domingo, 27 de dezembro de 2009

novo ciclo.

adeus 2009.

que fiquem lembranças, momentos, saudade gostosa.
que saia a dor, a tristeza, a saudade ruim.
que cheguem novos ares, novos sonhos, novas conquistas, nova saudade.

que eu tenha a mesma força que tive pra enfrentar tudo o que enfrentei.
que eu continue escorregando pelo amor.
que eu continue emocional.
que eu continue entregue. inteira. pras coisas que eu realmente quero.

que me falte sempre o ar.
e que as borboletas façam um ninho aqui dentro do meu estômago.

vem 2010!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

longe.

e por mais que eu queira, cada santo dia da minha vida incompleta, estar ao lado dele, eu resolvo ficar longe.
resolvo ignorar toques. ignoro pensamentos meus. ignoro momentos bons. jogo tudo pra longe de mim.
porque é assim que tem que ser. eu longe dele. longe de qualquer possibilidade de resgate do amor. porque demoro meses pra afastar e segundos pra aproximar. o sentimento mesmo. a falta. a saudade. o apego.
meu corpo sofre as conseqüências. os efeitos dominam tudo aqui. em mim. é a resposta do silêncio que quer gritar. mas é reprimido. é amassado pra dentro. e explode. mas tem que ser assim.
"me mostra um caminho agora
um jeito de estar sem você
o apego não quer ir embora
diacho, ele tem que querer..."
é assim que tem que ser.

domingo, 20 de dezembro de 2009

des.com.passo.

se os caminhos trilham pra gente se ver. ou se as trilhas caminham pra gente se achar... eu não sei. a minha certeza era essa. até ontem. a gente se acha ou se perde? eu me perco quando te vejo. e nunca deixou de ser diferente. sempre tive essa perda de ser. você seqüestra minha alma e tudo que nela se encontra. principalmente meu coração. e eu perco o chão.
me perco pelos seus atos. pelos seus gestos. pelas respostas. ou melhor, pela falta delas. pelo movimento punitivo. pelo movimento compensatório. pelos olhares e sorrisos. pelos empurrões e esquivas.
me perco sempre e tanto, que voltar pra me achar virou rotina.
não entendo nenhum passo. falso. concreto. sutil. escancarado.
perdi o gosto. perdi a vontade de tentar achar qualquer tipo de resposta que preencha esse vazio entre nós dois. que é cada vez mais forte. mais presente. não tem mais vergonha de se mostrar. perdi o gosto pelos toques. pela sutileza das palavras. pelas indiretas. pela abertura mínima pra eu entrar. perdi a vontade de me agachar e me arrastar até entrar pela fresta aberta. perdi o gosto por sorrir pra você e receber de volta um outro sorriso, um riso. ora aberto, ora fechado. perdi o gosto pelo teu gosto. não sei mais como é. e achei melhor esquecer, porque relembrar é reviver. e reviver dá saudade. e eu perdi o gosto por ela também. também perdi o gosto pela presença distante. pelas palavras tão iguais. perdi o gosto pelo excesso do mesmo. e pela falta da diferença.
ando perdida. perdendo o gosto das coisas. dessas que sempre foram tão importantes pra mim.
perdi o caminho.
perdi a trilha.
perdi o encontro.
ando perdendo, aos poucos, o amor.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

sábado, 12 de dezembro de 2009

Gadú.

ALTAR PARTICULAR

Meu bem que hoje me pede pra apagar a luz
E pôs meu frágil coração na cruz
No teu penoso altar particular

Sei lá, a tua ausência me causou o caos
No breu de hoje eu sinto que
O tempo da cura tornou a tristeza normal

E então, tu tome tento com meu coração
Não deixe ele vir na solidão
Encabulado por voltar a sós

Depois, que o que é confuso te deixar sorrir
Tu me devolva o que tirou daqui
Que o meu peito se abre e desata os nós

Se enfim, você um dia resolver mudar
Tirar meu pobre coração do altar
Me devolver, como se deve ser

Ou então, dizer que dele resolveu cuidar
Tirar da cruz e o canonizar
Digo faço melhor do que lhe parecer

Teu cais deve ficar em algum lugar assim
Tão longe quanto eu possa ver de mim
Onde ancoraste teu veleiro em flor

Sem mais, a vida vai passando no vazio
Estou com tudo a flutuar no rio esperando a resposta ao
que chamo de amor

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

insights.

gosto de ficar trancada aqui dentro de mim. muitas e muitas vezes. por mais que, em alguns instantes, eu sonhe em voar por aí, sem rumo, fingindo não sentir absolutamente nada.
quando me tranco aqui dentro, percebo a quantidade de sentimentos que existem no mundo... porque escolho sentir todos. e guardo o efeito todo, em todas as partes do meu corpo.
gosto de ficar trancada aqui dentro. percebendo tudo o que escondo e tudo o que mostro.
eu sou um quadro cheio de manchas de tintas. coloridas. misturadas. criando outras tantas.
tenho achado meu 'eu' bonito.
sou abstrata.
sim... 'inconstante e borboleta'.
e ponto final.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Linda rosa:

Pior que o melhor de dois
Melhor do que sofrer depois
Se é isso que me tem ao certo
A moça de sorriso aberto
Ingênua de vestido assusta
Afasta-me o ego imposto
Ouvinte claro, brilho no rosto
Abandonada por falta de gosto

Agora sei não mais reclama
Pois dores são incapazes
E pobre desses rapazes
Que tentam lhe fazer feliz

Escolha feita, inconsciente
De coração não mais roubado
Homem feliz, mulher carente
A linda rosa perdeu pro cravo

Homem feliz, mulher carente
A linda rosa perdeu pro cravo

Maria Gadú

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

what a beautiful mess...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

ali em cima, no céu.

saí agora pra comprar sorvete. me deu um desejo mesmo de tomar uma coisa que refrecasse todo esse amontoado de coisas quentes aqui dentro e aqui fora. me deu vontade de sair andando por aí, como se eu realmente não tivesse um mundo de coisas pra me preocupar... nem pra pensar. nenhum amontoado de pensamentos dentro da minha cabeça. só eu, a rua, a brisa e as estrelas. nem pessoas. porque, quando eu quero, eu consigo deletar as pessoas andando por aí. fico eu, Bruna, externa, andando. e só.
e é bom. e me faz bem.
saí andando por aí, com minha mãe... conversando sobre a vida. e daí falei de você. porque esses dias todos de sol, calor, brisa noturna, me deram nostalgia de nós dois. parece que, ao pisar no asfalto, voltei pra janeiro desse ano. e, então, veio um carro chegando perto do meu prédio, um carro igualzinho o seu. e eu até olhei pra dentro, pra ter certeza de que não era você mesmo, passando pra me pegar, pra gente parar na Paulista, andar de mãos dadas e tomar uma cerveja e comer polenta frita. e você pegar um pedaço de papel, fazer uma bolinha e eu olhar... e você olhar pra mim, fixada nos seus dedos, e sorrir. e, na semana seguinte, me pegar pra gente ir ali, no barzinho aqui perto de casa, e tomar alguns chopps e falar de nós dois... e não falar nada. e sentir o toque. e, alguns meses depois, me pegar pra ir lá na Faria Lima, comer provolone frito, falar sobre a vida, não falar de novo... se olhar e mais nada. era o suficiente, não era?
mas o carro não era seu. não era você lá dentro. e as coisas não são mais como eram. e então eu continuo andando e passo pelos lugares que a gente já foi, olho pra mesa que a gente sentou, olho pra piscina, pro salão de festas, onde tudo começou. e sinto saudade.
é que hoje eu precisei escrever, porque foi uma saudade diferente. não foi doída, sabe? foi gostosa. foi aquela nostalgia que você tem e sorri, sem mais nem menos. e foi assim que aconteceu agora pouco. essa sensação de coisa boa que reapareceu, assim, hoje, pra alegrar meu pré-feriado. e eu resolvi te contar.
e meus dedinhos apertaram muitas vezes as teclas do meu celular, sem culpa. e isso é bom. porque ontem eu queria ter feito, mas não fiz porque doía. e eu sonhei coisas feias. e eu não dormi direito. mais uma vez.
mas agora, não. agora foi bonito. e é isso que eu quero compartilhar contigo. as coisas bonitas que ainda ficam de nós dois. pra mim. não quero ter isso sozinha. quero que você saiba.
quero te dizer quanto o amor ainda é bom.
por mais que seja impossível e por mais que continue doendo, dias e dias, a coisa boa permanece.
e eu preciso compartilhar.
é que hoje tem estrelas brilhando no céu.
e é pra gente.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Rita Apoena:

Ontem os seus olhos doeram em mim. E como pode um olhar
doer em alguém uma dor tão limpa, rabiscar de azul o
silêncio que estendi pelos cantos no chão? Tive tanto medo
de encontrá-los, tive medo de levantar os cílios e eles se
deitarem feito um pássaro em tuas mãos tão claras, e
descobrires o que eu já não posso evitar. Tive medo de
notares o quanto eram indefesos diante dos teus... Por isso,
tratei de escondê-los por trás do quadro, dos ferros na
janela, da cortina, do tapete, das pétalas, colocando-se
diante de minhas pálpebras, enquanto eu falava qualquer
coisa para me esconder por trás das palavras.

Mas foi quando eu ainda nem havia dito nada, foi quando eu
ainda nem te conhecia, foi na fresta que, por descuido,
esqueci aberta... que teus olhos doeram em mim, caíram em
mim e me mancharam de tinta. Não sei o que era ali dentro
deles, se a minha tristeza ou a tua, mas nunca vi olhos tão
claros, nem outros que ofuscassem tanto a minha vida.

Agora eu viro para o lado e não quero mais que o outro me
siga, não quero mais que o outro me toque porque tocar as
minhas costas é empurrar a manhã para o meio das nuvens,
entende? Uma manhã que era toda feita para colher as
maçãs, as maçãs que eu enrolaria doces numa forma para te
dar. Por isso, quando ele me tocou, duas lágrimas eu aninhei
no travesseiro, e escorri com elas, e dentro delas esperei
que ele tocasse o meu corpo. Só voltei quando ele acabou.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

game over - para T.

e então eu desisto.
desisto de jogar esse jogo sem vencedor algum. esse jogo que você me colocou, sem eu pedir pra entrar. nunca quis um jogo. não gosto de competição. nunca gostei. por isso resolvo parar tudo que envolva competitividade. vou lá e desisto. como faço agora.
e esse jogo é injusto, você entende? porque eu tenho uma vida, enquanto você tem sete ou mais. você tem a opção de resolver morrer um pouquinho quando ta cansado. e depois volta quando bem entender. eu não. eu tenho uma vida e preciso lutar por ela e pelo final feliz no jogo. porque todo jogo tem um prêmio no final. e é sempre um prêmio bom, não é? e daí eu tenho que lutar contra todos os monstros pra conseguir chegar lá. e são tantos monstros! que me atacam, me empurram, me assombram.
então eu resolvi desistir dessa minha vida. e entregar o jogo pra você. porque, enquanto lutava, descobri que não tem o prêmio bom no final. o final é a morte. não há opção. essa vida não depende de mim, por mais que eu lute pra mantê-la intacta. essa vida depende de você. e você não precisa lutar por ela, com seis outras te esperando, caso você resolva morrer.
e, lutando, eu descobri outra coisa. descobri que um dos monstros que me assombra, um bem camuflado, nada mais é do que você. você me assombra, me empurra, me ataca, me joga pra longe. você me mata. e, se eu to nesse jogo, é porque eu achava, o tempo todo, que o prêmio era você. e então eu descubro que 'você' não existe mais. você foi junto com a primeira morte e criou, então, outros seis personagens diferentes. e nenhum deles é semelhante com o prêmio que eu quero. ou que eu quis.
e, então, eu resolvo desistir. porque o T. que eu queria, aquele mesmo que me fazia sentir borboletas, não dormir a noite, sonhar coisas bonitas, planejar um futuro bom, morrer de amor... aquele não existe mais. se matou. por cansaço. preguiça. angústia. não sei. só não existe. e, com muita dor, eu resolvo aceitar isso. e resolvo enxergar, claramente, que seis de você, completamente diferentes, não cabem aqui dentro. e nem querem caber.
e, assim, eu desisto.
entrego os pontos todos que ganhei, em suas mãos. te entrego a minha vida e a minha força.
minha vida = meu amor, cada vez menor e mais cansado.
minha força = o assassinato da minha esperança.
e, daí, você vence o jogo. e me mata.
e, daí, eu sigo a minha vida. congelada. sem prêmio algum.
e game over.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

e Caio disse:

"não estou louca nem bêbada, estou é lúcida pra caralho e sei claramente que não tenho nenhuma saída."

é bem isso que sinto.

sábado, 17 de outubro de 2009

Eu não sei.
Nada se completa aqui dentro agora. Nada. Nenhuma frase completa. Nenhuma além dessa: eu não sei.
Engraçado porque, um tempo atrás eu descobri tudo isso. eu cheguei a essa exata conclusão. Passei a saber de tudo isso. prometi fixar aqui na minha cabeça. Lembrando e relembrando todos os dias a causa de tudo. A conseqüência pra nós dois.
Mas o fato é que dele, dele mesmo, eu ainda não tinha ouvido. Então, de alguma forma, por mais real e verdadeiro que o fato parecesse, ainda havia um pingo de esperança de que tudo fosse apenas uma divagação minha, uma viagem. E que, de uma hora pra outra, as coisas se resolveriam e tudo ficaria bem. Eu teimava em fazer isso. o tempo inteiro. Uma grande sabotagem de mim mesma. Uma grande ilusão que eu alimentava um pouco, todos os dias. Pra não morrer anêmica. Pra ter um pouco de ar ainda.
E agora tudo veio à tona. Todas as evidências, vindas dele mesmo. Ele sabe. Tem consciência. E de fato eu não sou algo bonito na vida dele. Não sou. Sou a culpa. Sou a frustração. Sou a confusão e o medo. Não deveria ser assim. Não PODIA ser assim. Mas é. E ele sabe. E disse. E repete se pedirem.
Ele não me quer na vida dele. Presente. Física e emocionalmente. E se faz de indiferente. E finge que não me vê. E, se vê, não me enxerga. E se afasta. Se esconde de mim.
Destruída. É exatamente assim que me sinto. Quebrada em mil pedaços, todos jogados bem longe um do outro. Sem qualquer possibilidade de se juntarem novamente. Nada cola.
E se não me magoar é o que ele menos quer... é o que ele menos consegue.
E eu só não sei... mais.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009


estranha a sensação que se tem após uma sessão de terapia. 30 minutos falando dele. milagre, porque normalmente são 45, sempre. separo um pouquinho pra falar da minha saúde. e depois volto a falar de todas as confusões que se passaram durante as três semanas que fiquei sem aparecer por lá. as confusões que se repetem. nunca se renovam. sempre foi assim. um ano de repetições. só o tempo que mudava. a pausa entre uma e outra ficou diferente com o passar do tempo. mas a conseqüência é sempre a mesma. aqui dentro.
30 minutos falando dele. dele que não se preocupa comigo. por mais que diga se preocupar. lá no fundinho dele, é só ele. foi essa a conclusão a qual cheguei. chegamos, eu diria. 30 minutos falando dele, um ser humano constantemente inconstante. que se volta pra si. que me chama pra si. e depois me empurra. um movimento contínuo e eterno. se eu quiser que permaneça assim.
30 minutos de uma conclusão que eu já tive há tempos, mas nunca quis aceitar: a escolha é minha. eu escolho se permaneço nesse espaço cíclico ou se vou embora. se espero ou não espero mais nada. se aceito ou nego.
30 minutos ME ouvindo falar todas as respostas que achei. ouvindo minha própria voz falando: acabou aqui, não me submeto mais. ESCUTANDO minha própria decisão. aquela decisão que sempre deixei de lado, larguei e não quis achar. deixei num cantinho, como se fosse sair andando e sumir da minha vista. do meu alcançe.
e é essa a sensação que fica. uma resposta nua e crua. um olhar claro. uma fisgada na espinha dorsal. um órgão arrancado de fora do peito. surrado. fraco. cansado. pesado.
pela escolha.
pelo não.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

eu-eu comigo.

lutando aqui dentro.
tentando me manter em pé.
sem escorregões.

sinto saudade.
mas é de algo que nunca existiu.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

decidido:

e a nossa história termina aqui.

sábado, 10 de outubro de 2009

des.esperar.

sou um bocado egoísta.
quando eu quero deletar as coisas que me lembram você, acho normal.
quando você deleta coisas que fazem lembrar de mim, acho um absurdo.

...

e é tudo porque sou obrigada a te esquecer.
sem nem mesmo querer.
faz algum sentido pra você?

pra mim faz todos.
t.o.d.o.s.

"me esqueça sim, pra não sofrer, pra não chorar, pra não sentir
me esqueça sim, que eu quero ver você tentar sem conseguir..."

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

sobras.

Não tenho mais vontade de escrever. Quer dizer, minto. Vontade tenho. Mas as palavras parecem vazias. Todas elas. Digo, falo, repito e não parece ter sentido algum nisso tudo. É isso mesmo. O vazio preenchendo algo que parecia brilhantemente cheio, mas nunca foi. Irônico, não? Sou preenchida por uma vazio sem fim.
É isso que fica quando se quer matar um sentimento, então? Uma falta que gera um vazio. Não há mais nada aqui dentro pra ser dito. Por mais que ainda haja pitadas de sentimento por todo o meu corpo. O gosto saiu do paladar. Há uma falta de gosto, como quando se bebe água e se quer coca-cola. Entende? É isso que permanece, todos os dias, na minha procura por algo imensamente cheio, em qualquer espaço aqui dentro.
Mas não há. Só há espaços. Sem cores. Porque as cores acabaram também. Todo sentimento que dava cor a cada batimento do meu coração, se foi.
É exatamente isso que fica quando um sentimento resolve ir embora. Não há mais aquela intensa procura por qualquer chamado do outro lado. Não há esperas. Não há pedidos. Não há olhares. Não há mais nada.
Só há uma intensa procura de mim por mim mesma. Tentando encontrar o mínimo de vida que parece ter ido embora. É assim que me sinto quando um amor está prestes a acabar. Ou, se ainda está longe de acontecer, é só isso que eu quero. E preciso. O resultado é o mesmo: uma perda iminente de mim. Me perdi. Fui metade, junto com ele. Me resta só uma parcela de mim, que será cautelosamente reconstituída. Recomposta. Aos poucos. Tem tempo pra isso acontecer, manja? Não é assim de uma hora pra outra. É metade do meu corpo que apodreceu, praticamente. Cansei de regar essa metade, com a esperança de que crescesse uma coisa inteira, plena.
É preciso sempre da ajuda da metade alheia.
E essa eu percebi [finalmente] que nunca quis crescer.
É essa a sensação que fica.
Temporariamente.
Por tempo indeterminado.

domingo, 4 de outubro de 2009

direta e reta:

cansei dessa chaminha CU de sentimento que teima em não apagar.
assoprei bem forte e não acendo mais.
franca.

sábado, 3 de outubro de 2009

game over.

então é assim que as coisas funcionam.
por uns bons momentos, esqueço de lembrar. saio por aí, bebendo com amigos, falando besteira, dando risada e simplesmente esqueço que você existe. simples assim. o ar volta, as palavras completam uma frase inteira, sem gaguejar. olho pros lados, vejo pessoas, quero conhecê-las, saber um pouco mais de cada uma delas e a possibilidade [percentual até] de alguma delas conseguir me fazer feliz, como quando eu era junto de ti. quero ir mais fundo. desvendar o mistério que eu sei que todo mundo tem. e não lembro mais. nem por um segundo.
e, depois de alguns bons goles de cerveja, resolvo ir mais fundo de mim. e bebo mais. arrisco algo mais forte, pra ter certeza de que forte mesmo sou eu. que nenhum álcool me fará lembrar. e que eu não só esqueci de ti durante as risadas e besteiras, mas que fixei aqui dentro que não preciso mais de você mesmo. não te quero mais na minha vida.
arrisco tequila. duas.
arrisco cosmopolitan.
arrisco vodka.
e, depois de arriscar o máximo, percebo que é fingimento. de mim pra mim mesma. porque a primeira coisa que faço é esquecer de te esquecer. e então eu começo a só lembrar. e então eu pego meu celular e ameaço mandar uma mensagem, dizendo: te amo. e então eu lembro da minha mínima dignidade, aquela que ainda me resta, e fecho o celular e guardo. e então eu procuro carinho em outras pessoas. e então eu encontro e me jogo. e então não penso em mais nada. e então volto a lembrar de você e até esqueço do carinho que me deram. esqueço mesmo, de apagar da memória. porque não era você, entende? e, se não é você, não faz sentido que seja. prefiro que não seja nada mesmo. prefiro me fechar numa conchinha, que nem você mesmo diz que se fecha. e então prefiro ficar lá.
é assim que as coisas funcionam.
eu aqui, acreditando na minha própria mentira. procurando risos e sorrisos.
procurando a fórmula de te esquecer.

domingo, 27 de setembro de 2009

no chão frio, pés descalços.

Ontem, assistindo televisão, comecei a pensar sobre as coisas todas que se passam aqui dentro. Auto-análise mesmo. Autocrítica. Sabe quando você tenta medir o tamanho do sentimento e não consegue? Quando você para pra pensar e não sabe se sente porque simplesmente não consegue NÃO sentir, ou se sente porque simplesmente QUER sentir? Aquele tal de vício de amar, entende?
Descobri que anda tudo bem confuso aqui dentro. Não sei mais até que ponto eu realmente sinto amor. Não consigo separar mais as coisas. Não sei se virou uma obsessão pelo próprio sentimento. Aquela coisa de que “foi tão forte e tão real, que não quero que acabe, mesmo sabendo que já acabou”.
Tenho um pouco de medo disso. De perceber que perdi um bocado de tempo achando que sentia algo que simplesmente nem estava mais ali. Só pra me sentir completa de alguma forma. Só pra ter em quem pensar e por quem sentir e sofrer e lembrar. E me preocupar também.
E, por outro lado, tenho angústias em perceber que, depois de tanto tempo, ainda sinto e ainda é forte. Ainda é incontrolável. Tenho medo de pensar que, caso volte, eu volto junto. Mesmo que sofra. E mesmo que dê errado. Porque eu sei que é isso que acontecerá.
Como então posso ter consciência de que não dará certo, que eu não gostaria de reatar algo já tão problemático, que sofrerei de qualquer maneira e, mesmo assim, mesmo tão realista, ainda sentir e alimentar esse sentimento todos os dias?
Não me entendo. Não consigo definir o que se passa aqui dentro e o que eu realmente quero da minha vida.
Tenho medo dessa demasiada consciência, que me invade todo santo dia, que anula mais um lado emocional do meu corpo. Tenho medo de chegar num padrão consciente absoluto, em que não me reste nem um pouco de expectativas sobre algum sentimento positivo em relação a ele. Que deixe de ser.
Simplesmente deixe de ser, de uma hora pra outra.
E daí, serei o que?
Serei quem?
Serei pra quem?

Ando pensando demais.
(postado em 29/09)

27 de setembro de 2008. Rua Augusta.

lembro cada detalhe desse mesmo dia, ano passado. cerveja, amigos, conversas, risadas. telefonemas seguidos. espera. encontro. abraço. carinho. desabafos. elogios. mais abraços. mais conversas. carona. um convite. uma vontade. o silêncio. o desejo.
a madrugada.
o beijo.
lembro cada detalhe e cada palavra e cada gesto. os movimentos todos. os olhares. o receio. a ansiedade. o coração batendo forte. a surpresa. a delicadeza. tudo.
como se fosse ontem. ou como se estivesse sendo ainda.
engraçado aquilo de relembrar é reviver. faz todo um sentido.
cada vez que relembro, revivo o frio na barriga. me dá borboletas. e é bonito.
insisti tanto que ficasse feio. desejei tanto não desejar mais. e nada. não adianta. desejo. anseio. relembro datas. palavras. relembro tudo. e porque quero. porque gosto de pensar que um dia foi real. tava aqui do meu lado. aqui na minha frente. o tempo todo. eu alcançava, entende? eu podia tocar, encostar, sentir. ouvir. ver. ter. por momentos, sem um pingo de medo do que era e do poderia (um dia) deixar de ser.
aquele tal de mundo paralelo que eu insisto em falar. e insistia em entrar. o mundo parava. mesmo. não girava mais. a poesia dos olhares. a dança dos corpos. a imprevisibilidade dos pensamentos. a saudade, logo depois de ver.
parece que foi ontem. gosto de lembrar. agora.
logo mais já começa as dores no peito. a tontura. a dor de cabeça.
eu, levemente morta. por alguns minutos.
porque parei lá.
e não consegui mais sair.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Extremos da paixão.

Por Caio F.

"Não, meu bem, não adianta bancar o distante
lá vem o amor nos dilacerar de novo..."


Andei pensando coisas. O que é raro, dirão os irônicos. Ou "o que foi?" - perguntariam os complacentes. Para estes últimos, quem sabe, escrevo. E repito: andei pensando coisas sobre amor, essa palavra sagrada. O que mais me deteve, do que pensei, era assim: a perda do amor é igual à perda da morte. Só que dói mais. Quando morre alguém que você ama, você se dói inteiro (a) mas a morte é inevitável, portanto normal. Quando você perde alguém que você ama, e esse amor - essa pessoa - continua vivo (a), há então uma morte anormal. O NUNCA MAIS de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quanto não ter NUNCA MAIS quem morreu. E dói mais fundo- porque se poderia ter, já que está vivo (a). Mas não se tem, nem se terá, quando o fim do amor é: NEVER.
Pensando nisso, pensei um pouco depois em Boy George: meu-amor-me-abandonou-e-sem-ele-eu-nao-vivo-então-quero-morrer-drogado. Lembrei de John Hincley Jr., apaixonado por Jodie Foster, e que escreveu a ela, em 1981: "Se você não me amar, eu matarei o presidente". E deu um tiro em Ronald Regan. A frase de Hincley é a mais significativa frase de amor do século XX. A atitude de Boy George - se não houver algo de publicitário nisso - é a mais linda atitude de amor do século XX. Penso em Werther, de Goethe. E acho lindo.
No século XX não se ama. Ninguém quer ninguém. Amar é out, é babaca, é careta. Embora persistam essas estranhas fronteiras entre paixão e loucura, entre paixão e suicídio. Não compreendo como querer o outro possa tornar-se mais forte do que querer a si próprio. Não compreendo como querer o outro possa pintar como saída de nossa solidão fatal. Mentira: compreendo sim. Mesmo consciente de que nasci sozinho do útero de minha mãe, berrando de pavor para o mundo insano, e que embarcarei sozinho num caixão rumo a sei lá o quê, além do pó. O que ou quem cruzo entre esses dois portos gelados da solidão é mera viagem: véu de maya, ilusão, passatempo. E exigimos o terno do perecível, loucos.
Depois, pensei também em Adèle Hugo, filha de Victor Hugo. A Adèle H. de François Truffaut, vivida por Isabelle Adjani. Adèle apaixonou-se por um homem. Ele não a queria. Ela o seguiu aos Estados Unidos, ao Caribe, escrevendo cartas jamais respondidas, rastejando por amor. Enlouqueceu mendigando a atenção dele. Certo dia, em Barbados, esbarraram na rua. Ele a olhou. Ela, louca de amor por ele, não o reconheceu. Ele havia deixado de ser ele: transformara-se em símbolos em face nem corpo da paixão e da loucura dela. Não era mais ele: ela amava alguém que não existia mais, objetivamente. Existia somente dentro dela. Adèle morreu no hospício, escrevendo cartas (a ele: "É para você, para você que eu escrevo" - dizia Ana C.) numa língua que, até hoje, ninguém conseguiu decifrar.
Andei pensando em Adèle H., em Boy George e em John Hincley Jr. Andei pensando nesses extremos da paixão, quando te amo tanto e tão além do meu ego que - se você não me ama: eu enlouqueço, eu me suicido com heroína ou eu mato o presidente. Me veio um fundo desprezo pela minha/nossa dor mediana, pela minha/nossa rejeição amorosa desempenhando papéis tipo sou-forte-seguro-essa-sou-mais-eu. Que imensa miséria o grande amor - depois do não, depois do fim - reduzir-se a duas ou três frases frias ou sarcásticas. Num bar qualquer, numa esquina da vida.
Ai que dor: que dor sentida e portuguesa de Fernando Pessoa - muito mais sábio -, que nunca caiu nessas ciladas. Pois como já dizia Drummond, "o amor car(o,a,) colega esse não consola nunca de núncaras". E apesar de tudo eu penso sim, eu digo sim, eu quero Sins.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

21 guns.

Não sei mais.
Hoje é uma das poucas vezes que eu não consigo definir o que sinto. Tudo se mistura.
Ter a consciência de que a pessoa que você ama te ama com um amor que a destrói é muita dor. Muita. É falta de ar, constante. É dor no peito. Sensação de morte.
Preferia que não amasse. Assim, nenhuma vontade de auto destruição viria junto com meu nome ao lado. Meu nome que ama seu nome e todo o resto. Com um amor puro. Um amor que eu gostaria de ter. vindo dele.
Prefiro que não me ame. Porque, assim, pode amar alguém que não lhe traga tanta dor e sofrimento. Alguém que traga mais simplicidade. Dentro dele. Alguém que lhe proporcione paz.
Tenho medo que esse amor o destrua realmente. E, se destruir, me destruo junto. Não agüentaria. Conheço meus limites. E esse ultrapassa qualquer um.
Queria sua paz... o queria como antes. Aquele sorriso lindo. Aquele brilho nos olhos, as mordidinhas nos lábios. Os assuntos intermináveis.
Não o reconheço mais. E tenho medo de saber que, indiretamente, tenho influência sobre isso tudo. Essa falta de respostas e o transtorno que isso lhe traz.
Sei que não há culpa. Minha. Dele. São conseqüências. Ok. Mas fazer parte, de alguma forma, disso tudo, me machuca.
Meio egóico. Pode ser.
Mas ver alguém que você ama se machucando é indescritível.
Tenho medo. E, mais do que nunca, não sei o que fazer além de doer.
Não sei mais...

.

tenho medo do que isso tudo pode vir a se tornar.
no fim que tudo isso pode ter.

sábado, 19 de setembro de 2009

hoje, lucidez (2).

decidida.
decidi colocar um ponto final nessa dor agonizante. essa dor que se torna física. inclusive no coração mesmo.
decidi ir com calma e respeitar meus limites. me respeitar inteira. eu, Bruna, resolvi me dar um pouco de respeito. um pouco de valor. percebi que 1 + 1 são 2. e esse resultado não se encaixa no caso. o caso é 2 - 1 = 1. e o resultado sou eu. sozinha. doendo.
decidi ouvir músicas tristes durante vinte minutos do meu dia. no máximo. e, enquanto ouço, deixar de pensar no que ele pode estar fazendo. ou então se, enquanto faz, pensa em mim.
decidi, depois, começar a sentir menos saudade. deixar de ver fotos. deixar de lembrar datas. esquecer o número do celular que tenho mermorizado. essa tal memória minha imediata.
resolvi tentar entrar em comum acordo com a indiferença. dele. nos momentos mais propícios. quem sabe, assim, me convenço de que é fácil ser indiferente, como parece ser pra ele.
decidi ser injusta. pensar as coisas mais sem sentido em relação ao que ele sente. fazer de conta que é pequeno. acreditar no egoísmo. até sentir dor suficiente pra apagar o que é bom. pro meu inconsciente receber a mensagem e mudar qualquer desejo positivo por ele.
decidi ser levemente cruel. comigo. com ele também. chorar em silêncio. sozinha. sorrir gritando, em público. pra me convencer de que realmente sou mais feliz a cada dia que passa. fora.
decidi desintoxicar.
acabar com esse vício que tem me matado todos os dias um pouco.
ficar sóbria do amor.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Líria Porto:

invisibilidade

esta dor que quando olhas
não compreendes porque
não é de fratura exposta
é de amor sem resposta
a solidão ninguém vê

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Pablo Neruda:

Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,

senão assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

assimilando.

tem essa angústia no peito que não passa. como se a qualquer hora meu corpo fosse explodir aqui dentro. uma falta de ar sem causa. uma dor sem motivos.
físicos.
um desespero constante.
não me entendo hoje. nem me entendi ontem. não entendo ou não quero entender.
parece que já vivi isso antes. um dejavu de algo não distante. temporal. mas sei que insisto em esquecer angústias como esta. e, logo, me restam vagas lembranças de uma dor, registrada nas sombras do meu inconsciente.
tenho medo dessa angústia, porque me remete à perda de algo que me sempre é bom: o amor. e perder o amor é perder grande parte de mim. e, misturado com a perda, vem a saudade daquilo que foi e não mais é. é num dia e deixa de ser no outro.
me dói morrer por dentro. aos poucos. porque é assim. uma tortura constante. aquele momento entre a vida e a morte. entre morrer e ressuscitar. muitas e muitas vezes num mesmo dia.
coração nenhum agüenta.
e angustia.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

hoje, lucidez.

cansei dos versos. das palavras escritas à mão. das frases incompletas.
cansei da solidão acompanhada. de procurar ao lado e não ver.
e da inconstância que machuca. e não me vê. não me percebe.
cansei de crer em algo descrente. cansei de lutar contra todos os fatos que não jogdos na minha cara. uma cara que ri e chora. fala e emudece. cora e empalidece. conforme um ritmo que não é meu.
cansei de olhar no espelho que não mais me vê. cansei de escolher a roupa mais bonita, os brincos exatos. a maquiagem certa. pras horas erradas.
cansei de me desculpar por atos que não são meus. de me sentir culpada quando sou inocente. de ouvir quieta acusações de todos os lados.
cansei de olhares e palavras que julgam. e ofendem. e machucam. cansei de um respeito demasiado na espera por um que nunca vem.
cansei de cuidar de um amor que se descuida. limpar um amor que se suja. soprar a ferida aberta.
cansei das possibilidades ilusórias.
cansei de esquecer de mim. por ti.
e, então...
morri um pouco.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

eu vou equalizar você.

hoje.
hoje se completa um ano. um ano de uma certeza absoluta que tive ao olhar pra ti, sem nem te conhecer. eu me apaixonei. naquele instante. ali, eu sabia que era você. (como pode? não sei.)
uma certeza que foi quebrada na mesma hora. e reconstruída dias depois.
hoje faz um ano. um ano do primeiro 'oi'. do primeiro beijo no rosto. da primeira conversa. do primeiro elogio. do primeiro toque de mão. da primeira vontade. do primeiro olhar escondido. da primeira teimosia de que era você. e da primeira negação de que era impossível, sendo que na verdade não era mesmo.
hoje faz um ano. um ano de paixão. um ano de falta de ar. de borboletas no estômago. de esperanças. esperas e expectativas. um ano de telefone tocando e deixando tocar. um ano de mundo paralelo. de olhares cruzados. de sorrisos no rosto. um ano de beijos intensos. de apelidos carinhosos. de beijos nos olhos. de saudade. um ano de você dentro de mim, gritando.
hoje faz um ano. um ano que tenho certeza que você é a pessoa certa pra mim. mesmo com um ano de história errada. mas é você. sempre foi. parado naquele metrô. e eu soube ali.
um ano de falta de paz. que me enfraquece e me alimenta.
um ano de paixão que não morre e de amor que cresce.
um ano de incertezas e certezas.
um ano de aprendizado.
um ano de amor, ora com, ora sem exigências.

hoje faz um ano.
um ano que eu te amei sem te conhecer.
um ano que te amo.
e continuarei a amar.
não sei até quando. infinitamente enquanto durar.

domingo, 13 de setembro de 2009

Pausa de Caio - pra desabafo:

hoje acordei com sede. por você. de você. sobre você. a sede veio da ressaca. de ontem. por você. de você. sobre você.
meu ontem: você.
meu hoje: você.
litros d'água, coca-cola, boemia não matam minha sede. a sede se mata com você. é você que precisa aparecer pra matar a sede, a fome. tudo. pra matar as ervas daninhas, aquelas que o Caio cita tanto. que teimam em invadir um amor tão lindo. meu. seu.
pensar em você me dá ainda mais sede. engraçado. falar de você me desidrata. corpo. alma.
falei hoje. muito.
desidratei.
enfraqueci.
e vim pra casa. tomar água, coca-cola.
e a sede não passa.
cadê você aqui?

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Inventário do Ir-remediável.

Caio Fernando Abreu

(...)
Não queria, desde o começo eu não quis. Desde que senti que ia cair e me quebrar inteiro na queda para depois restar incompleto, destruído talvez, as mãos desertas, o corpo lasso. Fugi. Eu não buscaria porque conhecia a queda, porque já caíra muitas vezes, e em cada vez restara mais morto, mais indefinido -e seria preciso reestruturar verdades, seria preciso ir construindo tUdo aos poucos, eu temia que meus instrumentos se revelassem precários, e que nada eu pudesse fazer além de ceder. Mas no meio da fuga, você aconteceu. Foi você, não eu, quem buscou. Mas o dilaceramento foi só meu, como só meu foi o desespero. Que espécie de coisa o cigarro queimou, além dos cabelos? Sei que foi mais fundo, mais dentro, que nessa ignorada dimensão rompeu alguma coisa que estava em marcha. Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu. A noite ultrapassou a si mesma, encontrou a madrugada, se desfez em manhã, em dia claro, em tarde verde, em anoitecer e em noite outra vez. Fiquei. Você sabe que eu fiquei. E que ficaria até o fim, até o fundo. Que aceitei a queda, que aceitei a morte. Que nessa aceitação, caí. Que nessa queda, morri. Tenho me carregado tão perdido e pesado pelos dias afora. E ninguém vê que estou morto.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

PRA VOCÊ (sim, você mesmo).

CARTA ANÔNIMA - Caio Fernando Abreu

Tenho trabalhado tanto, mas penso sempre em você. Mais de tardezinha que de manhã, mais naqueles dias que parecem poeira assentada aos poucos, e com mais força enquanto a noite avança. Não são pensamentos escuros, embora noturnos. Tão transparentes que até parecem de vidro, vidro tão fino que, quando penso mais forte, parece que vai ficar assim clack! e quebrar em cacos, o pensamento que penso de você. Se não dormisse cedo nem estivesse quase sempre cansado, acho que esses pensamentos quase doeriam e fariam clack! de madrugada e eu me veria catando cacos de vidro entre os lençóis. Brilham, na palma da minha mão. Num deles, tem uma borboleta de asa rasgada. Noutro, um barco confundido com a linha do horizonte, onde também tem uma ilha. Não, não: acho que a ilha mora num caquinho só dela. Noutro, um punhal de jade. Coisas assim, algumas ferem, mesmo essas são sempre bonitas. Parecem filme, livro, quadro. Não doem porque não ameaçam. Nada que eu penso de você ameaça. Durmo cedo, nunca quebra.
Daí penso coisas bobas quando, sentado na janela do ônibus, depois de trabalhar o dia inteiro, encosto a cabeça na vidraça, deixo a paisagem correr, e penso demais em você. Quando não encontro lugar para sentar, o que é mais freqüente, e me deixava irritado, agora não, descobri um jeito engraçado de, mesmo assim, continuar pensando em você. Me seguro naquela barra de ferro, olho através das janelas que, nessa posição, só deixam ver metade do corpo das pessoas pelas calçadas, e procuro nos pés delas aqueles que poderiam ser os seus. (A teus pés, lembro.) E fico tão embalado que chego a me curvar, certo que são mesmo os seus pés parados em alguma parada, alguma esquina. Nunca vejo você — seria, seriam?
Boas e bobas, são as coisas todas que penso quando penso em você. Assim: de repente ao dobrar uma esquina dou de cara com você que me prega um susto de mentirinha como aqueles que as crianças pregam uma nas outras. Finjo que me assusto, você me abraça e vamos tomar um sorvete, suco de abacaxi com hortelã ou comer salada de frutas em qualquer lugar. Assim: estou pensando em você e o telefone toca e corta meu pensamento e do outro lado do fio você me diz: estou pensando tanto em você. Digo eu também, mas não sei o que falamos em seguida porque ficamos meio encabulados, a gente tem muito poder de parecer ridículos melosos piegas bregas românticos pueris banais. Mas no que eu penso, penso também que somos mesmo meio tudo isso, não tem jeito, e tudo que vamos dizendo, quando falamos no meu pensamento, é frágil como a voz de Olivia Byington cantando Villa-Lobos, mais perto de Mozart que de Wagner, mais Chagal que Van Gogh, mais Jarmush que Wim Wenders, mais Cecília Meireles que Nélson Rodrigues.
Tenho trabalhado tanto, por isso mesmo talvez ando pensando assim em você. Brotam espaços azuis quando penso. No meu pensamento, você nunca me critica por eu ser um pouco tolo, meio melodramático, e penso então tule nuvem castelo seda perfume brisa turquesa vime. E deito a cabeça no seu colo ou você deita a cabeça no meu, tanto faz, e ficamos tanto tempo assim que a terra treme e vulcões explodem e pestes se alastram e nós nem percebemos, no umbigo do universo. Você toca na minha mão, eu toco na sua.
Demora tanto que só depois de passarem três mil dias consigo olhar bem dentro dos seus olhos e é então feito mergulhar numas águas verdes tão Cristalinas que têm algas na superfície ressaltadas Contra a areia branca do fundo. Aqualouco, encontro pérolas. Sei que é meio idiota, mas gosto de pensar desse jeito, e se estou em pé no ônibus solto um pouco as mãos daquela barra de ferro para meu corpo balançar como se estivesse a bordo de um navio ou de você. Fecho os olhos, faz tanto bem, você não sabe. Suspiro tanto quando penso em você, chorar só choro às vezes, e é tão freqüente. Caminho mais devagar, certo que na próxima esquina, quem sabe. Não tenho tido muito tempo ultimamente mas penso tanto em você que na hora de dormirvezenquando até sorrio e fico passando a ponta do meu dedo no lóbulo da sua orelha e repito repito em voz baixa te amo tanto dorme com os anjos. Mas depois sou eu quem dorme e sonha, sonho com os anjos. Nuvens, espaços azuis, pérolas no fundo do mar. Clack! como se fosse verdade, um beijo.
semana de Caio Fernando Abreu. como não tenho encontrado palavras dentro de mim pra definir o que sinto, o escolho. porque é como se falasse por mim. escolhi alguns do vários escritos dele. segue, conforme os dias passam.

Para uma avenca partindo:

— Olha, antes do ônibus partir eu tenho uma porção de coisas pra te dizer, dessas coisas assim que não se dizem costumeiramente, sabe, dessas coisas tão difíceis de serem ditas que geralmente ficam caladas, porque nunca se sabe nem como serão ditas nem como serão ouvidas, compreende? Olha, falta muito pouco tempo, e se eu não te disser agora talvez não diga nunca mais, porque tanto eu como você sentiremos uma falta enorme dessas coisas, e se elas não chegarem a ser ditas nem eu nem você nos sentiremos satisfeitos com tudo que existimos, porque elas não foram existidas completamente, entende, porque as vivemos apenas naquela dimensão em que é permitido viver, não, não é isso que eu quero dizer, não existe uma dimensão permitida e uma outra proibida, indevassável, não me entenda mal, mas é que a gente tem tanto medo de penetrar naquilo que não sabe se terá coragem de viver, no mais fundo, eu quero dizer, é isso mesmo, você está acompanhando meu raciocínio? Falava do mais fundo, desse que existe em você, em mim, em todos esses outros com suas malas, suas bolsas, suas maçãs, não, não sei porque todo mundo compra maçãs antes de viajar, nunca tinha pensado nisso, por favor, não me interrompa, realmente não sei, existem coisas que a gente ainda não pensou, que a gente talvez nunca pense, eu, por exemplo, nunca pensei que houvesse alguma coisa a dizer além de tudo o que já foi dito, ou melhor pensei sim, não, pensar propriamente dito não, mas eu sabia, é verdade que eu sabia, que havia uma outra coisa atrás e além das nossas mãos dadas, dos nossos corpos nus, eu dentro de você, e mesmo atrás dos silêncios, aqueles silêncios saciados, quando a gente descobria alguma coisa pequena para observar, um fio de luz coado pela janela, um latido de cão no meio da noite, você sabe que eu não falaria dessas coisas se não tivesse a certeza de que você sentia o mesmo que eu a respeito dos fios de luz, dos latidos de cães, é, eu não falaria, uma vez eu disse que a nossa diferença fundamental é que você era capaz apenas de viver as superfícies, enquanto eu era capaz de ir ao mais fundo, você riu porque eu dizia que não era cantando desvairadamente até ficar rouca que você ia conseguir saber alguma coisa a respeito de si própria, mas sabe, você tinha razão em rir daquele jeito porque eu também não tinha me dado conta de que enquanto ia dizendo aquelas coisas eu também cantava desvairadamente até ficar rouco, o que eu quero dizer é que nós dois cantamos desvairadamente até agora sem nos darmos contas, é por isso que estou tão rouco assim, não, não é dessa coisa de garganta que falo, é de uma outra de dentro, entende? Por favor, não ria dessa maneira nem fique consultando o relógio o tempo todo, não é preciso, deixa eu te dizer antes que o ônibus parta que você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente, você não cresceria se eu a mantivesse presa num pequeno vaso, eu compreendi a tempo que você precisava de muito espaço, claro, claro que eu compro uma revista pra você, eu sei, é bom ler durante a viagem, embora eu prefira ficar olhando pela janela e pensando coisas, estas mesmas coisas que estou tentando dizer a você sem conseguir, por favor, me ajuda, senão vai ser muito tarde, daqui a pouco não vai mais ser possível, e se eu não disser tudo não poderei nem dizer e nem fazer mais nada, é preciso que a gente tente de todas as maneiras, é o que estou fazendo, sim, esta é minha última tentativa, olha, é bom você pegar sua passagem, porque você sempre perde tudo nessa sua bolsa, não sei como é que você consegue, é bom você ficar com ela na mão para evitar qualquer atraso, sim, é bom evitar os atrasos, mas agora escuta: eu queria te dizer uma porção de coisas, de uma porção de noites, ou tardes, ou manhãs, não importa a cor, é, a cor, o tempo é só uma questão de cor não é? Por isso não importa, eu queria era te dizer dessas vezes em que eu te deixava e depois saía sozinho, pensando também nas coisas que eu não ia te dizer, porque existem coisas terríveis, eu me perguntava se você era capaz de ouvir, sim, era preciso estar disponível para ouvi-las, disponível em relação a quê? Não sei, não me interrompa agora que estou quase conseguindo, disponível só, não é uma palavra bonita? Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende? Dolorido-colorido, estou repetindo devagar para que você possa compreender, melhor, claro que eu dou um cigarro pra você, não, ainda não, faltam uns cinco minutos, eu sei que não devia fumar tanto, é eu sei que os meus dentes estão ficando escuros, e essa tosse intolerável, você acha mesmo a minha tosse intolerável? Eu estava dizendo, o que é mesmo que eu estava dizendo? Ah: sabe, entre duas pessoas essas coisas sempre devem ser ditas, o fato de você achar minha tosse intolerável, por exemplo, eu poderia me aprofundar nisso e concluir que você não gosta de mim o suficiente, porque se você gostasse, gostaria também da minha tosse, dos meus dentes escuros, mas não aprofundando não concluo nada, fico só querendo te dizer de como eu te esperava quando a gente marcava qualquer coisa, de como eu olhava o relógio e andava de lá pra cá sem pensar definidamente e nada, mas não, não é isso, eu ainda queria chegar mais perto daquilo que está lá no centro e que um dia destes eu descobri existindo, porque eu nem supunha que existisse, acho que foi o fato de você partir que me fez descobrir tantas coisas, espera um pouco, eu vou te dizer de todas as coisas, é por isso que estou falando, fecha a revista, por favor, olha, se você não prestar muita atenção você não vai conseguir entender nada, sei, sei, eu também gosto muito do Peter Fonda, mas isso agora não tem nenhuma importância, é fundamental que você escute todas as palavras, todas, e não fique tentando descobrir sentidos ocultos por trás do que estou dizendo, sim, eu reconheço que muitas vezes falei por metáforas, e que é chatíssimo falar por metáforas, pelo menos para quem ouve, e depois, você sabe, eu sempre tive essa preocupação idiota de dizer apenas coisas que não ferissem, está bem, eu espero aqui do lado da janela, é melhor mesmo você subir, continuamos conversando enquanto o ônibus não sai, espera, as maçãs ficam comigo, é muito importante, vou dizer tudo numa só frase, você vai ......... ............ ............. ............ .......... ........... ............. ............ ............ ............ ......... ........... ............ ............ sim, eu sei, eu vou escrever, não eu não vou escrever, mas é bom você botar um casaco, está esfriando tanto, depois, na estrada, olha, antes do ônibus partir eu quero te dizer uma porção de coisas, será que vai dar tempo? Escuta, não fecha a janela, está tudo definido aqui dentro, é só uma coisa, espera um pouco mais, depois você arruma as malas e as botas, fica tranqüila, esse velho não vai incomodar você, olha, eu ainda não disse tudo, e a culpa é única e exclusivamente sua, por que você fica sempre me interrompendo e me fazendo suspeitar que você não passa mesmo duma simples avenca? Eu preciso de muito silêncio e de muita concentração para dizer todas as coisas que eu tinha pra te dizer, olha, antes de você ir embora eu quero te dizer quê.
Caio Fernando Abreu

terça-feira, 8 de setembro de 2009

é assim que tem que ser. não tem jeito. é sempre saudade. e será não sei até quando. não sei se temporariamente. não sei se permanentemente. não sei.
e é assim que tem que ser. o não saber. e o conformismo. porque, se eu gritar pro mundo todo, pedindo respostas, não vai adiantar. vai continuar sendo sempre assim. e eu tenho que aceitar. e me adaptar. e me moldar a isso. ou então jogar tudo pro alto e correr pra bem longe daqui.
mas é isso que é difícil. e é disso que tenho medo. jogar pro alto. e se for tudo temporário? e se um dia tudo mudar de uma hora pra outra? não quero que seja tarde. não quero que tudo tenha caído no chão e se espatifado. é muito forte pra jogar pro alto e esperar quebrar. não quero que quebre. nem que amasse. quero intacto. por mais que saiba que, a cada dia, é o que menos acontece.
eu tenho medo de uma consciência que anda crescendo aqui dentro de mim. uma consciência que não quero por perto. negação mesmo. mas ela parece cada vez mais forte. e eu vou entendendo tudo. cada ponto e vírgula. cada ação e reação. uma consciência que foge de qualquer controle que eu possa ter sobre mim mesma. nem o inconsciente passa por cima mais. e eu não sei até que ponto isso é satisfatório, contrapondo com o meu desejo. isso. é isso. é a consciência de um lado. e o desejo de outro. em completos caminhos opostos.
é ainda forte. ainda me dá arrepios. e borboletas. ainda sinto calafrios quando parece que tudo o que eu crio aqui dentro vai dar errado. ainda é bonito quando dá certo. e é lindo quando dá muito certo. e é saudade no dia seguinte. e é consciência de que o dia seguinte será um dia qualquer. sem a parte final que eu criei. sem a expectativa de uma ligação falando que me quer de novo. e de novo. e de novo. é só um dia sem graça. de lembranças.
não sei mais. tudo grita. e não sei se é dor. se é desespero. se é saudade. ou vontade.
.
reluto contra a complexidade.
reluto contra os fatos.
reluto contra mim mesma.

Caio Fernando Abreu:

Amor não resiste a tudo, não. Amor é jardim. Amor enche de erva daninha.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

desabafo momentâneo:

ainda me dá borboletas. muitas.

sábado, 5 de setembro de 2009

com.fusão.

eu não entendo. cada vez entendo menos e é sempre quando quero entender mais. não entendo a maneira de agir diferente, a todo instante. a falta num dia. a secura no outro. não entendo as palavras lindas num sábado. as feias no sábado seguinte. o sumiço e a procura. a trilha sonora ontem, a falta de melodia amanhã.
eu não entendo tantas coisas, sempre quando eu rezo pra entender.
queria poder ter um pouco menos de pulsação por você. e um pouco mais de racionalidade pra poder ver um aspecto diferente nisso tudo. um pouco menos de sentimento pra não querer a todo instante. um pouco mais de frieza pra aceitar a impotência. ou então pra mandar pra longe algo que meu coração insiste em puxar pra perto.
eu queria um pouco mais de respostas suas. Essas mesmo que nem você sabe responder. e eu sei que você não sabe, mas insisto que você saiba e me dê. pra cessar o sangramento que não pára e me deixa anêmica. fraca.
queria menos perguntas na minha cabeça. e um pouco mais de objetividade. aceitar as coisas como se mostram e não como eu sei que deveria ser e não é por N motivos. mesmo quando há desejo dos dois lados. e ternura. e carinho.
eu queria menos impulsividade. e menos expectativas. essas duas coisas que eu insisto em proteger, como se fossem positivas. mesmo tendo consciência de que não são. mas eu gosto. gosto de explodir e gosto de imaginar como seria. ou como será. baseada no meu desejo de querer. e na idéia de como deve ser.
é sempre o “gostaria” e “deveria” que me rondam a todo instante. no final das noites de um fim de semana repleto de vazio. nunca é “gosto” ou “é”. é sempre “se”.
eu queria que você não fugisse sempre. nem me deixasse parada. esperando. implorando qualquer tipo de resposta. e depois imaginando porque você fez isso. se por medo, ou por indiferença, ou por raiva. e daí as suposições voltam e as expectativas são reforçadas... e tudo vem à tona.
aquela fraqueza minha que eu tinha amassado aqui dentro do peito, pra sumir. a vulnerabilidade que você desperta em mim. e o amor. porque pra mim é isso que eu sinto. mesmo com medo de que você não sinta igual. mesmo que não seja nem de longe parecido. pra mim é isso. é o que eu sinto.
eu queria menos silêncio.
menos dúvidas.
mais certezas.
menos distância.
mais você.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

sentido.

não gosto de bandinhas emo, mas a letra dessa música é linda:


Desde Quando Você Se Foi
Composição: Lucas Silveira

Mais uma história com um final
Mais um coração partido
Um novo fim pra um amor normal
Mais um choro sem sentido.
Não há razão pra te escrever
Perdi a razão ao encontrar você
E as minhas palavras se misturam
Num mar de falsas canções
E te dizer...

Que amor não senti é mentir pra mim
E mesmo que seja melhor assim (Te dizer...)
Não posso negar que eu quero voltar
Eu sempre quis nunca precisar
Te dizer...

Que desde quando você se foi
Me pego pensando em nós dois
E eu não consigo ver onde que eu errei
Se um dia eu fiz você chorar
Nem meses vão te recuperar
Mais uma chance pra mostrar que eu mudei

Você diz que
É só de amor que eu sei falar
Mal sabes que
Se eu soubesse eu tentaria te ligar!
Pra dizer...

Que amor não senti é mentir pra mim
E mesmo que seja melhor assim (Te dizer...)
Não posso negar que eu quero voltar
Eu sempre quis nunca precisar
Nunca precisar

Que desde quando você se foi (Voce se foi)
Me pego pensando em nós dois (Em nós dois)
E eu não consigo ver onde que eu errei (Que eu errei)
Se um dia eu fiz você chorar (Voce chorar)
Nem meses vão te recuperarTe perdendo eu cresci tanto
Que eu não sei se eu quero mais te encontrar

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

é. pra mim é isso. é sempre amor. o que me faz seguir adiante é sempre o amor. ponto. já disse. não só o romântico. qualquer tipo de amor. se eu não vejo amor no caminho, nem perco tempo em seguir a estrada. abandono e encontro um atalho que me faça seguir em frente, a procura de algo que transborde de amor pra eu poder acompanhar. e pra poder viver da maneira como eu gosto. regada por um sentimento que me faz bem. simplesmente faz.
não me importo com mais nada. não me importo com dinheiro em abundância. nem com luxos. nem com objetos. não me apego. só me apego ao que transmite esse sentimento tão bom. não quero ser diferente, entende?
alguém aí fora entende que eu sou feliz assim? posso não ser a pessoa mais feliz do mundo. pros outros. posso sofrer um bocado e me trancar e me fechar pro mundo por alguns momentos. posso ser infantil pra uns. Idiota pra outros. desequilibrada pra todos. mas eu sou assim. e amo ser assim. sou feliz.
a verdade é que eu acredito na força e na energia que esse sentimento traz pra vida das pessoas. e continuo batendo na mesma tecla, aquela que diz que as pessoas são vazias JUSTAMENTE pela falta de amor na vida delas. acredito plenamente nessa minha idéia. que nem é tão minha. é de uma minoria de pessoas que vive a vida como eu. que são felizes da mesma forma que eu.
disse pra Ka dia desses... nascemos na época errada. parcialmente, eu diria. numa época em que nada mais importa do que a si próprio. e, pra ser justa, não acho que se abandonar é bom. não mesmo. mas, ter complexo de Narciso é péssimo. e é isso que a maioria das pessoas tem. um egocentrismo exacerbado, um vocabulário cheio de “eus” a todo instante. antigamente não era assim. pelo menos não dessa forma. Acredito que as pessoas se importavam com as outras, davam mais valor e se permitiam ter mais tempo pra analisar os próprios sentimentos e as próprias sensações.
ando cansada das pessoas. com preguiça mesmo. cansada de tanta falta de bom senso, completamente inconsciente. cansada de tanto vazio espalhado por aí. cansada do excesso de ação com falta de conteúdo. com a falta de perspectiva de uma evolução emocional.
cansada de me sentir vazia pelo vazio alheio.
não quero ter que me adaptar.
insisto.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

reflexão.

li hoje uma reportagem da revista OFFLINE, que recebo mensalmente em casa por causa do Felipe, que trabalhava lá. por coincidência, escreveram sobre a liberdade de expressão em prol do prazer. achei interessante, tirando o fato deles abordarem essa liberdade como um aumento do AMOR entre as pessoas atualmente. discordo. o que mais falta hoje em dia, também devido a essa liberdade, é a falta de amor mesmo. não digo a liberdade das experiências diversas entre diferentes sexos. mas sim a importância que se dá ao prazer, descartando a todo instante as pessoas, quando tudo se torna um pouco mais complicado, pelo fato de começar um envolvimento emocional com o Outro. o medo de se entregar é demasiado grande, e isso faz com que as pessoas se descartem com facilidade.
enfim, segue uma parte da reportagem, que achei interessante:


ADORO UM AMOR INVENTADO
Raoni Nicolai


Quem ousa dizer qual é a orientação sexual de Mick Jagger? E David Bowie? Ele curte ser sodomizado no seu alterego Ziggy Stardust se revelando uma bichona, ou ele prefere mesmo o calor de sua mulher? Paulo Coelho era um libertino com tendências gays ou apenas um curioso hippie desvirtuado pelas drogas quando deu o seu "olho de tandera" três vezes para ver simplesmente se gostava? Concluiu que não! Para quem interessa tudo isso, afinal de contas? Cada um cada um.

O fato é que se tornou bastante difícil rotular as pessoas em suas orientações sexuais, mesmo para os que amam rótulos. O que está rolando é um verdadeiro culto ao prazer e à liberdade, não importando com quem.

"Mas uma vezinha só e já é gay?", como perguntou um dia uma professora indignada. Para os mais conservadores, sim, sem sombra de dúvidas. Só o fato de cogitar a respeito já lhes faz gay; para os liberais, é apenas curiosidade e prazer descabido de preconceito e hipocrisia. Por isso tantas pessoas tiveram experiências ditas homossexuais e não se consideram homossexuais ou nem mesmo bissexuais.

Mas sabem quando você é criança, vai para a casa da vovó e ela pergunta se você gosta de berinjela? Você diz que não, sem pestanejar. Mas, quando a vovó descobre que, na verdade, você nunca comeu, ela diz: "Como você sabe que não gosta se nunca experimentou?". Cof, cof, cof.

Para muitos, é esse o ponto. E levam o conselho da vovó a sério. Claro que dificilmente alguém tentará algo se não houver curiosidade o bastante para isso, ou mesmo uma certa inclinação ou ainda estômago. Mas o maior ponto é a quebra do preconceito que, nos dias de hoje, permite às pessoas experimentarem coisas pela "mera" curiosidade, mesmo que seja para considerar, mais a frente, que aquela "não é a sua"; como o Paulo Coelho.


Essa atitude "desapegada", que encontramos em muitos lugares, ressoa do sexo livre do movimento hippie, dos anos 70, do feminismo e da geração "mais amor do que paz" norte-americana, que nos influencia até hoje. Soma-se a essas quebras a influência dos astros do rock e dos artistas liberais de forma geral, de um Mick Jagger na cama com David Bowie, da Madonna beijando a Britney, da mídia adoradora de sexos alternativos e de escândalos, sempre sedenta por mudanças e revoluções de comportamento... Com a globalização, a TV, a internet... ficou fácil ter referências, quebrar tabus, saber-se "normal"... Todas estas coisas nos aproximaram mais e mais das diferenças. E, de repente, sem uma moralidade rígida, nos vemos convivendo naturalmente com ela. Foram aspectos que levam geração após geração a pensarem mais em suas necessidades sem preconceito e maior aceitação com sua vontades.

Claro, às vezes tudo não passa de puro marketing. Por um lado, marketing pessoal; por outro, um marketing positivo da tolerância e da liberação. E quem também vai ousar dizer que, hoje em dia, não é cult ser bi? Modismo? Sempre um pouco! Mas o fato é que o mundo mudou e ele permite que as pessoas manifestem seus desejos mais livremente. É tempo de aceitação. Afinal, se eu gozar melhor, que mal tem?

O Orkut sacou isso ao não colocar bissexual como uma das possibilidades para orientação sexual, mas sim "bi-curious"; ou "bi-curioso". Faz mais sentido nos dias de hoje.
Como diria a mesma vovó: "Aonde o mundo vai parar?". Se é que para! hehe



P.S: destaquei as partes em que acho explícito um pouco do que eu introduzi antes da reportagem.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

calmaria.

toda vez que tenho medo de alguma coisa, é com ele que quero falar. engraçado, porque a gente costuma procurar alguém que transmita alguma segurança, no sentido de estar perto mesmo, pra poder ajudar. e, de fato, ele não está o tempo todo. teima em fugir quando eu começo a ter certeza de que vai ficar.
e, mesmo assim, quando o medo aparece, é ele que penso em procurar. talvez pela voz tranqüila. talvez porque parece sempre que está sorrindo quando fala. e, se sorri, é porque está tudo bem. e é disso que preciso. de tudo bem. talvez porque sempre tem uma notícia boa pra me contar. e isso me alegra. ou então porque, quando ouço a voz, lembro do rosto. e depois dos momentos todos. e me acalma.
e, por ter receio de procurar, eu resolvo então só imaginar. e lembro de tudo. do começo, do meio. sem fim. porque não teve fim. lembro de todos os detalhes. de nós. junto. das músicas que ainda tocam no meu rádio. das conversas. dos olhares. sem palavras. dos momentos que pareciam uma eternidade, contrapondo o relógio que fazia as horas passarem rápido demais. das surpresas.
sempre lembro. ainda mais quando tenho medo.
me faz sair desse meu mundo. e voltar pro meu mundo paralelo, que eu teimava em entrar quando estava com ele. e adorava. tanto. a ponto de não querer nunca mais sair.
...
estou com medo.
e queria ele por perto.
mesmo tendo o tempo todo.
em mim.

domingo, 30 de agosto de 2009

sempre ela:

"Estou sentindo uma clareza tão grande que me anula como pessoa atual e comum: é uma lucidez vazia, como explicar? assim como um cálculo matemático perfeito do qual, no entanto, não se precise. Estou por assim dizer vendo claramente o vazio. E nem entendo aquilo que entendo: pois estou infinitamente maior que eu mesma, e não me alcanço. Além do que: que faço dessa lucidez? Sei também que esta minha lucidez pode-se tornar o inferno humano - já me aconteceu antes. Pois sei que - em termos de nossa diária e permanente acomodação resignada à irrealidade - essa clareza de realidade é um risco. Apagai, pois, minha flama, Deus, porque ela não me serve para viver os dias. Ajudai-me a de novo consistir dos modos possíveis. Eu consisto, eu consisto, amém."

Clarice Lispector

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

sinceramente...

sendo sincera comigo mesma, a real é que eu ainda não te esqueci. ponto. cansei de mentir pra mim mesma e fingir que é como se as coisas nunca tivessem acontecido. porque, quando a música toca, é de você que eu lembro. quando eu olho pro céu e vejo as estrelas, é você que eu vejo. quando eu sonho, é sempre com você no meio. e eu sempre aperto o botãozinho do meu celular, pra tela acender e eu ver se tem uma mensagem ou um telefonema seu. vejo crepúsculo e lembro de você lembrando de mim. eu, bella. você, edward. não vou mais me enganar. não faz sentido.
a única diferença disso tudo, é que agora eu já me conformei que eu e você nunca seremos nós. e essa é a parte que continua a doer, mas não tanto como antes. eu tive que racionalizar. questão de necessidade mesmo. eu tive que entender que o ‘nós’, nessa história, fica de fora. que existe sim um 'nós', momentâneo. mas é isso. é do momento. e, se eu quiser ter você mesmo, tem que ser apenas por alguns minutos. em alguns lugares. específicos. e só. eu já sei de tudo isso. já assimilei pensamentos com fatos. e virou tudo real.
a fantasia já acabou. aparece em alguns momentos, naqueles meus momentos em que acho que tudo é possível. em que acho que você vai aparecer aqui na porta de casa, pedir pra eu descer, falar que eu sou o amor da sua vida e que é comigo que você quer ficar. sem medos. sem receios. sem nada.
mas isso acontece normalmente em sonhos. dormindo. acordada. quando eu olho pro nada e me perco ali mesmo. nos pensamentos. e depois eu volto a colocar meus dois pés no chão, pra não cair, e realizo. não é nada disso. é só fantasia.
mas eu ainda te quero. isso eu não vou mais negar. eu ainda sinto você por perto. e ainda quero estar perto. ainda gosto de saber de você. e penso o tempo todo. e me arrepio quando penso e você me liga. ou manda mensagem. porque eu ainda sinto nós dois no mesmo lugar. e sei que a nossa ligação é mais forte do que qualquer uma que já tive. eu ainda penso em te encontrar do nada. em te abraçar e não te soltar nunca mais. em dar beijinhos nos olhos. em pedir pra você sorrir pra mim. e fazer cafuné. e eu me irrito quando todo mundo te vê, menos eu. ou quando estamos no mesmo lugar e não nos vemos. e eu bodeio e você bodeia. sem um saber do outro. é o mesmo movimento, o tempo inteiro.
eu ainda gostaria que as coisas fossem diferentes. sempre penso nisso. nessas horas eu queria ter o tal do controle sobre todas as coisas, sabe? mas eu não tenho. eu só tenho o desejo. e o direito de ficar parada. observando. e esperando.
eu ainda te conheço inteiro. e ainda sei como você vai agir em tais momentos. em outros eu não sei. mas morro de vontade de saber. eu ainda falo de você. todo mundo já cansou, então falo menos. mas, quando não é pros outros, falo pra mim mesma, aqui dentro. ou então pro meu caderno. ou pro blog. ou digito uma mensagem e não mando. só pra matar a vontade de escrever algo e fingir que você leu. e é a mesma música que toca quando você liga. e o mesmo susto que eu tomo toda vez que toca. e a mesma espera no dia seguinte, pra que toque de novo.
o movimento é o mesmo. só a maturidade do sentimento que é outra. a aceitação do “não” concreto. e de todos os obstáculos que eu finjo não saber, mas sei quais são. e as respostas que você não sabe me dar, e eu insisto em pedir.
é tudo igual.
eu e você.
não nós.
e o querer. intacto.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

agora:

preciso de um abraço. bem demorado. quente.
dele.

frio.

ando sem palavras. e isso me assusta um pouco. eu vivo delas. como se me completassem mesmo. e agora elas resolvem sumir.
me sinto – ainda – vazia. o movimento não muda. pulo de um vazio para o outro. como se não houvesse algum lugar cheio pra eu ficar. quieta. ouvindo barulhos. pessoas. sons. vozes. pra preencher esse meu silêncio.
o silêncio que me incomoda. é isso. antes eu falava. um turbilhão de pensamentos me rondava. noites afora. e, agora, só o silêncio. não sei mais o que falar. só repetições. nada realmente novo. e, então, pra não ficar quieta, eu repito. procurando um possível preenchimento do vazio. que não acontece.
não entendo mais o que é tudo isso. bom ou ruim? não sei. a falta de definição me angustia. é necessária. AGORA.
penso - pois preciso pensar - que é um momento mais maduro. aquele momento em que se tem consciência da realidade, mas ela ainda não se encaixa no molde do coração. e daí você corta as rebarbas e redefine o formato, pra ver se encaixa sem machucar.
deve ser isso. não tem outra explicação. sinto falta de quando explodia sentimentos aqui dentro e eu ainda via um caminho cor-de-rosa.
agora vejo os dias como estão. nublados.
me sinto dura por dentro.


e não gosto.

domingo, 23 de agosto de 2009

momento.

uma romântica, como eu, me passou essa música. não canso de ouvir. resolvi postar.

Romanticos
Rita Ribeiro
Composição: Vander Lee

Românticos são poucos
Românticos são loucos desvairados
Que querem ser o outro
Que pensam que o outro é o paraíso

Românticos são lindos
Românticos são limpos e pirados
Que choram com baladas
Que amam sem vergonha e sem juízo
São tipos populares que vivem pelos bares
E mesmo certos vão pedir perdão
E passam a noite em claro
Conhecem o gosto raro
De amar sem medo de outra desilusão

(Romântico é uma espécie em extinção)

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

id.entificando.

é uma daquelas sensações em que se sabe que não se está sozinha e, mesmo assim, parece que não há braços e abraços pra te acolher.
ninguém sabe o que te dizer. e, se sabe, não diz. e, se diz, você não ouve. porque não é aquilo exatamente que você gostaria de ouvir. é a negação.
é o não querer aceitar aquela resposta. como se houvesse outra possibilidade. sem realmente haver. e é a consciência disso tudo. lutando do outro lado.
mas, entre racional x emocional, aqui dentro? a luta definitivamente é em vão. e todo mundo já sabe quem vence. sempre.
mas, o que se pode fazer?
é a saudade. é a vontade. é o desejo. todos juntos. e misturados. o que se faz com eles todos?
pra quem falar, pela 50a. vez sobre isso? ninguém entende mais. nem eu. muito menos lá fora. nunca esqueço que lá fora é tudo mais "fácil" e tem o botão de OFF. esse maldito botão que me assombra todos os dias.
e minha mãe dizendo que me entrego demais e que isso sufoca. e eu sem entender o porquê de tudo isso.
a vida deveria ser fácil. e na verdade é. só não parece. e é isso que não entendo.
"nós" deveria ser fácil. e daí se der errado? e daí se um de nós quebrar a cara? e daí se não tiver "nós" amanhã?
eu quero o hoje. TE quero hoje. amanhã eu já nem sei. nem você sabe.
ninguém aguenta mais ouvir isso. ninguém quer ouvir isso. e daí a falta de braços e abraços.
e daí o vazio.
aquele vazio que eu tinha certeza que tinha ido embora. como uma boa enganadora de si mesma. e só tava latente.
anestesiado por um monte de sintomas físicos e remédios antiflamatórios e analgésicos.
louco pra gritar.
...
pois gritou.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

consciência.

ele já sabe. sabe que, quando eu precisar de um abraço, ele não vai estar aqui pra me dar. não porque não queira. porque não tem forças suficientes pra abrir os braços, enquanto o resto do seu corpo se fecha.
ele já sabe. sabe que, quando eu pedir carinho, ele não vai poder me dar. não porque não queira. porque ele não consegue resgatar o carinho de dentro.
ele já sabe. sabe que, quando eu quiser olho no olho, ele não vai poder me dar. não porque não queira. porque ele não consegue abrir os olhos sem se mostrar inteiro. e tem medo de aparecer.
ele já sabe. sabe que, quando eu quiser batimentos mais fortes, arritmias por mim, ele não vai poder me dar. não porque não queira. porque ele tem medo de fazer bater e ter uma parada cardíaca.
ele já sabe. sabe que, quando eu quiser amor numa terça-feira chuvosa, ele não vai poder me dar. não porque não queira. porque ele tem medo da chuva molhar o que ele luta em proteger.
ele já sabe. sabe que não consegue. sabe que é maior do que ele mesmo. sabe que pulsa forte demais.
eu sei que ele sabe. soube agora. soube sempre.
eu já sei. sei que ele não consegue. sei da metade. vejo o todo.
mas o todo não é meu. só metade. meio coração.
pra um bocado de sentimento.
hoje sei.
e me machuca.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

prazer, amor.

lá fora tudo parece mais fácil. para os românticos. como eu. fácil porque ninguém parece se importar com nada mais. as pessoas têm se tornado “descartáveis”. e é essa a palavra que Bauman usa quando discute sobre a fragilidade dos laços humanos. “amor líquido” o nome do livro. título triste. eu acho, pelo menos.
e, então, se o amor parece difícil de se construir, é descartado. e, então, se aquela pessoa não é perfeita, como você achava que era, é descartada. e, então, se você acha que existe alguém melhor do que a pessoa que está ao seu lado, a descarta. e, então, se seu amigo cometeu um erro, como todos os seres humanos cometem – inclusive você -, é descartado.
tudo muito fácil. lá fora.
e tudo parece muito difícil. aqui dentro. porque não acontece assim para os românticos. como eu. descartar o amor é impossível. qualquer formato dele. eu digo pros meus amigos: vocês vão jogando fora o amor e eu vou recolhendo atrás. pego tudo. guardo num potinho. cuido dos machucados. conserto os quebrados. admiro os que estão bem. e daí, quando eu vejo alguém descrente, abro o potinho, pego um lá de dentro e entrego pra pessoa. presente. mas a pessoa vai lá, usa, abusa, desiste e joga fora. de novo. e eu recolho. mais uma vez.
parece fácil lá fora. para os românticos. como eu. mas, na verdade, é bem difícil. porque, lá fora, está todo mundo sozinho. tudo está sempre vazio. e as pessoas não percebem. e, se percebem, não aceitam. é muito mais fácil a descrença no amor. pra elas. descartar antes de ser descartado. desacreditar, antes que seja “tarde” demais.
é muito fácil aqui dentro. para os românticos. como eu.
eu não estou sozinha. tenho potes e potes de amor comigo.
me fazendo companhia.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

in. pulso.

continuo impulsiva.
não acho que terapia alguma vá mudar esse meu lado. talvez porque, assim como gosto que coisas inesperadas aconteçam comigo, gosto de fazer coisas inusitadas. não pensar muito nas conseqüências e simplesmente fazer. de imediato. assim como a Clarice diz, às vezes acerto por intuição, às vezes erro por completo.
nessas últimas vezes, confesso que tenho errado bastante. minha intuição tem falhado. ou as coisas não têm acompanhado o ritmo do meu corpo, ou eu não tenho acompanhado o movimento das coisas.
todos os ganhos concretos me parecem demasiado distantes. não sei se se distanciam pela impulsividade - essa vontade de viver que pulsa o tempo todo. ou se se afastam por circunstâncias da vida.
"não sei" talvez porque tenha medo. medo de descobrir que a culpa é minha. que a distância foi causada por mim. por mais que, do outro lado, eu já me culpe o tempo inteiro. mas é uma punição consciente. pra tentar achar uma explicação que me alivie, eu me culpo. por mais irônico que pareça. isso realmente me alivia. só pelo fato de saber o porquê de tudo.
mas eu sei que são suposições.
e, da verdade mesmo, dela eu fujo. não quero saber. e se a culpa for realmente minha? não quero que se distanciem de mim pela minha vontade de viver. nem quero deixar de lado essa vontade.
não quero me perder de mim.
nem perder.
outra vez.

domingo, 16 de agosto de 2009

aquilo que não se vê.

abre a porta do seu mundo. e me deixa entrar. como se não houvesse fechaduras. e como se no mundo só houvesse ‘sim’. me olha nos olhos e não fala nada. só me olha e me vê. inteira. descobre todos os meus segredos sem que eu queira. me invade. toda. como se você quisesse me possuir. e, então, me possui. e finge que somos um corpo e uma alma. só. e depois diz que é louco por mim.
não me promete nada, por favor. as promessas geram expectativas e as expectativas se tornam cobranças. e aí tudo fica chato.
me pega de surpresa. isso. eu adoro surpresas. o inesperado me devora toda. e eu adoro cada segundo seguinte que se segue de surpresas e novidades.
não diz que não vai me deixar. porque eu acredito. toda vez é assim. quando eu me apaixono tudo parece a mais pura verdade. e eu não quero me decepcionar. então só me diz que você é meu HOJE. e eu sou sua. pra sempre. sem que você saiba, mas já sabendo. aquela coisa engraçada, sabe?
passa as mãos nos meus cabelos e desliza pro meu rosto. eu adoro quando fazem isso. me sinto bonita. vai entender... só sei que me sinto. bonita e segura. mas faz tudo isso olhando nos meus olhos. sem falar nada.
agora me beija. com delicadeza. como se cada segundo fosse uma eternidade e como se o tempo fosse só nosso. e, então, vai mudando o ritmo e a intensidade. e me devora e me aperta em você. toda. no seu corpo. como se você não fosse me largar nunca mais.
e diz então, de novo, que é louco por mim.
e me ama. e eu te amo.
sem querer, querendo.
sem saber, sabendo.
pra sempre.

sábado, 15 de agosto de 2009

cansada.

sabe por que eu escrevo?
porque têm coisas que eu simplesmente não consigo falar. entala aqui na minha garganta. medo. insegurança. comodismo. não sei.
só sei que, escrevendo, parece que o mais difícil se torna mais fácil. uma facilidade que escorre pelos dedos e se tornam palavras. e palavras são bonitas. ou pelo menos deveriam ser.
o mais difícil de falar é sobre as nossas dificuldades. nossas angústias. e escrever parece mais fácil porque se sabe que a folha de papel e a caneta não vão te julgar. só vão "ouvir".
hoje eu acordei cheia de "dificuldades". de todas as formas. tamanhos. cores. cheiros. e, pra ser franca comigo mesma, eu preciso dizer que não estou sabendo lidar com nenhuma delas. acho que é porque eu estou de saco cheio de dificuldades aqui dentro. o tal de dispositivo "foda-se" não está funcionando hoje. nem funcionou ontem. e não sei se amanhã já terei consertado.
eu me importo, sim. não adianta. me importo com as coisas fáceis que se tornam difíceis por conseqüências naturais, ou não. por culpa minha, ou dos outros.
eu queria poder escorrer entre os dedos e transformar em palavras a solução de todas as tais dificuldades, que surgem sem eu chamar.
hoje eu precisava encontrar a minha "paz". agarrar com toda força, me enfiar debaixo do edredon e esquecer que existe vida além da minha. alma.
não quero mais falar.

.

mais uma vez.
sempre igual.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

desejo latente.

Queria um abraço bem apertado. De alguém que sentisse borboletas no estômago por mim. De alguém que me olhasse com os olhos brilhando e que, por alguns instantes, se perdesse e se transportasse pra perto de mim. Que nem a Pitty diz. Que me equalizasse numa seqüência que só a gente soubesse. Que tivesse meu manual de instruções.
Queria alguém que só aceitasse a condição de me ter só pra ele, como o Marcelo Camelo. E que gostasse tanto de mim, que preferisse esconder - mas só por alguns instantes -, que nem o Lulu. Alguém que, caso desse alguma bobeira e discutíssemos, me procurasse em outras pessoas e não conseguisse, igual o NxZero. E que sempre lembrasse do meu jeito, assim como o Chimarruts. E que apertasse o 12, que é o meu andar, pra continuar uma conversa que ainda não terminamos, sem ser a Cássia Eller.
Eu queria uma pessoa assim. Várias melodias e letras e músicas misturadas, transformadas em alguém só pra mim.
...
E a única coisa que ouço over and over again é: eu estava aqui o tempo todo, só “você” não viu...

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

para-lelo.

Que eu vivo num mundo completamente paralelo do mundo real, eu já sabia. O que eu não sabia era que isso é ruim. Pros outros, não pra mim. Eu criei esse mundo paralelo que nem a Ally McBeal criou o dela, no seriado. Já assistiram? Pois assistam. Ela criou um mundo paralelo dela porque cansou de frustrações. Ela cansou de ter que se entregar a amores pela metade. Cansou de ter que tentar algo que sabe que não vai conseguir.
Eu sou assim também, ponto.
Pra mim, as nuvens são algodão doce. Morro de vontade de dar o maior pulo do mundo e pegar um pedaço pra experimentar. Juro. Ou então, abrir a janelinha do avião e esticar o braço pra ver se alcanço. Pra mim, eu vou um dia conseguir alcançar o céu. E, tudo lá de cima será visto da mesma cor: azul. Pra mim, existe uma história bonita e com final feliz, daqueles: “e viveram felizes para sempre”. E existe alguém que vai me amar igual, sem mais nem menos. Pra mim, o dinheiro nem compra a coisa mais importante do mundo. Aliás, nesse meu mundo paralelo, nem existe dinheiro. Não faz sentido o dinheiro lá. Não sei porque, mas não faz. Pra mim, as pessoas deveriam andar com coraçãozinhos nos olhos, toda vez que estivessem apaixonadas. Ia ser bonito.
E daí, quando eu saio desse mundo paralelo, porque, INFELIZMENTE, eu sou obrigada a pisar um pouco no chão, vem um monte de gente pra mim, falar que ser racional é mais legal. Que ser emocional é para os fracos. E eu não entendo nada. Dos outros. Onde existe beleza e felicidade na racionalidade? Eu não sei. Talvez seja mais fácil. Mais cômodo. Mais eficaz pra viver em “paz”. Isso eu concordo. Mas quem disse que ser fácil é bom? Quem disse que comodismo é tendência?
Eu visto máscaras pra tentar me mostrar um pouco igual. Porque eu cansei de ouvir que não vai dar certo, sabe? Eu cansei de pessoas falando que eu tenho que ser emocionalmente mais adulta e me abrir pras possibilidades que eu não vejo como tais. Daí eu finjo tal maturidade. Pra viver na minha paz. Pra poder continuar entrando, toda vez que acho justo, no meu mundinho paralelo. E pra não deixar de acreditar que realmente as nuvens são doces. Assim como todo resto desse meu mundo.

sintonia.

parte-se do pressuposto de que as coisas nem sempre se mostram da forma como realmente são. talvez por um movimento intencional, ou não. e, como resultado, o inesperado. espera-se por algo que não se sabe. mais uma vez. e, ao saber, a surpresa. compreensível?
não sei. mas, real.
parte-se, agora, do pressuposto de que as coisas deveriam parecer ser o que são. por um movimento intencional, ou não. como resultado, o inesperado. espera-se por algo que não se sabe. mais uma vez. e, ao saber, a surpresa.
compreensível?
não sei. mas, irreal.
qual sua escolha, pequena criança?
qual?

terça-feira, 11 de agosto de 2009

21:55.

de agora em diante, a cada dia e a cada noite, eu me permito.
a todas as possibilidades.
amém.
Acordo pensando. Muitas coisas querem ser pensadas aqui dentro. Gritam, pedem atenção. E eu finjo que não ouço. Prefiro assim. Acordada, parece tudo fácil. Finjo que tenho aquele botão de OFF que a Ju tanto fala que as pessoas parecem ter. Menos nós. E a gente implora, às vezes, pra ter um botão desses que funcione. Mas não adianta. Não existe. Nascemos sem qualquer tipo de dipositivo, que apague qualquer tipo de sentimentos, sensações e emoções que ousam gritar o tempo todo: to aqui! To aqui! E então eu resolvo fingir. Pra mim mesma. Me enganando, só pra falar que eu sou a mais desencanada e a mais "total cool fashion". E quando eu fecho os olhos, não é porque to pensando e lembrando e imaginando tudo. É porque eu to cansada e quero descansar. E quando eu olho pro nada, não é porque eu to num mundo paralelo, onde tudo parece possível. É porque ta chato lá fora. E quando eu sinto dor no peito, não é dor de saudade. É sintoma de doença. Prefiro pensar assim agora. Prefiro que seja assim. Criei um dispositivo imaginário, algo simbolicamente artificial, pra fingir que eu sou que nem todas as pessoas que descartam qualquer possibilidade de felicidade e de sentimento. Resolvi fingir que sou assim. Pra mim mesma. E pros outros. Quem sabe não dá certo?
Mas é que hoje, diferente dos últimos dias, eu resolvi acordar pensando. Porque dormi pensando. E sonhei lembrando, querendo, pedindo. Porque os sonhos eu não controlo. Nos sonhos eu sou Bruna mesmo. Inteira. Aberta. Não dá pra fingir. E o dispositivo quebra. Simplesmente para de funcionar. E o maxilar acorda doendo. Porque é tanta vontade de ser aquilo e de viver aquilo tudo, que eu mordo e aperto, como se, caso eu fizer mais força e morder com mais intensidade, eu vou acordar e vai ser tudo lindo. Mas eu acordo e nem é tudo lindo e simples. A complexidade toda vem à tona.
E eu puxo a minha máscara da negação, coloco no rosto, aperto o dispositivo imaginário e finjo que não me importo. Só pra ser igual a todo mundo. Só pra fingir ser superficial.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

vai.

eu vou explicar como deve ser. SIMPLES. ponto.
a gente complica tudo. sempre. a todo instante. é simples. segue seus instintos. faz e acontece. não pensa. só faz. cada vez que a gente pensa, aparece uma pergunta. e daí tem aquilo que a Clarice fala: que a cada resposta de uma pergunta, surgem outras milhares de perguntas. nada tem uma resposta final. nada.
então não pergunta. só faz. se entrega e tenta. pra que ter medo? pra que pensar em todas as possibilidades do ‘sim’ e do ‘não’? são muitas as possibilidades. o tempo inteiro. rondando. boicotando o desejo. a vontade. o querer. só faz. chega perto e faz. e daí se der errado? senta, chora, levanta a cabeça e faz diferente. ou, se der vontade, faz igual. outra e outra e outra vez. chorar faz mal? não faz. e, se fizer? não é pra sempre. depois tem o riso. o choro só antecede um sorriso e um riso. depois volta tudo a ser como antes. ou diferente.
se joga. se dá. mete as caras. não espera. não esperE. nada. ou espere. pouco. e, se esperar muito, alguém te fala depois que nem é tudo isso. não reflete muito. não mede as conseqüências. a vida é cheia delas. o tempo inteiro. parado ou em movimento. então se mexe. agita. não para. conhece. re-conhece.
a vida é simples. ta aí, semi-pronta e semi-entregue. nas nossas mãos. e daí vem a nossa cabeça e todos os pensamentos e estraga tudo. o instante todo. a simplicidade que é viver, respirando. e aproveitar cada oportunidade. na nossa frente. pra gente SER.

instantes.

Quando a noite chega, pra mim, tudo parece provável. O dia seguinte parece uma caixinha de surpresas, esperando ser aberta. E daí eu não sei se abro ou não. Vem aquele receio todo de não encontrar nada. Ou encontrar tudo. Receio. Medo. Tudo misturado. Mas, principalmente, vontade.
Se eu pudesse escolher entre a certeza de todas as coisas e o inesperado, definitivamente eu escolheria o inesperado. Meu coração sempre bate mais forte quando eu não tenho certeza de nada. Se não é a adrenalina, não é vida. Mesmo. O fato de sentir meu coração pulsar é tudo o que basta pra mim. É amor, entende? Não o romântico e só ele. É qualquer tipo de amor. É só o coração bater forte que eu já sei que é amor. E daí, nada mais me importa.
O inesperado pra mim também é amor.
Será que alguém me entende?

I'm back.

Eu amo escrever. Fato. Deixei meus pensamentos por um tempo nas entrelinhas, me escondendo de uma verdade de vibra aqui dentro de mim. Os cadernos já não me são suficientes. E eu sinto falta de um espaço só meu, mesmo tendo aqui dentro. Mesmo tendo um quarto só meu. Parece que não cabe, entende? As palavras continuam explodindo aqui dentro, como bolhas de sabão quando a gente assopra. Não duram muito tempo. Precisam sair de alguma forma. Fixadas.
Voltei. Não sei por quanto tempo. Nem sei ao certo porque essa vontade toda, agora. Não quero exposição, apesar de saber que de fato isso irá acontecer.
Eu só quero explodir.
Só.