terça-feira, 11 de agosto de 2009

Acordo pensando. Muitas coisas querem ser pensadas aqui dentro. Gritam, pedem atenção. E eu finjo que não ouço. Prefiro assim. Acordada, parece tudo fácil. Finjo que tenho aquele botão de OFF que a Ju tanto fala que as pessoas parecem ter. Menos nós. E a gente implora, às vezes, pra ter um botão desses que funcione. Mas não adianta. Não existe. Nascemos sem qualquer tipo de dipositivo, que apague qualquer tipo de sentimentos, sensações e emoções que ousam gritar o tempo todo: to aqui! To aqui! E então eu resolvo fingir. Pra mim mesma. Me enganando, só pra falar que eu sou a mais desencanada e a mais "total cool fashion". E quando eu fecho os olhos, não é porque to pensando e lembrando e imaginando tudo. É porque eu to cansada e quero descansar. E quando eu olho pro nada, não é porque eu to num mundo paralelo, onde tudo parece possível. É porque ta chato lá fora. E quando eu sinto dor no peito, não é dor de saudade. É sintoma de doença. Prefiro pensar assim agora. Prefiro que seja assim. Criei um dispositivo imaginário, algo simbolicamente artificial, pra fingir que eu sou que nem todas as pessoas que descartam qualquer possibilidade de felicidade e de sentimento. Resolvi fingir que sou assim. Pra mim mesma. E pros outros. Quem sabe não dá certo?
Mas é que hoje, diferente dos últimos dias, eu resolvi acordar pensando. Porque dormi pensando. E sonhei lembrando, querendo, pedindo. Porque os sonhos eu não controlo. Nos sonhos eu sou Bruna mesmo. Inteira. Aberta. Não dá pra fingir. E o dispositivo quebra. Simplesmente para de funcionar. E o maxilar acorda doendo. Porque é tanta vontade de ser aquilo e de viver aquilo tudo, que eu mordo e aperto, como se, caso eu fizer mais força e morder com mais intensidade, eu vou acordar e vai ser tudo lindo. Mas eu acordo e nem é tudo lindo e simples. A complexidade toda vem à tona.
E eu puxo a minha máscara da negação, coloco no rosto, aperto o dispositivo imaginário e finjo que não me importo. Só pra ser igual a todo mundo. Só pra fingir ser superficial.

2 comentários:

  1. Diego!!!
    Nossa bruna do caralho isso ai que vc escreveu!!!
    Realmente as coisas seriam mais faceis se pudese-mos deletar algumas coisas e momentos de nossas vidas onde nem tudo foram rosas e sim os espinhos pontiagudos que fazem tanto mal assim que de algo lembramos ou queremos que aconteca que com tanta vontade e forca conseguimos nos machucar como pode assim ser tao dificil a vida hein sera que amguem um dia vai conseguir responder isso???

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  2. Você não é igual, Bru! Esquece.
    Amei sua volta. Apoio completo e sem dor.
    Beijão. (saudade)

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