domingo, 27 de dezembro de 2009
novo ciclo.
que fiquem lembranças, momentos, saudade gostosa.
que saia a dor, a tristeza, a saudade ruim.
que cheguem novos ares, novos sonhos, novas conquistas, nova saudade.
que eu tenha a mesma força que tive pra enfrentar tudo o que enfrentei.
que eu continue escorregando pelo amor.
que eu continue emocional.
que eu continue entregue. inteira. pras coisas que eu realmente quero.
que me falte sempre o ar.
e que as borboletas façam um ninho aqui dentro do meu estômago.
vem 2010!
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
longe.
"me mostra um caminho agora
domingo, 20 de dezembro de 2009
des.com.passo.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
sábado, 12 de dezembro de 2009
Gadú.
Meu bem que hoje me pede pra apagar a luz
E pôs meu frágil coração na cruz
No teu penoso altar particular
Sei lá, a tua ausência me causou o caos
No breu de hoje eu sinto que
O tempo da cura tornou a tristeza normal
E então, tu tome tento com meu coração
Não deixe ele vir na solidão
Encabulado por voltar a sós
Depois, que o que é confuso te deixar sorrir
Tu me devolva o que tirou daqui
Que o meu peito se abre e desata os nós
Se enfim, você um dia resolver mudar
Tirar meu pobre coração do altar
Me devolver, como se deve ser
Ou então, dizer que dele resolveu cuidar
Tirar da cruz e o canonizar
Digo faço melhor do que lhe parecer
Teu cais deve ficar em algum lugar assim
Tão longe quanto eu possa ver de mim
Onde ancoraste teu veleiro em flor
Sem mais, a vida vai passando no vazio
Estou com tudo a flutuar no rio esperando a resposta ao
que chamo de amor
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
insights.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Linda rosa:
Melhor do que sofrer depois
Se é isso que me tem ao certo
A moça de sorriso aberto
Ingênua de vestido assusta
Afasta-me o ego imposto
Ouvinte claro, brilho no rosto
Abandonada por falta de gosto
Agora sei não mais reclama
Pois dores são incapazes
E pobre desses rapazes
Que tentam lhe fazer feliz
Escolha feita, inconsciente
De coração não mais roubado
Homem feliz, mulher carente
A linda rosa perdeu pro cravo
Homem feliz, mulher carente
A linda rosa perdeu pro cravo
Maria Gadú
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
ali em cima, no céu.
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Rita Apoena:
doer em alguém uma dor tão limpa, rabiscar de azul o
silêncio que estendi pelos cantos no chão? Tive tanto medo
de encontrá-los, tive medo de levantar os cílios e eles se
deitarem feito um pássaro em tuas mãos tão claras, e
descobrires o que eu já não posso evitar. Tive medo de
notares o quanto eram indefesos diante dos teus... Por isso,
tratei de escondê-los por trás do quadro, dos ferros na
janela, da cortina, do tapete, das pétalas, colocando-se
diante de minhas pálpebras, enquanto eu falava qualquer
coisa para me esconder por trás das palavras.
Mas foi quando eu ainda nem havia dito nada, foi quando eu
ainda nem te conhecia, foi na fresta que, por descuido,
esqueci aberta... que teus olhos doeram em mim, caíram em
mim e me mancharam de tinta. Não sei o que era ali dentro
deles, se a minha tristeza ou a tua, mas nunca vi olhos tão
claros, nem outros que ofuscassem tanto a minha vida.
Agora eu viro para o lado e não quero mais que o outro me
siga, não quero mais que o outro me toque porque tocar as
minhas costas é empurrar a manhã para o meio das nuvens,
entende? Uma manhã que era toda feita para colher as
maçãs, as maçãs que eu enrolaria doces numa forma para te
dar. Por isso, quando ele me tocou, duas lágrimas eu aninhei
no travesseiro, e escorri com elas, e dentro delas esperei
que ele tocasse o meu corpo. Só voltei quando ele acabou.
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
game over - para T.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
e Caio disse:
é bem isso que sinto.
sábado, 17 de outubro de 2009
Nada se completa aqui dentro agora. Nada. Nenhuma frase completa. Nenhuma além dessa: eu não sei.
Engraçado porque, um tempo atrás eu descobri tudo isso. eu cheguei a essa exata conclusão. Passei a saber de tudo isso. prometi fixar aqui na minha cabeça. Lembrando e relembrando todos os dias a causa de tudo. A conseqüência pra nós dois.
Mas o fato é que dele, dele mesmo, eu ainda não tinha ouvido. Então, de alguma forma, por mais real e verdadeiro que o fato parecesse, ainda havia um pingo de esperança de que tudo fosse apenas uma divagação minha, uma viagem. E que, de uma hora pra outra, as coisas se resolveriam e tudo ficaria bem. Eu teimava em fazer isso. o tempo inteiro. Uma grande sabotagem de mim mesma. Uma grande ilusão que eu alimentava um pouco, todos os dias. Pra não morrer anêmica. Pra ter um pouco de ar ainda.
E agora tudo veio à tona. Todas as evidências, vindas dele mesmo. Ele sabe. Tem consciência. E de fato eu não sou algo bonito na vida dele. Não sou. Sou a culpa. Sou a frustração. Sou a confusão e o medo. Não deveria ser assim. Não PODIA ser assim. Mas é. E ele sabe. E disse. E repete se pedirem.
Ele não me quer na vida dele. Presente. Física e emocionalmente. E se faz de indiferente. E finge que não me vê. E, se vê, não me enxerga. E se afasta. Se esconde de mim.
Destruída. É exatamente assim que me sinto. Quebrada em mil pedaços, todos jogados bem longe um do outro. Sem qualquer possibilidade de se juntarem novamente. Nada cola.
E se não me magoar é o que ele menos quer... é o que ele menos consegue.
E eu só não sei... mais.
quinta-feira, 15 de outubro de 2009

quarta-feira, 14 de outubro de 2009
eu-eu comigo.
tentando me manter em pé.
sem escorregões.
sinto saudade.
mas é de algo que nunca existiu.
terça-feira, 13 de outubro de 2009
sábado, 10 de outubro de 2009
des.esperar.
quando eu quero deletar as coisas que me lembram você, acho normal.
quando você deleta coisas que fazem lembrar de mim, acho um absurdo.
...
e é tudo porque sou obrigada a te esquecer.
sem nem mesmo querer.
faz algum sentido pra você?
pra mim faz todos.
t.o.d.o.s.
"me esqueça sim, pra não sofrer, pra não chorar, pra não sentir
me esqueça sim, que eu quero ver você tentar sem conseguir..."
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
sobras.
Não tenho mais vontade de escrever. Quer dizer, minto. Vontade tenho. Mas as palavras parecem vazias. Todas elas. Digo, falo, repito e não parece ter sentido algum nisso tudo. É isso mesmo. O vazio preenchendo algo que parecia brilhantemente cheio, mas nunca foi. Irônico, não? Sou preenchida por uma vazio sem fim.
É isso que fica quando se quer matar um sentimento, então? Uma falta que gera um vazio. Não há mais nada aqui dentro pra ser dito. Por mais que ainda haja pitadas de sentimento por todo o meu corpo. O gosto saiu do paladar. Há uma falta de gosto, como quando se bebe água e se quer coca-cola. Entende? É isso que permanece, todos os dias, na minha procura por algo imensamente cheio, em qualquer espaço aqui dentro.
Mas não há. Só há espaços. Sem cores. Porque as cores acabaram também. Todo sentimento que dava cor a cada batimento do meu coração, se foi.
É exatamente isso que fica quando um sentimento resolve ir embora. Não há mais aquela intensa procura por qualquer chamado do outro lado. Não há esperas. Não há pedidos. Não há olhares. Não há mais nada.
Só há uma intensa procura de mim por mim mesma. Tentando encontrar o mínimo de vida que parece ter ido embora. É assim que me sinto quando um amor está prestes a acabar. Ou, se ainda está longe de acontecer, é só isso que eu quero. E preciso. O resultado é o mesmo: uma perda iminente de mim. Me perdi. Fui metade, junto com ele. Me resta só uma parcela de mim, que será cautelosamente reconstituída. Recomposta. Aos poucos. Tem tempo pra isso acontecer, manja? Não é assim de uma hora pra outra. É metade do meu corpo que apodreceu, praticamente. Cansei de regar essa metade, com a esperança de que crescesse uma coisa inteira, plena.
É preciso sempre da ajuda da metade alheia.
E essa eu percebi [finalmente] que nunca quis crescer.
É essa a sensação que fica.
Temporariamente.
Por tempo indeterminado.
domingo, 4 de outubro de 2009
direta e reta:
assoprei bem forte e não acendo mais.
franca.
sábado, 3 de outubro de 2009
game over.
domingo, 27 de setembro de 2009
no chão frio, pés descalços.
Descobri que anda tudo bem confuso aqui dentro. Não sei mais até que ponto eu realmente sinto amor. Não consigo separar mais as coisas. Não sei se virou uma obsessão pelo próprio sentimento. Aquela coisa de que “foi tão forte e tão real, que não quero que acabe, mesmo sabendo que já acabou”.
Tenho um pouco de medo disso. De perceber que perdi um bocado de tempo achando que sentia algo que simplesmente nem estava mais ali. Só pra me sentir completa de alguma forma. Só pra ter em quem pensar e por quem sentir e sofrer e lembrar. E me preocupar também.
E, por outro lado, tenho angústias em perceber que, depois de tanto tempo, ainda sinto e ainda é forte. Ainda é incontrolável. Tenho medo de pensar que, caso volte, eu volto junto. Mesmo que sofra. E mesmo que dê errado. Porque eu sei que é isso que acontecerá.
Como então posso ter consciência de que não dará certo, que eu não gostaria de reatar algo já tão problemático, que sofrerei de qualquer maneira e, mesmo assim, mesmo tão realista, ainda sentir e alimentar esse sentimento todos os dias?
Não me entendo. Não consigo definir o que se passa aqui dentro e o que eu realmente quero da minha vida.
Tenho medo dessa demasiada consciência, que me invade todo santo dia, que anula mais um lado emocional do meu corpo. Tenho medo de chegar num padrão consciente absoluto, em que não me reste nem um pouco de expectativas sobre algum sentimento positivo em relação a ele. Que deixe de ser.
Simplesmente deixe de ser, de uma hora pra outra.
E daí, serei o que?
Serei quem?
Serei pra quem?
Ando pensando demais.
27 de setembro de 2008. Rua Augusta.
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Extremos da paixão.
"Não, meu bem, não adianta bancar o distante
lá vem o amor nos dilacerar de novo..."
Andei pensando coisas. O que é raro, dirão os irônicos. Ou "o que foi?" - perguntariam os complacentes. Para estes últimos, quem sabe, escrevo. E repito: andei pensando coisas sobre amor, essa palavra sagrada. O que mais me deteve, do que pensei, era assim: a perda do amor é igual à perda da morte. Só que dói mais. Quando morre alguém que você ama, você se dói inteiro (a) mas a morte é inevitável, portanto normal. Quando você perde alguém que você ama, e esse amor - essa pessoa - continua vivo (a), há então uma morte anormal. O NUNCA MAIS de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quanto não ter NUNCA MAIS quem morreu. E dói mais fundo- porque se poderia ter, já que está vivo (a). Mas não se tem, nem se terá, quando o fim do amor é: NEVER.
Pensando nisso, pensei um pouco depois em Boy George: meu-amor-me-abandonou-e-sem-ele-eu-nao-vivo-então-quero-morrer-drogado. Lembrei de John Hincley Jr., apaixonado por Jodie Foster, e que escreveu a ela, em 1981: "Se você não me amar, eu matarei o presidente". E deu um tiro em Ronald Regan. A frase de Hincley é a mais significativa frase de amor do século XX. A atitude de Boy George - se não houver algo de publicitário nisso - é a mais linda atitude de amor do século XX. Penso em Werther, de Goethe. E acho lindo.
No século XX não se ama. Ninguém quer ninguém. Amar é out, é babaca, é careta. Embora persistam essas estranhas fronteiras entre paixão e loucura, entre paixão e suicídio. Não compreendo como querer o outro possa tornar-se mais forte do que querer a si próprio. Não compreendo como querer o outro possa pintar como saída de nossa solidão fatal. Mentira: compreendo sim. Mesmo consciente de que nasci sozinho do útero de minha mãe, berrando de pavor para o mundo insano, e que embarcarei sozinho num caixão rumo a sei lá o quê, além do pó. O que ou quem cruzo entre esses dois portos gelados da solidão é mera viagem: véu de maya, ilusão, passatempo. E exigimos o terno do perecível, loucos.
Depois, pensei também em Adèle Hugo, filha de Victor Hugo. A Adèle H. de François Truffaut, vivida por Isabelle Adjani. Adèle apaixonou-se por um homem. Ele não a queria. Ela o seguiu aos Estados Unidos, ao Caribe, escrevendo cartas jamais respondidas, rastejando por amor. Enlouqueceu mendigando a atenção dele. Certo dia, em Barbados, esbarraram na rua. Ele a olhou. Ela, louca de amor por ele, não o reconheceu. Ele havia deixado de ser ele: transformara-se em símbolos em face nem corpo da paixão e da loucura dela. Não era mais ele: ela amava alguém que não existia mais, objetivamente. Existia somente dentro dela. Adèle morreu no hospício, escrevendo cartas (a ele: "É para você, para você que eu escrevo" - dizia Ana C.) numa língua que, até hoje, ninguém conseguiu decifrar.
Andei pensando em Adèle H., em Boy George e em John Hincley Jr. Andei pensando nesses extremos da paixão, quando te amo tanto e tão além do meu ego que - se você não me ama: eu enlouqueço, eu me suicido com heroína ou eu mato o presidente. Me veio um fundo desprezo pela minha/nossa dor mediana, pela minha/nossa rejeição amorosa desempenhando papéis tipo sou-forte-seguro-essa-sou-mais-eu. Que imensa miséria o grande amor - depois do não, depois do fim - reduzir-se a duas ou três frases frias ou sarcásticas. Num bar qualquer, numa esquina da vida.
Ai que dor: que dor sentida e portuguesa de Fernando Pessoa - muito mais sábio -, que nunca caiu nessas ciladas. Pois como já dizia Drummond, "o amor car(o,a,) colega esse não consola nunca de núncaras". E apesar de tudo eu penso sim, eu digo sim, eu quero Sins.
terça-feira, 22 de setembro de 2009
21 guns.
Não sei mais.
Hoje é uma das poucas vezes que eu não consigo definir o que sinto. Tudo se mistura.
Ter a consciência de que a pessoa que você ama te ama com um amor que a destrói é muita dor. Muita. É falta de ar, constante. É dor no peito. Sensação de morte.
Preferia que não amasse. Assim, nenhuma vontade de auto destruição viria junto com meu nome ao lado. Meu nome que ama seu nome e todo o resto. Com um amor puro. Um amor que eu gostaria de ter. vindo dele.
Prefiro que não me ame. Porque, assim, pode amar alguém que não lhe traga tanta dor e sofrimento. Alguém que traga mais simplicidade. Dentro dele. Alguém que lhe proporcione paz.
Tenho medo que esse amor o destrua realmente. E, se destruir, me destruo junto. Não agüentaria. Conheço meus limites. E esse ultrapassa qualquer um.
Queria sua paz... o queria como antes. Aquele sorriso lindo. Aquele brilho nos olhos, as mordidinhas nos lábios. Os assuntos intermináveis.
Não o reconheço mais. E tenho medo de saber que, indiretamente, tenho influência sobre isso tudo. Essa falta de respostas e o transtorno que isso lhe traz.
Sei que não há culpa. Minha. Dele. São conseqüências. Ok. Mas fazer parte, de alguma forma, disso tudo, me machuca.
Meio egóico. Pode ser.
Mas ver alguém que você ama se machucando é indescritível.
Tenho medo. E, mais do que nunca, não sei o que fazer além de doer.
Não sei mais...
sábado, 19 de setembro de 2009
hoje, lucidez (2).
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Líria Porto:
esta dor que quando olhas
não compreendes porque
não é de fratura exposta
é de amor sem resposta
a solidão ninguém vê
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Pablo Neruda:
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.
Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
senão assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.
assimilando.
terça-feira, 15 de setembro de 2009
hoje, lucidez.
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
eu vou equalizar você.
hoje faz um ano.
um ano que eu te amei sem te conhecer.
um ano que te amo.
e continuarei a amar.
não sei até quando. infinitamente enquanto durar.
domingo, 13 de setembro de 2009
Pausa de Caio - pra desabafo:
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Inventário do Ir-remediável.
(...)
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
PRA VOCÊ (sim, você mesmo).
Tenho trabalhado tanto, mas penso sempre em você. Mais de tardezinha que de manhã, mais naqueles dias que parecem poeira assentada aos poucos, e com mais força enquanto a noite avança. Não são pensamentos escuros, embora noturnos. Tão transparentes que até parecem de vidro, vidro tão fino que, quando penso mais forte, parece que vai ficar assim clack! e quebrar em cacos, o pensamento que penso de você. Se não dormisse cedo nem estivesse quase sempre cansado, acho que esses pensamentos quase doeriam e fariam clack! de madrugada e eu me veria catando cacos de vidro entre os lençóis. Brilham, na palma da minha mão. Num deles, tem uma borboleta de asa rasgada. Noutro, um barco confundido com a linha do horizonte, onde também tem uma ilha. Não, não: acho que a ilha mora num caquinho só dela. Noutro, um punhal de jade. Coisas assim, algumas ferem, mesmo essas são sempre bonitas. Parecem filme, livro, quadro. Não doem porque não ameaçam. Nada que eu penso de você ameaça. Durmo cedo, nunca quebra.
Daí penso coisas bobas quando, sentado na janela do ônibus, depois de trabalhar o dia inteiro, encosto a cabeça na vidraça, deixo a paisagem correr, e penso demais em você. Quando não encontro lugar para sentar, o que é mais freqüente, e me deixava irritado, agora não, descobri um jeito engraçado de, mesmo assim, continuar pensando em você. Me seguro naquela barra de ferro, olho através das janelas que, nessa posição, só deixam ver metade do corpo das pessoas pelas calçadas, e procuro nos pés delas aqueles que poderiam ser os seus. (A teus pés, lembro.) E fico tão embalado que chego a me curvar, certo que são mesmo os seus pés parados em alguma parada, alguma esquina. Nunca vejo você — seria, seriam?
Boas e bobas, são as coisas todas que penso quando penso em você. Assim: de repente ao dobrar uma esquina dou de cara com você que me prega um susto de mentirinha como aqueles que as crianças pregam uma nas outras. Finjo que me assusto, você me abraça e vamos tomar um sorvete, suco de abacaxi com hortelã ou comer salada de frutas em qualquer lugar. Assim: estou pensando em você e o telefone toca e corta meu pensamento e do outro lado do fio você me diz: estou pensando tanto em você. Digo eu também, mas não sei o que falamos em seguida porque ficamos meio encabulados, a gente tem muito poder de parecer ridículos melosos piegas bregas românticos pueris banais. Mas no que eu penso, penso também que somos mesmo meio tudo isso, não tem jeito, e tudo que vamos dizendo, quando falamos no meu pensamento, é frágil como a voz de Olivia Byington cantando Villa-Lobos, mais perto de Mozart que de Wagner, mais Chagal que Van Gogh, mais Jarmush que Wim Wenders, mais Cecília Meireles que Nélson Rodrigues.
Tenho trabalhado tanto, por isso mesmo talvez ando pensando assim em você. Brotam espaços azuis quando penso. No meu pensamento, você nunca me critica por eu ser um pouco tolo, meio melodramático, e penso então tule nuvem castelo seda perfume brisa turquesa vime. E deito a cabeça no seu colo ou você deita a cabeça no meu, tanto faz, e ficamos tanto tempo assim que a terra treme e vulcões explodem e pestes se alastram e nós nem percebemos, no umbigo do universo. Você toca na minha mão, eu toco na sua.
Demora tanto que só depois de passarem três mil dias consigo olhar bem dentro dos seus olhos e é então feito mergulhar numas águas verdes tão Cristalinas que têm algas na superfície ressaltadas Contra a areia branca do fundo. Aqualouco, encontro pérolas. Sei que é meio idiota, mas gosto de pensar desse jeito, e se estou em pé no ônibus solto um pouco as mãos daquela barra de ferro para meu corpo balançar como se estivesse a bordo de um navio ou de você. Fecho os olhos, faz tanto bem, você não sabe. Suspiro tanto quando penso em você, chorar só choro às vezes, e é tão freqüente. Caminho mais devagar, certo que na próxima esquina, quem sabe. Não tenho tido muito tempo ultimamente mas penso tanto em você que na hora de dormirvezenquando até sorrio e fico passando a ponta do meu dedo no lóbulo da sua orelha e repito repito em voz baixa te amo tanto dorme com os anjos. Mas depois sou eu quem dorme e sonha, sonho com os anjos. Nuvens, espaços azuis, pérolas no fundo do mar. Clack! como se fosse verdade, um beijo.
Para uma avenca partindo:
terça-feira, 8 de setembro de 2009
e é assim que tem que ser. o não saber. e o conformismo. porque, se eu gritar pro mundo todo, pedindo respostas, não vai adiantar. vai continuar sendo sempre assim. e eu tenho que aceitar. e me adaptar. e me moldar a isso. ou então jogar tudo pro alto e correr pra bem longe daqui.
mas é isso que é difícil. e é disso que tenho medo. jogar pro alto. e se for tudo temporário? e se um dia tudo mudar de uma hora pra outra? não quero que seja tarde. não quero que tudo tenha caído no chão e se espatifado. é muito forte pra jogar pro alto e esperar quebrar. não quero que quebre. nem que amasse. quero intacto. por mais que saiba que, a cada dia, é o que menos acontece.
eu tenho medo de uma consciência que anda crescendo aqui dentro de mim. uma consciência que não quero por perto. negação mesmo. mas ela parece cada vez mais forte. e eu vou entendendo tudo. cada ponto e vírgula. cada ação e reação. uma consciência que foge de qualquer controle que eu possa ter sobre mim mesma. nem o inconsciente passa por cima mais. e eu não sei até que ponto isso é satisfatório, contrapondo com o meu desejo. isso. é isso. é a consciência de um lado. e o desejo de outro. em completos caminhos opostos.
é ainda forte. ainda me dá arrepios. e borboletas. ainda sinto calafrios quando parece que tudo o que eu crio aqui dentro vai dar errado. ainda é bonito quando dá certo. e é lindo quando dá muito certo. e é saudade no dia seguinte. e é consciência de que o dia seguinte será um dia qualquer. sem a parte final que eu criei. sem a expectativa de uma ligação falando que me quer de novo. e de novo. e de novo. é só um dia sem graça. de lembranças.
não sei mais. tudo grita. e não sei se é dor. se é desespero. se é saudade. ou vontade.
reluto contra a complexidade.
reluto contra os fatos.
reluto contra mim mesma.
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
sábado, 5 de setembro de 2009
com.fusão.
eu não entendo tantas coisas, sempre quando eu rezo pra entender.
queria poder ter um pouco menos de pulsação por você. e um pouco mais de racionalidade pra poder ver um aspecto diferente nisso tudo. um pouco menos de sentimento pra não querer a todo instante. um pouco mais de frieza pra aceitar a impotência. ou então pra mandar pra longe algo que meu coração insiste em puxar pra perto.
eu queria um pouco mais de respostas suas. Essas mesmo que nem você sabe responder. e eu sei que você não sabe, mas insisto que você saiba e me dê. pra cessar o sangramento que não pára e me deixa anêmica. fraca.
queria menos perguntas na minha cabeça. e um pouco mais de objetividade. aceitar as coisas como se mostram e não como eu sei que deveria ser e não é por N motivos. mesmo quando há desejo dos dois lados. e ternura. e carinho.
eu queria menos impulsividade. e menos expectativas. essas duas coisas que eu insisto em proteger, como se fossem positivas. mesmo tendo consciência de que não são. mas eu gosto. gosto de explodir e gosto de imaginar como seria. ou como será. baseada no meu desejo de querer. e na idéia de como deve ser.
é sempre o “gostaria” e “deveria” que me rondam a todo instante. no final das noites de um fim de semana repleto de vazio. nunca é “gosto” ou “é”. é sempre “se”.
eu queria que você não fugisse sempre. nem me deixasse parada. esperando. implorando qualquer tipo de resposta. e depois imaginando porque você fez isso. se por medo, ou por indiferença, ou por raiva. e daí as suposições voltam e as expectativas são reforçadas... e tudo vem à tona.
aquela fraqueza minha que eu tinha amassado aqui dentro do peito, pra sumir. a vulnerabilidade que você desperta em mim. e o amor. porque pra mim é isso que eu sinto. mesmo com medo de que você não sinta igual. mesmo que não seja nem de longe parecido. pra mim é isso. é o que eu sinto.
eu queria menos silêncio.
menos dúvidas.
mais certezas.
menos distância.
mais você.
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
sentido.
Desde Quando Você Se Foi
Composição: Lucas Silveira
Mais uma história com um final
Mais um coração partido
Um novo fim pra um amor normal
Mais um choro sem sentido.
Não há razão pra te escrever
Perdi a razão ao encontrar você
E as minhas palavras se misturam
Num mar de falsas canções
E te dizer...
Que amor não senti é mentir pra mim
E mesmo que seja melhor assim (Te dizer...)
Não posso negar que eu quero voltar
Eu sempre quis nunca precisar
Te dizer...
Que desde quando você se foi
Me pego pensando em nós dois
E eu não consigo ver onde que eu errei
Se um dia eu fiz você chorar
Nem meses vão te recuperar
Mais uma chance pra mostrar que eu mudei
Você diz que
É só de amor que eu sei falar
Mal sabes que
Se eu soubesse eu tentaria te ligar!
Pra dizer...
Que amor não senti é mentir pra mim
E mesmo que seja melhor assim (Te dizer...)
Não posso negar que eu quero voltar
Eu sempre quis nunca precisar
Nunca precisar
Que desde quando você se foi (Voce se foi)
Me pego pensando em nós dois (Em nós dois)
E eu não consigo ver onde que eu errei (Que eu errei)
Se um dia eu fiz você chorar (Voce chorar)
Nem meses vão te recuperarTe perdendo eu cresci tanto
Que eu não sei se eu quero mais te encontrar
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
não me importo com mais nada. não me importo com dinheiro em abundância. nem com luxos. nem com objetos. não me apego. só me apego ao que transmite esse sentimento tão bom. não quero ser diferente, entende?
alguém aí fora entende que eu sou feliz assim? posso não ser a pessoa mais feliz do mundo. pros outros. posso sofrer um bocado e me trancar e me fechar pro mundo por alguns momentos. posso ser infantil pra uns. Idiota pra outros. desequilibrada pra todos. mas eu sou assim. e amo ser assim. sou feliz.
a verdade é que eu acredito na força e na energia que esse sentimento traz pra vida das pessoas. e continuo batendo na mesma tecla, aquela que diz que as pessoas são vazias JUSTAMENTE pela falta de amor na vida delas. acredito plenamente nessa minha idéia. que nem é tão minha. é de uma minoria de pessoas que vive a vida como eu. que são felizes da mesma forma que eu.
disse pra Ka dia desses... nascemos na época errada. parcialmente, eu diria. numa época em que nada mais importa do que a si próprio. e, pra ser justa, não acho que se abandonar é bom. não mesmo. mas, ter complexo de Narciso é péssimo. e é isso que a maioria das pessoas tem. um egocentrismo exacerbado, um vocabulário cheio de “eus” a todo instante. antigamente não era assim. pelo menos não dessa forma. Acredito que as pessoas se importavam com as outras, davam mais valor e se permitiam ter mais tempo pra analisar os próprios sentimentos e as próprias sensações.
ando cansada das pessoas. com preguiça mesmo. cansada de tanta falta de bom senso, completamente inconsciente. cansada de tanto vazio espalhado por aí. cansada do excesso de ação com falta de conteúdo. com a falta de perspectiva de uma evolução emocional.
cansada de me sentir vazia pelo vazio alheio.
não quero ter que me adaptar.
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
reflexão.
enfim, segue uma parte da reportagem, que achei interessante:
ADORO UM AMOR INVENTADO
Raoni Nicolai
Quem ousa dizer qual é a orientação sexual de Mick Jagger? E David Bowie? Ele curte ser sodomizado no seu alterego Ziggy Stardust se revelando uma bichona, ou ele prefere mesmo o calor de sua mulher? Paulo Coelho era um libertino com tendências gays ou apenas um curioso hippie desvirtuado pelas drogas quando deu o seu "olho de tandera" três vezes para ver simplesmente se gostava? Concluiu que não! Para quem interessa tudo isso, afinal de contas? Cada um cada um.
O fato é que se tornou bastante difícil rotular as pessoas em suas orientações sexuais, mesmo para os que amam rótulos. O que está rolando é um verdadeiro culto ao prazer e à liberdade, não importando com quem.
"Mas uma vezinha só e já é gay?", como perguntou um dia uma professora indignada. Para os mais conservadores, sim, sem sombra de dúvidas. Só o fato de cogitar a respeito já lhes faz gay; para os liberais, é apenas curiosidade e prazer descabido de preconceito e hipocrisia. Por isso tantas pessoas tiveram experiências ditas homossexuais e não se consideram homossexuais ou nem mesmo bissexuais.
Mas sabem quando você é criança, vai para a casa da vovó e ela pergunta se você gosta de berinjela? Você diz que não, sem pestanejar. Mas, quando a vovó descobre que, na verdade, você nunca comeu, ela diz: "Como você sabe que não gosta se nunca experimentou?". Cof, cof, cof.
Para muitos, é esse o ponto. E levam o conselho da vovó a sério. Claro que dificilmente alguém tentará algo se não houver curiosidade o bastante para isso, ou mesmo uma certa inclinação ou ainda estômago. Mas o maior ponto é a quebra do preconceito que, nos dias de hoje, permite às pessoas experimentarem coisas pela "mera" curiosidade, mesmo que seja para considerar, mais a frente, que aquela "não é a sua"; como o Paulo Coelho.
Essa atitude "desapegada", que encontramos em muitos lugares, ressoa do sexo livre do movimento hippie, dos anos 70, do feminismo e da geração "mais amor do que paz" norte-americana, que nos influencia até hoje. Soma-se a essas quebras a influência dos astros do rock e dos artistas liberais de forma geral, de um Mick Jagger na cama com David Bowie, da Madonna beijando a Britney, da mídia adoradora de sexos alternativos e de escândalos, sempre sedenta por mudanças e revoluções de comportamento... Com a globalização, a TV, a internet... ficou fácil ter referências, quebrar tabus, saber-se "normal"... Todas estas coisas nos aproximaram mais e mais das diferenças. E, de repente, sem uma moralidade rígida, nos vemos convivendo naturalmente com ela. Foram aspectos que levam geração após geração a pensarem mais em suas necessidades sem preconceito e maior aceitação com sua vontades.
Claro, às vezes tudo não passa de puro marketing. Por um lado, marketing pessoal; por outro, um marketing positivo da tolerância e da liberação. E quem também vai ousar dizer que, hoje em dia, não é cult ser bi? Modismo? Sempre um pouco! Mas o fato é que o mundo mudou e ele permite que as pessoas manifestem seus desejos mais livremente. É tempo de aceitação. Afinal, se eu gozar melhor, que mal tem?
O Orkut sacou isso ao não colocar bissexual como uma das possibilidades para orientação sexual, mas sim "bi-curious"; ou "bi-curioso". Faz mais sentido nos dias de hoje.
Como diria a mesma vovó: "Aonde o mundo vai parar?". Se é que para! hehe
P.S: destaquei as partes em que acho explícito um pouco do que eu introduzi antes da reportagem.
terça-feira, 1 de setembro de 2009
calmaria.
domingo, 30 de agosto de 2009
sempre ela:
"Estou sentindo uma clareza tão grande que me anula como pessoa atual e comum: é uma lucidez vazia, como explicar? assim como um cálculo matemático perfeito do qual, no entanto, não se precise. Estou por assim dizer vendo claramente o vazio. E nem entendo aquilo que entendo: pois estou infinitamente maior que eu mesma, e não me alcanço. Além do que: que faço dessa lucidez? Sei também que esta minha lucidez pode-se tornar o inferno humano - já me aconteceu antes. Pois sei que - em termos de nossa diária e permanente acomodação resignada à irrealidade - essa clareza de realidade é um risco. Apagai, pois, minha flama, Deus, porque ela não me serve para viver os dias. Ajudai-me a de novo consistir dos modos possíveis. Eu consisto, eu consisto, amém."
Clarice Lispector
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
sinceramente...
a única diferença disso tudo, é que agora eu já me conformei que eu e você nunca seremos nós. e essa é a parte que continua a doer, mas não tanto como antes. eu tive que racionalizar. questão de necessidade mesmo. eu tive que entender que o ‘nós’, nessa história, fica de fora. que existe sim um 'nós', momentâneo. mas é isso. é do momento. e, se eu quiser ter você mesmo, tem que ser apenas por alguns minutos. em alguns lugares. específicos. e só. eu já sei de tudo isso. já assimilei pensamentos com fatos. e virou tudo real.
a fantasia já acabou. aparece em alguns momentos, naqueles meus momentos em que acho que tudo é possível. em que acho que você vai aparecer aqui na porta de casa, pedir pra eu descer, falar que eu sou o amor da sua vida e que é comigo que você quer ficar. sem medos. sem receios. sem nada.
mas isso acontece normalmente em sonhos. dormindo. acordada. quando eu olho pro nada e me perco ali mesmo. nos pensamentos. e depois eu volto a colocar meus dois pés no chão, pra não cair, e realizo. não é nada disso. é só fantasia.
mas eu ainda te quero. isso eu não vou mais negar. eu ainda sinto você por perto. e ainda quero estar perto. ainda gosto de saber de você. e penso o tempo todo. e me arrepio quando penso e você me liga. ou manda mensagem. porque eu ainda sinto nós dois no mesmo lugar. e sei que a nossa ligação é mais forte do que qualquer uma que já tive. eu ainda penso em te encontrar do nada. em te abraçar e não te soltar nunca mais. em dar beijinhos nos olhos. em pedir pra você sorrir pra mim. e fazer cafuné. e eu me irrito quando todo mundo te vê, menos eu. ou quando estamos no mesmo lugar e não nos vemos. e eu bodeio e você bodeia. sem um saber do outro. é o mesmo movimento, o tempo inteiro.
eu ainda gostaria que as coisas fossem diferentes. sempre penso nisso. nessas horas eu queria ter o tal do controle sobre todas as coisas, sabe? mas eu não tenho. eu só tenho o desejo. e o direito de ficar parada. observando. e esperando.
eu ainda te conheço inteiro. e ainda sei como você vai agir em tais momentos. em outros eu não sei. mas morro de vontade de saber. eu ainda falo de você. todo mundo já cansou, então falo menos. mas, quando não é pros outros, falo pra mim mesma, aqui dentro. ou então pro meu caderno. ou pro blog. ou digito uma mensagem e não mando. só pra matar a vontade de escrever algo e fingir que você leu. e é a mesma música que toca quando você liga. e o mesmo susto que eu tomo toda vez que toca. e a mesma espera no dia seguinte, pra que toque de novo.
o movimento é o mesmo. só a maturidade do sentimento que é outra. a aceitação do “não” concreto. e de todos os obstáculos que eu finjo não saber, mas sei quais são. e as respostas que você não sabe me dar, e eu insisto em pedir.
é tudo igual.
eu e você.
não nós.
e o querer. intacto.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
frio.
ando sem palavras. e isso me assusta um pouco. eu vivo delas. como se me completassem mesmo. e agora elas resolvem sumir.
me sinto – ainda – vazia. o movimento não muda. pulo de um vazio para o outro. como se não houvesse algum lugar cheio pra eu ficar. quieta. ouvindo barulhos. pessoas. sons. vozes. pra preencher esse meu silêncio.
o silêncio que me incomoda. é isso. antes eu falava. um turbilhão de pensamentos me rondava. noites afora. e, agora, só o silêncio. não sei mais o que falar. só repetições. nada realmente novo. e, então, pra não ficar quieta, eu repito. procurando um possível preenchimento do vazio. que não acontece.
não entendo mais o que é tudo isso. bom ou ruim? não sei. a falta de definição me angustia. é necessária. AGORA.
penso - pois preciso pensar - que é um momento mais maduro. aquele momento em que se tem consciência da realidade, mas ela ainda não se encaixa no molde do coração. e daí você corta as rebarbas e redefine o formato, pra ver se encaixa sem machucar.
deve ser isso. não tem outra explicação. sinto falta de quando explodia sentimentos aqui dentro e eu ainda via um caminho cor-de-rosa.
agora vejo os dias como estão. nublados.
me sinto dura por dentro.
e não gosto.
domingo, 23 de agosto de 2009
momento.
Romanticos
Rita Ribeiro
Composição: Vander Lee
Românticos são poucos
Românticos são loucos desvairados
Que querem ser o outro
Que pensam que o outro é o paraíso
Românticos são lindos
Românticos são limpos e pirados
Que choram com baladas
Que amam sem vergonha e sem juízo
São tipos populares que vivem pelos bares
E mesmo certos vão pedir perdão
E passam a noite em claro
Conhecem o gosto raro
De amar sem medo de outra desilusão
(Romântico é uma espécie em extinção)
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
id.entificando.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
consciência.
ele já sabe. sabe que, quando eu pedir carinho, ele não vai poder me dar. não porque não queira. porque ele não consegue resgatar o carinho de dentro.
ele já sabe. sabe que, quando eu quiser olho no olho, ele não vai poder me dar. não porque não queira. porque ele não consegue abrir os olhos sem se mostrar inteiro. e tem medo de aparecer.
ele já sabe. sabe que, quando eu quiser batimentos mais fortes, arritmias por mim, ele não vai poder me dar. não porque não queira. porque ele tem medo de fazer bater e ter uma parada cardíaca.
ele já sabe. sabe que, quando eu quiser amor numa terça-feira chuvosa, ele não vai poder me dar. não porque não queira. porque ele tem medo da chuva molhar o que ele luta em proteger.
ele já sabe. sabe que não consegue. sabe que é maior do que ele mesmo. sabe que pulsa forte demais.
eu sei que ele sabe. soube agora. soube sempre.
eu já sei. sei que ele não consegue. sei da metade. vejo o todo.
mas o todo não é meu. só metade. meio coração.
pra um bocado de sentimento.
hoje sei.
e me machuca.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
prazer, amor.
e, então, se o amor parece difícil de se construir, é descartado. e, então, se aquela pessoa não é perfeita, como você achava que era, é descartada. e, então, se você acha que existe alguém melhor do que a pessoa que está ao seu lado, a descarta. e, então, se seu amigo cometeu um erro, como todos os seres humanos cometem – inclusive você -, é descartado.
tudo muito fácil. lá fora.
e tudo parece muito difícil. aqui dentro. porque não acontece assim para os românticos. como eu. descartar o amor é impossível. qualquer formato dele. eu digo pros meus amigos: vocês vão jogando fora o amor e eu vou recolhendo atrás. pego tudo. guardo num potinho. cuido dos machucados. conserto os quebrados. admiro os que estão bem. e daí, quando eu vejo alguém descrente, abro o potinho, pego um lá de dentro e entrego pra pessoa. presente. mas a pessoa vai lá, usa, abusa, desiste e joga fora. de novo. e eu recolho. mais uma vez.
parece fácil lá fora. para os românticos. como eu. mas, na verdade, é bem difícil. porque, lá fora, está todo mundo sozinho. tudo está sempre vazio. e as pessoas não percebem. e, se percebem, não aceitam. é muito mais fácil a descrença no amor. pra elas. descartar antes de ser descartado. desacreditar, antes que seja “tarde” demais.
é muito fácil aqui dentro. para os românticos. como eu.
eu não estou sozinha. tenho potes e potes de amor comigo.
me fazendo companhia.
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
in. pulso.
domingo, 16 de agosto de 2009
aquilo que não se vê.
não me promete nada, por favor. as promessas geram expectativas e as expectativas se tornam cobranças. e aí tudo fica chato.
me pega de surpresa. isso. eu adoro surpresas. o inesperado me devora toda. e eu adoro cada segundo seguinte que se segue de surpresas e novidades.
não diz que não vai me deixar. porque eu acredito. toda vez é assim. quando eu me apaixono tudo parece a mais pura verdade. e eu não quero me decepcionar. então só me diz que você é meu HOJE. e eu sou sua. pra sempre. sem que você saiba, mas já sabendo. aquela coisa engraçada, sabe?
passa as mãos nos meus cabelos e desliza pro meu rosto. eu adoro quando fazem isso. me sinto bonita. vai entender... só sei que me sinto. bonita e segura. mas faz tudo isso olhando nos meus olhos. sem falar nada.
agora me beija. com delicadeza. como se cada segundo fosse uma eternidade e como se o tempo fosse só nosso. e, então, vai mudando o ritmo e a intensidade. e me devora e me aperta em você. toda. no seu corpo. como se você não fosse me largar nunca mais.
e diz então, de novo, que é louco por mim.
e me ama. e eu te amo.
sem querer, querendo.
sem saber, sabendo.
pra sempre.
sábado, 15 de agosto de 2009
cansada.
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
desejo latente.
Queria um abraço bem apertado. De alguém que sentisse borboletas no estômago por mim. De alguém que me olhasse com os olhos brilhando e que, por alguns instantes, se perdesse e se transportasse pra perto de mim. Que nem a Pitty diz. Que me equalizasse numa seqüência que só a gente soubesse. Que tivesse meu manual de instruções.
Queria alguém que só aceitasse a condição de me ter só pra ele, como o Marcelo Camelo. E que gostasse tanto de mim, que preferisse esconder - mas só por alguns instantes -, que nem o Lulu. Alguém que, caso desse alguma bobeira e discutíssemos, me procurasse em outras pessoas e não conseguisse, igual o NxZero. E que sempre lembrasse do meu jeito, assim como o Chimarruts. E que apertasse o 12, que é o meu andar, pra continuar uma conversa que ainda não terminamos, sem ser a Cássia Eller.
Eu queria uma pessoa assim. Várias melodias e letras e músicas misturadas, transformadas em alguém só pra mim.
...
E a única coisa que ouço over and over again é: eu estava aqui o tempo todo, só “você” não viu...
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
para-lelo.
Eu sou assim também, ponto.
Pra mim, as nuvens são algodão doce. Morro de vontade de dar o maior pulo do mundo e pegar um pedaço pra experimentar. Juro. Ou então, abrir a janelinha do avião e esticar o braço pra ver se alcanço. Pra mim, eu vou um dia conseguir alcançar o céu. E, tudo lá de cima será visto da mesma cor: azul. Pra mim, existe uma história bonita e com final feliz, daqueles: “e viveram felizes para sempre”. E existe alguém que vai me amar igual, sem mais nem menos. Pra mim, o dinheiro nem compra a coisa mais importante do mundo. Aliás, nesse meu mundo paralelo, nem existe dinheiro. Não faz sentido o dinheiro lá. Não sei porque, mas não faz. Pra mim, as pessoas deveriam andar com coraçãozinhos nos olhos, toda vez que estivessem apaixonadas. Ia ser bonito.
E daí, quando eu saio desse mundo paralelo, porque, INFELIZMENTE, eu sou obrigada a pisar um pouco no chão, vem um monte de gente pra mim, falar que ser racional é mais legal. Que ser emocional é para os fracos. E eu não entendo nada. Dos outros. Onde existe beleza e felicidade na racionalidade? Eu não sei. Talvez seja mais fácil. Mais cômodo. Mais eficaz pra viver em “paz”. Isso eu concordo. Mas quem disse que ser fácil é bom? Quem disse que comodismo é tendência?
Eu visto máscaras pra tentar me mostrar um pouco igual. Porque eu cansei de ouvir que não vai dar certo, sabe? Eu cansei de pessoas falando que eu tenho que ser emocionalmente mais adulta e me abrir pras possibilidades que eu não vejo como tais. Daí eu finjo tal maturidade. Pra viver na minha paz. Pra poder continuar entrando, toda vez que acho justo, no meu mundinho paralelo. E pra não deixar de acreditar que realmente as nuvens são doces. Assim como todo resto desse meu mundo.
sintonia.
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Mas é que hoje, diferente dos últimos dias, eu resolvi acordar pensando. Porque dormi pensando. E sonhei lembrando, querendo, pedindo. Porque os sonhos eu não controlo. Nos sonhos eu sou Bruna mesmo. Inteira. Aberta. Não dá pra fingir. E o dispositivo quebra. Simplesmente para de funcionar. E o maxilar acorda doendo. Porque é tanta vontade de ser aquilo e de viver aquilo tudo, que eu mordo e aperto, como se, caso eu fizer mais força e morder com mais intensidade, eu vou acordar e vai ser tudo lindo. Mas eu acordo e nem é tudo lindo e simples. A complexidade toda vem à tona.
E eu puxo a minha máscara da negação, coloco no rosto, aperto o dispositivo imaginário e finjo que não me importo. Só pra ser igual a todo mundo. Só pra fingir ser superficial.
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
vai.
a gente complica tudo. sempre. a todo instante. é simples. segue seus instintos. faz e acontece. não pensa. só faz. cada vez que a gente pensa, aparece uma pergunta. e daí tem aquilo que a Clarice fala: que a cada resposta de uma pergunta, surgem outras milhares de perguntas. nada tem uma resposta final. nada.
então não pergunta. só faz. se entrega e tenta. pra que ter medo? pra que pensar em todas as possibilidades do ‘sim’ e do ‘não’? são muitas as possibilidades. o tempo inteiro. rondando. boicotando o desejo. a vontade. o querer. só faz. chega perto e faz. e daí se der errado? senta, chora, levanta a cabeça e faz diferente. ou, se der vontade, faz igual. outra e outra e outra vez. chorar faz mal? não faz. e, se fizer? não é pra sempre. depois tem o riso. o choro só antecede um sorriso e um riso. depois volta tudo a ser como antes. ou diferente.
se joga. se dá. mete as caras. não espera. não esperE. nada. ou espere. pouco. e, se esperar muito, alguém te fala depois que nem é tudo isso. não reflete muito. não mede as conseqüências. a vida é cheia delas. o tempo inteiro. parado ou em movimento. então se mexe. agita. não para. conhece. re-conhece.
a vida é simples. ta aí, semi-pronta e semi-entregue. nas nossas mãos. e daí vem a nossa cabeça e todos os pensamentos e estraga tudo. o instante todo. a simplicidade que é viver, respirando. e aproveitar cada oportunidade. na nossa frente. pra gente SER.
instantes.
Se eu pudesse escolher entre a certeza de todas as coisas e o inesperado, definitivamente eu escolheria o inesperado. Meu coração sempre bate mais forte quando eu não tenho certeza de nada. Se não é a adrenalina, não é vida. Mesmo. O fato de sentir meu coração pulsar é tudo o que basta pra mim. É amor, entende? Não o romântico e só ele. É qualquer tipo de amor. É só o coração bater forte que eu já sei que é amor. E daí, nada mais me importa.
O inesperado pra mim também é amor.
Será que alguém me entende?
I'm back.
Voltei. Não sei por quanto tempo. Nem sei ao certo porque essa vontade toda, agora. Não quero exposição, apesar de saber que de fato isso irá acontecer.
Eu só quero explodir.
Só.