escolher entre a certeza de todas as coisas e o inesperado, definitivamente eu escolheria o inesperado. Meu coração sempre bate mais forte quando eu não tenho certeza de nada. Se não é a adrenalina, não é vida. Mesmo. O fato de sentir meu coração pulsar é tudo o que basta pra mim. É amor, entende? Não o romântico e só ele. É qualquer tipo de amor. É só o coração bater forte que eu já sei que é amor. E daí, nada mais me importa.
O inesperado pra mim também é amor.
Será que alguém me entende?

I'm back.

Eu amo escrever. Fato. Deixei meus pensamentos por um tempo nas entrelinhas, me escondendo de uma verdade de vibra aqui dentro de mim. Os cadernos já não me são suficientes. E eu sinto falta de um espaço só meu, mesmo tendo aqui dentro. Mesmo tendo um quarto só meu. Parece que não cabe, entende? As palavras continuam explodindo aqui dentro, como bolhas de sabão quando a gente assopra. Não duram muito tempo. Precisam sair de alguma forma. Fixadas.
Voltei. Não sei por quanto tempo. Nem sei ao certo porque essa vontade toda, agora. Não quero exposição, apesar de saber que de fato isso irá acontecer.
Eu só quero explodir.
Só.