a água no rosto. respiração ofegante. dois passos pra trás.
ela se olha no espelho, reconhece alguns traços, desconhece
algumas marcas que antes não estavam ali. começa a tentar encontrá-las na linha
do tempo. o momento exato da pele contorcida e da linha fincada, sem volta. não
se lembra. são tantas marcas tão pequenas. mais valiosas que qualquer linha
grossa, constante, inteira. em cada fragmento existe uma história. nem sempre
tão bela. definitivamente intensa.
volta a se enxergar. as mãos, caminhando pelo rosto, exigem
qualquer resposta ou impedimento. querem um ponto fixo pra morarem, nem que por
alguns minutos. não encontram. são tantas perguntas daquela mente que não se cansa de
buscar. não são as mãos, os pés, braços e pernas, juntos, que encontrarão
todas as respostas.
ela para de respirar por alguns segundos. analisa a cor do
corpo. admira o marrom-dourado-jambo. teme em perdê-lo. tantas coisas vão e vem
e ela teme em perder a cor da pele. nada mais importa ali. é isso. não há nada
insubstituível além da cor da casca da alma.
volta a respirar. fica dourada levemente mais clara. ainda assim,
admira. escolhe o ponto constante da vida: a pele. não há sentimento que
perdure. tantas voltas e reviravoltas. nós que atam e desatam. e ela
continua ali. marrom-dourada-jambo.
nunca pareceu tão fácil.
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