quarta-feira, 2 de setembro de 2009

reflexão.

li hoje uma reportagem da revista OFFLINE, que recebo mensalmente em casa por causa do Felipe, que trabalhava lá. por coincidência, escreveram sobre a liberdade de expressão em prol do prazer. achei interessante, tirando o fato deles abordarem essa liberdade como um aumento do AMOR entre as pessoas atualmente. discordo. o que mais falta hoje em dia, também devido a essa liberdade, é a falta de amor mesmo. não digo a liberdade das experiências diversas entre diferentes sexos. mas sim a importância que se dá ao prazer, descartando a todo instante as pessoas, quando tudo se torna um pouco mais complicado, pelo fato de começar um envolvimento emocional com o Outro. o medo de se entregar é demasiado grande, e isso faz com que as pessoas se descartem com facilidade.
enfim, segue uma parte da reportagem, que achei interessante:


ADORO UM AMOR INVENTADO
Raoni Nicolai


Quem ousa dizer qual é a orientação sexual de Mick Jagger? E David Bowie? Ele curte ser sodomizado no seu alterego Ziggy Stardust se revelando uma bichona, ou ele prefere mesmo o calor de sua mulher? Paulo Coelho era um libertino com tendências gays ou apenas um curioso hippie desvirtuado pelas drogas quando deu o seu "olho de tandera" três vezes para ver simplesmente se gostava? Concluiu que não! Para quem interessa tudo isso, afinal de contas? Cada um cada um.

O fato é que se tornou bastante difícil rotular as pessoas em suas orientações sexuais, mesmo para os que amam rótulos. O que está rolando é um verdadeiro culto ao prazer e à liberdade, não importando com quem.

"Mas uma vezinha só e já é gay?", como perguntou um dia uma professora indignada. Para os mais conservadores, sim, sem sombra de dúvidas. Só o fato de cogitar a respeito já lhes faz gay; para os liberais, é apenas curiosidade e prazer descabido de preconceito e hipocrisia. Por isso tantas pessoas tiveram experiências ditas homossexuais e não se consideram homossexuais ou nem mesmo bissexuais.

Mas sabem quando você é criança, vai para a casa da vovó e ela pergunta se você gosta de berinjela? Você diz que não, sem pestanejar. Mas, quando a vovó descobre que, na verdade, você nunca comeu, ela diz: "Como você sabe que não gosta se nunca experimentou?". Cof, cof, cof.

Para muitos, é esse o ponto. E levam o conselho da vovó a sério. Claro que dificilmente alguém tentará algo se não houver curiosidade o bastante para isso, ou mesmo uma certa inclinação ou ainda estômago. Mas o maior ponto é a quebra do preconceito que, nos dias de hoje, permite às pessoas experimentarem coisas pela "mera" curiosidade, mesmo que seja para considerar, mais a frente, que aquela "não é a sua"; como o Paulo Coelho.


Essa atitude "desapegada", que encontramos em muitos lugares, ressoa do sexo livre do movimento hippie, dos anos 70, do feminismo e da geração "mais amor do que paz" norte-americana, que nos influencia até hoje. Soma-se a essas quebras a influência dos astros do rock e dos artistas liberais de forma geral, de um Mick Jagger na cama com David Bowie, da Madonna beijando a Britney, da mídia adoradora de sexos alternativos e de escândalos, sempre sedenta por mudanças e revoluções de comportamento... Com a globalização, a TV, a internet... ficou fácil ter referências, quebrar tabus, saber-se "normal"... Todas estas coisas nos aproximaram mais e mais das diferenças. E, de repente, sem uma moralidade rígida, nos vemos convivendo naturalmente com ela. Foram aspectos que levam geração após geração a pensarem mais em suas necessidades sem preconceito e maior aceitação com sua vontades.

Claro, às vezes tudo não passa de puro marketing. Por um lado, marketing pessoal; por outro, um marketing positivo da tolerância e da liberação. E quem também vai ousar dizer que, hoje em dia, não é cult ser bi? Modismo? Sempre um pouco! Mas o fato é que o mundo mudou e ele permite que as pessoas manifestem seus desejos mais livremente. É tempo de aceitação. Afinal, se eu gozar melhor, que mal tem?

O Orkut sacou isso ao não colocar bissexual como uma das possibilidades para orientação sexual, mas sim "bi-curious"; ou "bi-curioso". Faz mais sentido nos dias de hoje.
Como diria a mesma vovó: "Aonde o mundo vai parar?". Se é que para! hehe



P.S: destaquei as partes em que acho explícito um pouco do que eu introduzi antes da reportagem.

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