sexta-feira, 9 de outubro de 2009

sobras.

Não tenho mais vontade de escrever. Quer dizer, minto. Vontade tenho. Mas as palavras parecem vazias. Todas elas. Digo, falo, repito e não parece ter sentido algum nisso tudo. É isso mesmo. O vazio preenchendo algo que parecia brilhantemente cheio, mas nunca foi. Irônico, não? Sou preenchida por uma vazio sem fim.
É isso que fica quando se quer matar um sentimento, então? Uma falta que gera um vazio. Não há mais nada aqui dentro pra ser dito. Por mais que ainda haja pitadas de sentimento por todo o meu corpo. O gosto saiu do paladar. Há uma falta de gosto, como quando se bebe água e se quer coca-cola. Entende? É isso que permanece, todos os dias, na minha procura por algo imensamente cheio, em qualquer espaço aqui dentro.
Mas não há. Só há espaços. Sem cores. Porque as cores acabaram também. Todo sentimento que dava cor a cada batimento do meu coração, se foi.
É exatamente isso que fica quando um sentimento resolve ir embora. Não há mais aquela intensa procura por qualquer chamado do outro lado. Não há esperas. Não há pedidos. Não há olhares. Não há mais nada.
Só há uma intensa procura de mim por mim mesma. Tentando encontrar o mínimo de vida que parece ter ido embora. É assim que me sinto quando um amor está prestes a acabar. Ou, se ainda está longe de acontecer, é só isso que eu quero. E preciso. O resultado é o mesmo: uma perda iminente de mim. Me perdi. Fui metade, junto com ele. Me resta só uma parcela de mim, que será cautelosamente reconstituída. Recomposta. Aos poucos. Tem tempo pra isso acontecer, manja? Não é assim de uma hora pra outra. É metade do meu corpo que apodreceu, praticamente. Cansei de regar essa metade, com a esperança de que crescesse uma coisa inteira, plena.
É preciso sempre da ajuda da metade alheia.
E essa eu percebi [finalmente] que nunca quis crescer.
É essa a sensação que fica.
Temporariamente.
Por tempo indeterminado.

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